24 de dez. de 2009

CAMPEÃ JUVENIL ATÉ 8 BAIXOS DO III FESTOARTE MARIANINHA Estranho Sentimento


Os festivais promovidos no sul do Brasil, seja pelos tradicionalistas ou pelos nativistas possuem, de fato, algo meritório. A prática da "gaita - ponto" - instrumento atualmente considerado em extinção, é estimulada pelos festivais, veículos não apenas de premiação, mas também, de veiculação e consagração de novas expressões.
O que particularmente me chamou a atenção em Mariane Francescon, é o seu approach interpretativo, com um sutil trabalho dinâmico, cheio de crescendos e diminuendos, o controle do fole, movimentos curtos e expandidos, e a preocupação especial com a sonoridade, menos o virtuosismo relacionado à andamento.
Bom trabalho!

JINGLE BELLS - LUIZINHO CALIXTO


Em tempo de comemorações natalinas, inevitável tentar escapar de Jingle Bells e de todo o repertório que acompanha os festejos natalinos. Neste caso, até que cai bem tentar esta versão de Jingle Bells por Luizinho Calixto.
Um bom natal à todos...

video postado originalmente por Fulô da maravilha, no youtube

21 de dez. de 2009

MIGUEL JANUÁRIO DA COSTA

Respostas - missa em homenagem à Luiz Gonzaga


Fico muito feliz, quando alguma pergunta lançada neste blog é respondida através da participação de leitores. Como o caso recente, em que o amigo José Lobo do Nascimento me escreveu, primeiramente agradecendo o comentário que eu havia tecido sobre um video do Youtube, em que aparece um sanfoneiro de 8 baixos que eu desconhecia, chamado Miguel Januário da Costa. Na ocasião( 19 de Outubro de 2009), escrevi o seguinte comentário: " Sempre me encanta descobrir um novo mestre da sanfona. E o youtube, enquanto canal de difusão de vídeos que independe, em certo sentido, de uma relação de atravessadores culturais, permite uma circulação mais ampla do que aquela imposta pelas antigas leis de restrição mercadológica. A cada dia que passa, surgem nomes restritos a estreita circulação local, aonde trafegam anonimamente. Este senhor Miguel Januário da Costa é um destes.Neste video, postado por José Lobo Januário, fiquei a indagar sobre o lugar - aonde foi gravado, os sanfoneiros - há momentos em que há 3 ou 4 deles, e em que circunstância - foi um encontro casual ou programado? Quais são ( e de quem são) as músicas que tocam.Enquanto não tenho as respostas, vou curtindo este forró...
Passado algum tempo, recebo uma resposta por e-mail, no dia 13 de Dezembro, de José Lobo do Nascimento, agradecendo ao comentário, e me fornecendo algumas informações, que transcrevo a seguir: obrigado pelo seu comentário sobre Miguel Januário da Costa e seu irmão, Joaquim Januário da Costa. Este video foi gravado por mim, em 02 de Agosto de 2009, na Calçada da Igreja Matriz de Juazeiro do Norte. è que neste dia, é a celebração da missa em homenagem à Luiz Gonzaga, onde se encontram muitos sanfoneiros da região. Mesmo havendo missa em todas as cidades vizinhas, os sanfoneiros se dividem, para fazer presença em várias cidades, no mesmo dia e na mesma hora: 19 hs.
Nós fazemos parte da familia Januário. Miguel e Joaquim chamam a atenção de muita gente, pois eles, tanto Miguel como Joaquim, tocam a sanfona dos 8 aos 120 baixos. Ambos são roceiros, e residem no Sitio Poço, vizinho à Vila Valença, no Sitio de Caririaçu, no estado do Ceará.


Não sei se propositalmente ou por coincidência, a resposta do amigo José Lobo, veio no dia de aniversário de Gonzaga, 13 de dezembro, e a relação daquele vídeo, sendo o relato visual de uma grande homenagem anual ao rei do Baião, me conduz, mais uma vez, a refletir na influência deste mestre na música nordestina do século XX. Todos os sanfoneiros nordestinos que já conheci - dos 8 aos 80 baixos, são unânimes em afirmar a influência decisiva de Gonzaga na afirmação de suas carreiras.
A própria sanfona de 8 baixos - objeto central deste blog, provavelmente não teria a expressão que tem, caso a música "respeita Januário" não houvesse se tornado um grande êxito no ano de 1952, relatando ao grande público a importância deste instrumento na prática musical interiorana, constituindo a "raíz" da musicalidade Gonzagueana, e possibilitando que sanfoneiros de 8 baixos como Gerson Filho, Severino Januário (irmão de Gonzaga), Abdias, Zé Calixto, Geraldo Correia e Arlindo, entre tantos outros nomes, se profisiionalizassem.
Outra questão que me ocorre, é a dimensão humana deste mestre generoso - pois um rei que se torna rei empunhando uma sanfona, e não uma espada, possui, de fato, algo especial. Me refiro aos inúmeros relatos da generosidade espalhada pelos sertões de Gonzaga, auxiliando sanfoneiros menos remediados a obter instrumentos melhores, e ajudando - os, muitas vezes, a construir suas carreiras profissionais. Entre estes, sem dúvida o caso mais relatado é o de Dominguinhos, pobre menino de Garanhuns, que tocava nas feiras com os seus familiares, que Gonzaga assistiu em frente ao hotel onde estava hospedado, prometendo - lhe, quando fosse ao Rio de Janeiro, que lhe daria uma sanfona. Algum tempo depois, eis que Dominguinhos foi, com seu pai, à casa de Luiz Gonzaga, que cumpriu a promessa... A história restante é conhecida, e é apenas uma entre muitas.
Mas, voltando aos sanfoneiros Miguel e Joaquim, escreverei futuramente mais detalhes sobre estes sanfoneiros, pois o amigo José Lobo, que por sinal é um eximio violonista, me forneceu raras gravações, com as quais pude verificar toda a capacidade e talento musical destes dois irmãos...o que constata, que há muitos sanfoneiros que ficaram circunscritos à localidades interioranas, distantes dos estúdios de gravação das grandes cidades. Mas estes também são peças fundamentais para contar - se a história.

15 de dez. de 2009

Hermeto Pascoal e a sanfona de 8 baixos

Olá amigos, abaixo transcrevo um texto que escrevi sobre a relação de Hermeto Pascoal com a sanfona, que foi publicado originalmente no blog forróemvinil.

*texto escrito pelo Léo Rugero.

Hermeto Pascoal nasceu em 22 de junho de 1936, no município de Lagoa da Canoa, que na época ainda era um distrito de Arapiraca, no estado de Alagoas. Filho de Pascoal José da Costa (Seu Pascoal) e Vergelina Eulália de Oliveira (Dona Divina).
Sobre a sua infância, o próprio Hermeto relata histórias muito curiosas. Suas lembranças denotam um menino que trazia consigo um dom especial, uma aguda sensibilidade para os sons. Assim, desde ferros, penicos, sons dos animais, das águas, o vento, as trovoadas, pessoas falando ao longe… para Hermeto, desde o início tudo era som. “Quando eu tinha sete para oito anos, meu avô (…) era ferreiro. Meu avô jogava fora os pedaços de ferro que sobravam. Eu pegava e escondia na dispensa da minha casa. Escondia para fazer som.”
Ou ainda, descrevendo outra faceta de seu avô: “Ele também consertava penicos. Quando ele consertava os penicos, eu batia para ver o som.”
Seu primeiro instrumento foi possivelmente uma flauta de mamona que ele mesmo construiu. Com a mesma curiosidade, tem a sua primeira instrução musical participando do folclore local, como os Reisados . Conta o próprio Hermeto, que auxiliava na confecção de fantasias.
Devido ao fato de ser Albino, era poupado do trabalho árduo de uma família de camponeses, no sol escaldante do agreste. Então, foi nos momentos de refúgio, aos meio-dias, à sombra das copas das árvores, ou na quietude do lar, que foi desenvolvendo sua musicalidade incomum.
A sanfona de 8 baixos foi uma herança que Hermeto, bem como seu irmão mais velho, José Neto, receberam do pai, Seu Pascoal. Quando ele se ausentava de casa, os dois meninos costumavam pegar escondida a sanfona que ficava guardada debaixo da cama no quarto de seus pais. Hermeto conta que, certa vez, seu pai chegou a casa e ouviu o som da Sanfona. Perguntou à esposa, Dona Divina, se o seu irmão que estava tocando. Ela, no entanto, respondeu que eram os meninos. Quem diria aqueles dois meninotes já estavam tocando mais que o velho Pascoal, afamado sanfoneiro das redondezas. Com isso, Hermeto, junto ao irmão Zé Neto, ganhou seu primeiro instrumento musical, uma Sanfona de 8 baixos.
Fora a música folclórica e os sons do ambiente em que vivia aliado à curiosidade de Hermeto em tirar som de todos os objetos possíveis, eis que surge uma nova influência muito marcante em sua formação musical: a música de Luiz Gonzaga, “O rei do baião”. Ao que parece, Gonzaga foi de influência avassaladora no Nordeste dos anos 40, não só do ponto-de-vista musical, bem como em relação à estima dos jovens prodigiosos do sertão, distante das rádios, que na época, eram o veículo obrigatório aos músicos que desejassem se profissionalizar. No entanto, o rádio nem mesmo havia chegado à Lagoa da Canoa.
“Na nossa época, o ídolo nosso era o Luiz Gonzaga. (…) os sanfoneiros (…) aprendiam as músicas (…) na cidade grande, em Arapiraca, em Maceió, e eles aprendiam um pedaço de cada música. Ninguém sabia uma música inteira, porque ninguém tinha vitrola. (…) Gramofone na feira, o cara levava um (…) e cobrava para rodar um disco de Luiz Gonzaga. Então, não dava tempo nem de decorar uma música toda.”
E aos poucos, o jovem Hermeto e seu irmão Zé Neto, são requisitados para tocar nos bailes populares (festas de pé-de-pau), casamentos, batizados, feiras, circuito obrigatório, escola dos tradicionais sanfoneiros nordestinos. “A festa de pé-de-pau é aquela festa feita ao ar livre que nós chamamos agora de pé-de-serra. (…) eles enfeitavam as árvores, mas na hora do baile mesmo, aí era pra dentro de uma casa.”
No repertório, canções folclóricas e músicas de Luiz Gonzaga, onde os dois meninos, Hermeto e Zé Neto, se revezavam entre a sanfona e o pandeiro. Animando estas festas, começava a carreira do gênio musical que anos mais tarde deixaria sua forte impressão digital registrada na música brasileira.
Mas Hermeto, que era conhecido na vizinhança por “Sinhô”, começava a chamar a atenção pela maneira peculiar como manejava a sua Sanfona de 8 baixos. E alguns comentavam com o seu Pascoal, pai de Hermeto: - ‘Seu Pascoal, não sei, sabe, o “Sinhô” é doido. (…) Ele ta tocando uma música, tá tão bonita, de repente ele faz um negócio lá que agente não entende. O Zé Neto toca mais simples…’A marca indelével de sua singularidade musical já começava a dar os seus primeiros sinais.
Desta época, Hermeto descreve um episódio no mínimo curioso. O menino Hermeto, com seus oito para nove anos, estava tocando sua sanfoninha de oito baixos na rua, e passou um homem, um desconhecido, que lhe pediu para tocar uma determinada música. Hermeto então respondeu: - Eu não sei não, seu moço. Não conheço essa música não! O moço então lhe disse: - Olha menino, eu só vou dar uma rodada. Quando eu voltar, se você não tocar a música, eu vou cortar o seu fole no meio. Hermeto, que como ele mesmo assume, “era um menino atrevido”, desafiou o desconhecido, dizendo: - Corta meu fole ao meio, corta que eu quero ver! Foi que o homem pegou a peixeira e atravessou o fole ao meio, deixando Hermeto com uma parte da sanfona em cada mão. Mais tarde, Seu Pascoal vendeu mais uma vaca para comprar uma sanfona com uma quantidade maior de baixos, por sugestão de um vizinho. Então, Zé Neto fez a longa travessia de Lagoa da Canoa à Maceió, para buscar a sanfona. Uma sanfona preta de 32 baixos. Com um mês já estávamos arrasando, tocando tudo que tinham direito, conta Hermeto.

De Lagoa da Canoa para o mundo
Mais tarde, já um adolescente, Hermeto muda-se para Recife, em Pernambuco, onde através do acordeonista Sivuca, ele e o irmão Zé Neto são contratados pela Rádio Tamandaré. No entanto, naquela altura, em 1955, Sivuca estava prestes a ir para o Rio de Janeiro tocar na Rádio Tupi, fazendo com o trio de albinos “O mudo pegando fogo” que seria formado por Hermeto, Zé Neto e Sivuca deixasse logo de existir. Deste modo, sendo Hermeto também um bom pandeirista, passou a ser sempre escalado para esta função na rádio, embora sempre tivesse esperanças de tocar a sanfona. Neste momento, Hermeto conhece Jackson do Pandeiro, que lhe dá um bom conselho: - ‘não toque pandeiro porque você nunca vai ser um pandeirista, e tem tudo para ser um grande sanfoneiro. Não fale nada, mas bote pé firme e não toque pandeiro.’ Em seguida, convocaram novamente para que Hermeto se apresentasse como o Sivuquinha do Pandeiro, ao que ele recusa com veemência. Resultado: 15 dias de suspensão para Hermeto e seu irmão, Zé Neto. Depois, Hermeto é transferido para uma sucursal em Caruaru e Zé Neto para Garanhuns.

Em Caruaru, Hermeto passa a dedicar-se quase exclusivamente ao acordeon, objetivando melhores trabalhos. No ano seguinte, eis que surge Sivuca em Caruaru, e foi tocar na rádio em que Hermeto trabalhava. No momento em que regia um conjunto numa apresentação, o acordeonista lhe desperta a curiosidade. Pergunta quem é o albino e lhe dizem que era um refugo da rádio da capital. Sivuca, que já era um músico respeitado e influente no Nordeste, promoveu um aumento de salário para Hermeto, convencendo os diretores da rádio que caso não aumentassem o ordenado do sanfoneiro albino, perderiam um ótimo músico. Dito e feito, batido o martelo, com o novo ordenado Hermeto pagou algumas dívidas e comprou um acordeon de boa qualidade.
Com este instrumento, participaria do disco “Batucando” com o Regional de Pernambuco do Pandeiro, em 1958, já no Rio de Janeiro. Logo em seguida, torna-se pianista da noite, acompanhando músicos como Fafá Lemos e através deste instrumento começa a consolidar a sua carreira.
Nos anos 70, Hermeto se consagra como um ícone da musica instrumental brasileira, combinando de forma singular a tradição de estilos musicais como o forró, o choro e a bossa-nova com improvisação jazzística e ousado experimentalismo, num rico caldeirão onde há espaço para todos os sons que povoam o rico universo de sua existência.

Sanfona de 8 baixos
Somente no final da década de 90, em seu álbum “Eu e eles”, que Hermeto gravaria seu primeiro solo de sanfona de 8 baixos, com a gravação de “Vai um chimarrão, tchê?”, bela homenagem ao gaiteiro gaúcho Renato Borguetti. A sanfona então ressurge no trabalho de Hermeto, tanto em gravações como nas apresentações ao vivo. No álbum, “Rapadura e chimarrão” gravado ao lado da esposa, a cantora Aline Morena, Hermeto repete a dose, só que de maneira mais generosa, e registra diversas músicas com a sanfona.

Baile Sanfonado, é um estudo de independência rítmica entre as duas mãos. Enquanto a mão esquerda executa um baixo obstinado, a mão direita desliza livremente sobre os botões. Garrote é uma composição originalmente gravada no disco ‘Festa dos Deuses’, e nesta adaptação de Hermeto, ganha vivacidade em andamento, rápida como um raio, escrita no compasso de sete tempos, incomum na prática musical brasileira. Em Baile de candieiro, Hermeto visita o ritmo ternário da rancheira de Albino Manique e Sérgio Napp, ao estilo da gaita-ponto gaúcha, transgredindo fronteiras territoriais.
Nas suas apresentações ao vivo, Hermeto tem se utilizado deste repertório notável, além de peças ainda não registradas em estúdio como ‘Forrozão dos 8 baixos’, um autêntico forró instrumental, com frases construídas em grupos de semicolcheias, que não difere em clima e agilidade dos forrós clássicos de mestres da sanfona de 8 baixos como Gerson Filho, Abdias e Zé Calixto.
Embora ainda seja uma obra pequena que tenha sido registrada, já deixa provas da contribuição do “bruxo” à Sanfona de 8 baixos no cenário internacional, apresentando variados recursos expressivos, e conciliando a tradição musical nordestina do fole de 8 baixos com a idiossincrática inventividade que sempre caracterizou o trabalho de Hermeto Pascoal.

DONA GRACINHA E SUA SANFONA NO CAFÉ DA RUA 8 DA ASA NORTE DE BRASÍLIA-DF- BRASIL

O cenário da sanfona de 8 baixos se consolidou como eminentemente masculino. Exceção à regra, Chiquinha Gonzaga, irmã de Gonzagão, que, ainda assim, não assumiu a carreira de solista, desenvolvendo - se mais como intérprete e cantora. Em 1979, o selo Esquema, lançou um álbum intitulado "Elza Maria - a princesinha dos 8 baixos", mas, ao que parece, e não estou completamente certo disso, Elza Maria era apenas um nome de fantasia, como era muito comum na época: as gravadoras registravam o trabalho de um determinado sanfoneiro, e este assinava um contrato de liberação de direitos autorais, recebendo apenas o cachê de gravação. Muitos sanfoneiros se submeteram a este "esquema"...
O que me chamou a atenção neste vídeo não foi tanto a interpretação musical em si, mas o fato, que há uma sanfona de 8 baixos bem tocada, costurando a música, com trechos melódicos e acordes e tocada por uma senhora - Dona Gracinha. Uma rara solista de 8 baixos!

12 de dez. de 2009

Encontro de sanfoneiros de 8 baixos em São Miguel Paulista

http://www.fundacaotidesetubal.org.br/ftas/site.php?mdl=noticias&op=lernoticias&id=179

Transcrevo abaixo, uma matéria não assinada, que consta no site da Fundação Tide Setúbal. Vale a pena ler, pois se refere à pratica de 8 baixos em São Miguel Paulista - SP.

28/10/2009
Encontro homenageia sanfoneiros de 8 baixos de São Miguel Paulista
Promover o conhecimento e reconhecer os sanfoneiros de 8 baixos como expressão artística e cultural em São Miguel Paulista. Esse foi o objetivo do 2º Encontro de Sanfoneiros, realizado no Galpão de Cultura e Cidadania pela Fundação Tide Setubal em parceria com a Associação Amigos do Jardim Lapenna.
Segundo Tião Soares, coordenador de cultura da Fundação Tide Setubal, “São Miguel é um dos poucos lugares onde esta manifestação ainda resiste. Tocar sanfona de 8 baixos é uma modalidade rara, pois apenas autodidatas tocam esse tipo de instrumento”.
Uma das ações para mostrar à comunidade como a sanfona é um instrumento fundamental para a cultura popular do país foi a exibição do documentário O Milagre de Sta. Luzia, uma viagem pelo Brasil que toca sanfona, do diretor e cineasta Sérgio Roizenblit. Estrelado por Domiguinhos, o filme é uma viagem de norte a sul, contando as histórias e influências de diversos sanfoneiros.
Entre os espectadores, estava Salviano Rolim, um paraibano que está em São Paulo desde 1986 e tem como uma de suas paixões o forró. “Foi magnífico assistir este documentário, uma volta às origens, pois nasci naquele lugar...eu viajei, me emocionei, não tenho palavras”, contou ele ao final da exibição.
Outro ponto alto do evento foi a apresentação dos artistas da sanfona. Participaram do encontro, Diva do 8 baixos, Pé Duro dos 8 baixos, Willian dos 8 baixos, Raimundo dos 8 baixos, Teotônio dos 8 baixos, Gil Sanfoneiro, Grupo Virada Paulista, Sacha Arcanjo e a Orquestra Sanfônica de São Paulo. “Para mim é muito importante tocar sanfona e alegrar o público. Eu nunca aprendi a dançar forró, mas fico orgulhoso por fazer outras pessoas dançarem”, confessou Gilvanildo Severino da Silva, também conhecido como Gil Sanfoneiro.
Além de animar os presentes, o forró os ajudou a matar a saudade da terra natal. “O forró representa o nordeste, eu nunca esqueci e nunca perderei o gosto por essa cultura”, disse Paulo Nonato Honório, piauiense e morador do Jardim Lapenna, enquanto acompanhava o som da sanfona.
No cardápio
As comidas típicas do Nordeste também fizeram parte da programação. No cardápio variado bolinho de mandioca com carne seca, tapioca, cocada, bolo de aipim, baião de dois, entre outras especialidades.
A noite de calor também foi um momento de alegria para as alunas da Oficina Escola de Culinária Jardim Lapenna. “Eu e minhas colegas de curso estamos muito felizes com os resultados de hoje e não pretendemos parar por aqui. Essa foi a nossa primeira experiência, mas esperamos participar de outros eventos, pois nós somos capazes e temos muita garra, somos unidas, somos uma nova família”, discursa Sônia Maria Aparecida de Souza, uma das alunas da oficina.
Saiba mais sobre a Oficina Escola de Culinária
Além da barraca organizada pela Oficina Escola de Culinária Jardim Lapenna, os convidados também puderam apreciar os deliciosos pratos das barracas organizadas pela Associação Amigos do Jardim Lapenna.
(Fotos: Verônica Manevy)

fonte:

Hoje, às 22 hs, no Centro de tradições nordestinas - Feira de São Cristovão, apresentação de Zé Calixto e banda, em comemoração à mais um ano do nascimento de Luiz Gonzaga.

6 de dez. de 2009

Luizinho Calixto na Miranda Moveis


Postado originalmente no Youtube por Moacordeon. Luizinho interpretando "Baião da Serra Grande" do gaitista Fred Williams. Esta música também foi gravada por Luizinho em seu último álbum solo, "A discoteca do Calixto", lançado em 2008.

25 de nov. de 2009

Truvinca


Truvinca, mestre da sanfona de 8 baixos, interpretando "forró pra frente" de Dominguinhos e Anastácia. Filmado por Leo Rugero na residência de Truvinca, no dia 18 de novembro de 2009.

24 de nov. de 2009

colóquio

Aos amigos do Rio de Janeiro, convido à todos para o colóqio de pesquisa do programa de pós-graduação em música da UFRJ. Hoje, dia 24 de novembro, entre as 14 e 16hs, serão realizadas comunicações de trabalhos em andamento na área da etnomusicologia. Na ocasião, estarei apresentando o artigo "Com respeito aos 8 baixos: a sanfona de 8 baixos na região nordeste - uma reflexão etnomusicológica sobre a consolidação do espaço profissional e o conflito no processo de autonomização".
Abaixo, mais detalhes sobre o coloquio.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
Escola de Música
Programa de Pós-Graduação em Música
9º COLÓQUIO DE PESQUISA
23 e 24 de novembro de 2009
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Reitor: Aloisio Teixeira
Centro de Letras e Artes
Decano: Leo Soares
Escola de Música
Diretor: André Cardoso
Vice-Diretor: Marcos Vinício Nogueira
Programa de Pós-Graduação em Música
Coordenador: Marcos Vinício Nogueira
Setor de Ensino de Graduação
Diretor Adjunto: Roberto Macedo
Setor de Licenciatura
Coordenadora: Regina Meireles
Setor Artístico
Diretor Adjunto: Eduardo Biato
Coordenadora do 9º Colóquio: Maria Alice Volpe
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
Escola de Música
Programa de Pós-Graduação em Música
9º COLÓQUIO DE PESQUISA
23 e 24 de novembro de 2009
PROGRAMAÇÃO
CONFERÊNCIA DE ABERTURA (23 NOV, 2ªf, 10h-12h, CONGREGAÇÃO)
Título da conferência: From polymodal chromaticism to symmetrical pitch construction in the musical language of Villa-Lobos and his contemporaries
[Do cromatismo polimodal à construção simétrica das alturas na linguagem musical de Villa-Lobos e seus contemporâneos]
Conferencista: Prof. Dr. Elliott Antokoletz (Universidade do Texas-Austin, E.U.A.)
Mesa de debatedores: Prof. Dr. Ricardo Tacuchian (Uni-Rio), Profa. Dra. Carole Gubernikoff (Uni-Rio) e Prof. Dr. Paulo Peloso (UFRJ).
Mediadora: Profa. Dra. Maria Alice Volpe
SESSÃO 1: EDUCAÇÃO MUSICAL (23 NOV, 2ªf, 14h-16h, SALA 33)
Coordenadora: Profa. Dra. Regina Meireles
Título do Trabalho: Extensão: espaço para produção e intercâmbio de conhecimentos
Autores: Fábio do Carmo de Sá e Maria José Chevitarese
Orientadora: Profa. Dra. Maria José Chevitarese
Título do Trabalho: Hindemith x Scliar: Breve reflexão sobre ritmo na teoria elementar da música
Autora: Cristine Marize Lima Branco
Orientador: Prof. Dr. José Alberto Salgado e Silva
Título do Trabalho: Avaliando a Escola de Música de Manguinhos – RJ, através das diferentes perspectivas dos envolvidos
Autora: Lya Celma Pierre de Moura
Orientadora: Profa. Dra. Vanda Lima Bellard Freire
Título do Trabalho: Concepções e desafios da música na educação infantil: da formação profissional à prática pedagógica
Autora: Priscila Lutz
Orientador: Prof. Dr. Sergio Pires
SESSÃO 2: PRÁTICAS INTERPRETATIVAS (24 NOV, 3ªf, 9-12h, SALA 33)
Coordenador: Prof. Dr. Marcelo Verzoni
Título do Trabalho: Te Deum Puerorum Brasiliae de Edino Krieger: análise estrutural motívica aplicada ao gestual da regência
Autora: Danielly Souza
Orientadora: Profa. Dra. Maria José Chevitarese
Título do Trabalho: Quem canta reza duas vezes: o hibridismo cultural no Te Deum de Ernani Aguiar
Autor: Ciro José Tabet
Orientadora: Profa. Dra. Maria José Chevitarese
Título do Trabalho: A influência do canto coral infantil no padrão de técnica vocal da cantora lírica.
Autora: Hélida Lisboa Mendes
Orientadora: Profa. Dra. Maria José Chevitarese
Título do Trabalho: A Influência da Música Vocal nas Sonatas para Piano de Beethoven
Autora: Marianna de Lima Ferreira Pinto
Orientadora: Profa. Dra. Miriam Grosman
Título do Trabalho: A diversidade e inovação harmônica na obra de Franz Liszt
Autor: Magno Caliman Sposito
Orientador: Prof. Dr. Paulo Peloso
SESSÃO 3: MUSICOLOGIA (24 NOV, 3ªf, 9h-12h, SALA 31)
Coordenador: Prof. Dr. Sérgio Pires
Título do Trabalho: Listagem e cronologia das modinhas de Joaquim Manoel
Autor: Marcelo Fagerlande
Título do Trabalho: Datação: composição e escrituração
Autor: Adler dos Santos Tatagiba
Orientador: Prof. Dr. Marcelo Fagerlande
Título do Trabalho: A Produção para Mágicas de Chiquinha Gonzaga, um estudo social (Rio de Janeiro e Lisboa, 1870-1935).
Autores: Renata Constantino Conceição e Fábio Pereira de Paula
Orientadora: Profa. Dra. Vanda Lima Bellard Freire
Título do Trabalho: O Arquivo de José Carlos Ligeiro
Autor: Adler dos Santos Tatagiba
Orientador: Prof. Dr. Marcelo Fagerlande
Título do Trabalho: Conflitos da musicologia em crise
Autor: Adler dos Santos Tatagiba
Orientador: Prof. Dr. Marcelo Fagerlande
Título do Trabalho: Identidade e Interdisciplinariedade em quatro textos selecionados
Autor: Cyro Delvizio
Orientadora: Profa. Dra. Márcia Taborda
SESSÃO 4: ETNOMUSICOLOGIA (24 NOV, 3ªf, 14-16:30h, SALA 31)
Coordenadora: Profa. Dra. Regina Meireles
Título do Trabalho: Ensaio sobre música, religião e ritual e seus desdobramentos na música de um grupo selecionado para a pesquisa
Autor: Manuelai M. M. Camargo
Orientadora: Profa. Dra. Regina Meireles
Título do Trabalho: Canção e investimento em valores sociais entre os descendentes da Quarta Colônia de Imigração Italiana /RS.
Autor: Lucas Rodrigues Piovesan
Orientadora: Profa. Dra. Regina Meireles
Título do Trabalho: A favela, o terceiro setor e a etnomusicologia: Uma análise teórica para o estudo de caso sobre a prática musical das ONGs que atuam na Maré.
Autor: Alexandre Dias da Silva
Orientador: Prof. Dr. Samuel Araújo
Título do Trabalho: Com respeito aos oito baixos: A sanfona de 8 baixos na região nordeste – uma reflexão etnomusicológica sobre a consolidação do espaço profissional e o conflito no processo de autonomização
Autor: Leonardo Rugero Peres
Título do Trabalho: A Ciranda de Tarituba
Autora: Aline Freitas de Oliveira Boyd
Orientadora: Regina Meireles
SESSÃO 5: ESTUDOS DO SOM MUSICAL (24 NOV, 3ªf, 16h-18h, SALA 33)
Coordenadora: Prof. Dr. Rodolfo Caesar
Título do Trabalho: Automatos para Léo Küpper
Autor: Rodolfo Caesar
Título do Trabalho: Poesia sonora: entre o som e a palavra
Autora: Gabriela Marcondes
Orientador: Prof. Dr. Rodolfo Caesar
Título do Trabalho: Som em foco: a experiência sonora na 7a Bienal do Mercosul e na XVIII Bienal de Música Contemporânea do Rio de Janeiro
Autora: Vivian Caccuri
Orientador: Prof. Dr. Rodolfo Caesar

10 de nov. de 2009

Zé Calixto´no teatro odisseia - RJ

http://beta.matrizonline.com.br/teatroodisseia/2009/forroots-11/
Zé Calixto + Trio Juazeiro (SP). Mostra: Orumilá. Dj Sergio Feijó.
Serviço
Teatro Odisseia
dia 12 de novembro
Início: 22:00Ingressos: R$ 10 (com filipeta, lista amiga na comunidade do orkut) R$ 15

31 de out. de 2009

I ENCONTRO DE FOLES E SANFONAS EM JOÃO PESSOA

I ENCONTRO DE FOLES E SANFONAS EM JOÃO PESSOA - Sanfoneiros de toda a região têm até o dia 15 de novembro para se inscrever no I Encontro de Foles e Sanfonas da Paraíba, que irá acontecer nos dia 27 e 28 de novembro na Usina Cultural Energisa - Rua Juarez Távora, 243 – Torre, em João Pessoa. As inscrições para a primeira edição do encontro, que vai homenagear o músico Pinto do Acordeom, são gratuitas, assim como a hospedagem e a alimentação. No dia 27 as oficinas e palestras serão ministradas pelo mestre da Sanfona Reginaldo Ferreira Camarão e o crítico de Arte prof. José Teles da Universidade Federal de Pernambuco. À noite haverá show na Praça Ponto de Cem Reis, com a Orquestra Sanfônica do Cariri Paraibano. Já no dia 28 haverá oficina de fole de oito baixos com os Mestres Luizinho e José Calixto e à noite, o público poderá assistir shows com a Orquestra de Foles de Santa Cruz do Capibaribe, Luizinho e José Calixto, além de entrega dos prêmios do Sanfona Fest, Na Usina Cultural da Energisa. Os sanfoneiros e forrozeiros interessados podem se inscrever na Ordem dos Músicos do Brasil, na Av. Pedro II Nº 832, na sede do SEBRAE, na Av. Maranhão, 983 - BAIRRO DOS ESTADOS, João Pessoa ou nas Lojas: Miranda Móveis centro e Mangabeira e pelos telefones: 8848 6703 e 8864 1650. Informações pelo telefone (83) 3218-1000, pelo e-mail: balaionordeste@ymail.com. Ou no link: http://balaionordeste.ning.com/events/event/show?id=4268072%3AEvent%3A19&xgi=1hfdfnLNi9AsS6I ENCONTRO DE FOLES E SANFONAS EM JOÃO PESSOA - Sanfoneiros de toda a região têm até o dia 15 de novembro para se inscrever no I Encontro de Foles e Sanfonas da Paraíba, que irá acontecer nos dia 27 e 28 de novembro na Usina Cultural Energisa - Rua Juarez Távora, 243 – Torre, em João Pessoa. As inscrições para a primeira edição do encontro, que vai homenagear o músico Pinto do Acordeom, são gratuitas, assim como a hospedagem e a alimentação. No dia 27 as oficinas e palestras serão ministradas pelo mestre da Sanfona Reginaldo Ferreira Camarão e o crítico de Arte prof. José Teles da Universidade Federal de Pernambuco. À noite haverá show na Praça Ponto de Cem Reis, com a Orquestra Sanfônica do Cariri Paraibano. Já no dia 28 haverá oficina de fole de oito baixos com os Mestres Luizinho e José Calixto e à noite, o público poderá assistir shows com a Orquestra de Foles de Santa Cruz do Capibaribe, Luizinho e José Calixto, além de entrega dos prêmios do Sanfona Fest, Na Usina Cultural da Energisa. Os sanfoneiros e forrozeiros interessados podem se inscrever na Ordem dos Músicos do Brasil, na Av. Pedro II Nº 832, na sede do SEBRAE, na Av. Maranhão, 983 - BAIRRO DOS ESTADOS, João Pessoa ou nas Lojas: Miranda Móveis centro e Mangabeira e pelos telefones: 8848 6703 e 8864 1650. Informações pelo telefone (83) 3218-1000, pelo e-mail: balaionordeste@ymail.com. Ou no link: http://balaionordeste.ning.com/events/event/show?id=4268072%3AEvent%3A19&xgi=1hfdfnLNi9AsS6

30 de out. de 2009

Manoel de Elias



Terça - feira passada, dia 27 de outubro de 2009, faleceu Manoel de Elias, aos 95 anos. Oriundo de uma família de músicos, irmão do também sanfoneiro Zé de Elias e pai de Chiquinha do Acordeon, (ambos já falecidos), Manuel teve a fase áurea de sua carreira artística nos anos 70. Seu trabalho mais difundido, foi o álbum intitulado A discoteca do Mané, pela Alladin Records, em 1979. Na época, o império da disco - music estava no seu ápice, e este disco marca uma interessante tentativa de fusion entre o forró instrumental e batida de discoteque. Uma das músicas incluidas neste trabalho, o choro Recordando 32, foi gravada, entre outros, por Arlindo dos 8 baixos e Luizinho Calixto.
Manoel, provavelmente, era o mais velho sanfoneiro de 8 baixos vivo, figura importante na história deste instrumento. Faleceu no Rio de Janeiro, aonde vivia há muitas décadas, no município de Belford Roxo, devido a complicações derivadas de um câncer de próstata.

28 de out. de 2009

CENA LIVRE Marcos Santtana no lanç Doc Arlindo dos Oito Baixos


Nesta reportagem,alguns flashes documentário "Arlindo dos 8 baixos - o mestre do Beberibe" e alguns pareceres de figuras significativas da cena cultural pernambucana. Destacaria a frase de Anselmo Alves: "Essa história não é nossa, é do mundo".

27 de out. de 2009

Anselmo Alves e Leda Dias

Leda Dias, Leo Rugero, Marcelo de Feira Nova e Anselmo Alves



Ontem à noite, ainda sob o impacto da perda de meu pai, voltei do cemitério do Caju, setor de cremação, e, ao chegar em casa, resolvemos vivenciar esta "triste partida", com porções generosas de pasteizinhos "Baurú"- do tipo que ele gostava - regados com cerveja Skol, que era uma de suas marcas prediletas. Lembramos então, eu e Cláudia, de rever três vídeos que eu havia recebido de Anselmo Alves, no dia 14 de Agosto, último dia de minha estada em Recife. Ei-los: Arlindo dos 8 baixos - o mestre do Beberibe, Luiz Gonzaga - A luz dos sertões e Especial Luiz Gonzaga 95 anos. Antes de comentar a respeito dos filmes, devo prestar meu agradecimento e homenagem ao jornalista Anselmo Alves e à historiadora Leda Dias, pelo incansável trabalho de dedicação à memória da sanfona de 8 baixos, esta rica tradição da música nordestina, que jamais, em seu percurso histórico, galgou o devido apoio institucional e, quiçá, midiático. E a árdua tarefa desempenhada por estes dois "mandarins miraculosos" não concerne somente à conservação, mas sobretudo o estímulo à renovação desta arte, através de projetos como o curso de sanfona de 8 baixos ministrado por Luizinho Calixto no Memorial Luiz Gonzaga, além da produção de shows, vídeos e mais do que tudo, um "carisma", que tem sido o sustentáculo do forró instrumental em Recife, que atualmente talvez seja o principal pólo irradiador desta magnífica prática musical.



Luiz Gonzaga sempre será o ícone de afirmação do homem nordestino. Todos os personagens do sertão pairam nas letras de suas parcerias com Humberto Teixeira, Zé Dantas, Onildo Almeida...mas também se presenciam na própria atmosfera produzida pelo efeito instrumental das melodias que trouxe consigo, cultivando-as e depurando-as, criando uma nova instância na música popular brasileira - o baião, e, posteriormente, o forró. Tanto o especial 95 anos como Luiz Gonzaga - a saga dos sertões, conseguem, com esmero, radiografar Luiz Gonzaga, no âmago, mostrando este "matulão" gonzagueano que reflete em sua vasta produção, e por ela é refletido.Estão presentes neste "matulão", as ladainhas em latim, os aboios de vaqueiros, a dança guerreira do cangaço, a canção de exílio diante do êxodo da seca, enfim, o cerne do que constituiria a "alma nordestina". Também há um caráter historicista nos dois filmes, pontuando as atividades musicais de Luiz Gonzaga com o entorno sócio-politico, de tal modo que se estende sua influência a partir da afirmação profissional de seu trabalho. Indispensáveis, estes dois curta-metragens, a todos aqueles que o admiram. Imagens de arquivo se misturam à depoimentos e participações de sanfoneiros ilustres. E, melhor de tudo, com direito à canjas dos mesmos. A sanfona de 8 baixos, que pontua a tradição musical da família Gonzaga - o pai Januário e seus filhos, Luiz, José, Severino e Chiquinha, matrizas fundantes desta tradição musical, é lembrada pela participação especial de mestres vivos, mantenedores e renovadores deste importante vértice: Zé Calixto, Luizinho Calixto, Truvinca e Arlindo.


Aliás, Arlindo dos 8 baixos - o mestre do Beberibe, marca o reconhecimento de Arlindo como um dos ícones da sanfona de 8 baixos. Diante da ausência de uma videografia dedicada à sanfona de 8 baixos, este filme constitui um oásis. A trajetória de Arlindo é narrada, através do próprio, numa viagem de retorno à suas raízes na zona da mata sul pernambucana, até chegar ao "forró do Arlindo", que já é uma atração turística de Recife. No filme, há passagens surpreendentes, como a paixão de Arlindo pelo cinema e consequentemente, pelas canções que pontuam os clássicos do cinema americano, como Over the rainbow. E novamente, somos conduzidas à onipresença de Gonzaga, quando se descreve como o Rei do Baião apadrinhou a carreira artística de Arlindo e criou a alcunha "o mestre do Beberibe" que serviu de título ao primeiro álbum gravado por Arlindo em um grande selo fonográfico. Um filme que merece ser exibido mais vezes em nossas cinematecas...


Mais uma vez, meus agradecimentos sinceros aos novos amigos Anselmo Alves e Leda Dias, pelas belas imagens e sons com os quais me presentearam.

19 de out. de 2009

MIGUEL JANUÁRIO DA COSTA



Sempre me encanta descobrir um novo mestre da sanfona. E o youtube, enquanto canal de difusão de vídeos que independe, em certo sentido, de uma relação de atravessadores culturais, permite uma circulação mais ampla do que aquela imposta pelas antigas leis de restrição mercadológica. A cada dia que passa, surgem nomes restritos a estreita circulação local, aonde trafegam anonimamente. Este senhor Miguel Januário da Costa é um destes.Neste video, postado por José Lobo Januário, fiquei a indagar sobre o lugar - aonde foi gravado, os sanfoneiros - há momentos em que há 3 ou 4 deles, e em que circunstância - foi um encontro casual ou programado? Quais são ( e de quem são) as músicas que tocam.Enquanto não tenho as respostas, vou curtindo este forró...

PROJETO NAS ONDAS DO RADIO - ADEMILDE FONSECA, EYMAR FONSECA e ZE CALIXTO (4).

MIGUEL JANUÁRIO DA COSTA

Sempre me encanta descobrir um novo mestre da sanfona. E o youtube, enquanto canal de difusão de vídeos que independe, em certo sentido, de uma relação de atravessadores culturais, permite uma circulação mais ampla do que aquela imposta pelas antigas leis de restrição mercadológica. A cada dia que passa, surgem nomes restritos a estreita circulação local, aonde trafegam anonimamente. Este senhor Miguel Januário da Costa é um destes.Neste video, postado por José Lobo Januário, fiquei a indagar sobre o lugar - aonde foi gravado, os sanfoneiros - há momentos em que há 3 ou 4 deles, e em que circunstância - foi um encontro casual ou programado? Quais são ( e de quem são) as músicas que tocam.Enquanto não tenho as respostas, vou curtindo este forró...

29 de set. de 2009

Heleno dois 8 baixos


Heleno dos 8 baixos é um dos mais destacados sanfoneiros em atividade no Brasil. Neste interessante video postado por chikynuaj, temos a performance de Heleno acompanhado por sua familia - esposa e filhos, na percussão, fazendo um forró arretado tendo como pano de fundo a Torre Eifel.Provavelmente este video foi gravado durante a estada de Heleno em Paris, no ano do Brasil na França.
Arrocha tocador!

19 de set. de 2009

xote


Carmindo Alves da Silva, natural de Rochedo - MG, e radicado em Petropolis - RJ, é um dos poucos sanfoneiros em atividade na região serrana. Embora não tenha se profissionalizado, é um represantante da sanfona de 8 baixos no estilo calangueado, típico de Minas e interior do Rio de Janeiro. As terças paralelas, a harmonia entre a tônica e a dominante, os arpejos, e os adornos são algumas caracteristicas evidenciadas neste video. Aqui, Carmindo toca em sua casa, no bairro Nova Cascatinha, em Petropolis, uma scotish (xote). Esta, entre as danças de salão européias do seculo XIX parece ser a mais disseminada pelo Brasil, apresentado diferentes inflexões quanto à interpretação, aclimatando-se ao ritmo orgânico de cada região.

são João - Forró dá o tom nas escolas do Recife


O estímulo à revalorização da arte da sanfona de 8 baixos. Maria Piedade Araújo, educadora recifense aponta algumas estratágias em sala de aula - o resgate da história da sanfona, o resgate da história do baile, a importância do forró, seus instrumentos e repertório. E a oportunidade das crianças de visitarem o "forró do Arlindo".

12 de set. de 2009


"Encontro de sanfoneiros do Recife", é, como o próprio título indica, uma espécie de who is who da sanfona recifense. O livro, escrito pelo pesquisador Edivaldo Arlégo, reúne 53 sanfoneiros, com uma foto em preto-e-branco e uma pequena biografia de cada um dos artistas enfocados. Consiste em uma obra de grande utilidade aos pesquisadores e apreciadores da arte deste instrumento. Partindo do pressuposto que o livro de Arlégo seja um apanhado fiel do panorama da sanfona na capital do frevo, reitera a preocupação da historiadora Leda Dias e do jornalista Anselmo Alves, em torno da ausência de tocadores de 8 baixos, que poderia gradualmente conduzir este nobre instrumento à extinção.
Senão vejamos: entre os 53 sanfoneiros resenhados por Arlégo, 49 se dedicam ao acordeom de 120 baixos, enquanto somente 4 (!) são assumidamente sanfoneiros de 8 baixos. Destes 4, tiremos 1, pois Chiquinha Gonzaga, irmã caçula de Luiz Gonzaga, infelizmente está impossibilitada de tocar devido à problemas de saúde. Restam três: Arlindo dos 8 baixos, Severino dos 8 baixos e Evandro dos 8 baixos.

Porém, a continuidade de uma tradição musical pode vigorar por maneiras insuspeitáveis. Em minha breve estada em Recife, em agosto último, tive a oportunidade de assistir à dois exímios acordeonistas de 120 baixos: Cicinho do Acordeon e Marcelo de Feira Nova. Tanto na prática musical de um, como de outro, as sementes do fole de 8 baixos estão presentes, trazendo não apenas o vasto repertório, bem como técnicas e efeitos que afloraram na obra de mestres da sanfona de 8 baixos, como Gerson Filho, Abdias e Zé Calixto. Ainda que podemos considerar que o instrumento esteja em desuso, a musicalidade imanente, que foi registrada em fonogramas ao longo de seis décadas, é uma verdadeira escola do forró instrumental e servirá de referência dos futuros instrumentistas, seja quais foram os seus instrumentos - um acordeom de 120 baixos, uma guitarra, um saxofone...
Referência: Arlégo, Edivaldo. Encontro de sanfoneiros de Recife. Edições Edificantes, Recife:2004.

29 de ago. de 2009

Feira de Mangaio - Marinho do Acordeon e Zé Henrique.


Alguém sabe algo a respeito de Zé Henrique? Só sei que ele mora em São Paulo - exatamente aonde não sei - toca sanfona de 8 baixos, tendo já gravado ao menos um disco, e também é artesão, consertando e reparando acordeons. Quem souber algo mais deste valioso sanfoneiro, por favor, dê noticias.
Obrigado

Os Bilias Pout Pourrit de vaneras Tio Bilia arquivo galpão de Estância Deon

24 de ago. de 2009

indo e voltando


Estive ausente do blog cerca de vinte dias. Periodo que estive longe de casa, percorrendo Recife e Campina Grande, no intuito de realizar algumas entrevistas para a minha dissertação de mestrado sobre a sanfona de 8 baixos. Em Recife, estive com o "mestre do beberibe"Arlindo dos oito baixos e sua esposa, Dona Odete. Conversamos muito.Foi bom poder beber das águas do beberibe. Conheci também Severino dos 8 baixos, uma revelação. O memorial Luiz Gonzaga, idealizado por Anselmo Alves e gerenciado por Leda Dias. E assistir a forrós inesqueciveis. O forró do Arlindo, já tradicional, e o Encontro de Sanfoneiros numa casa chamada "Nossão chão" dirigida por outro entusiasta da sanfona, Marcos Veloso. Encontrar casualmente velhos conhecidos como Enoque.A conversa enriquecedora com o professor Roberto Benjamim, presidente da Comissão pernambucana de folclore, que conheci através de Hugo Podeus. Zé Fernando, que me conduziu a residência da professora Cirinéia de Amaral, da Universidade Federal de Pernambuco. Sem esquecer as conversas com Leda e Anselmo, casal que tanto tem realizado em prol dos 8 baixos. Fora os acordeonistas, Cicinho do Acordeom e Marcelo de Feira Nova, dois virtuoses que deixaram-me de queixo caído. E o mestre Camarão, patrimônio cultural de Recife.
Em Campina Grande, minha estada foi curta, mas nem por isso menos intensa. Realizei um sonho, conhecer o mestre Geraldo Correia. Emocionante também foi o encontro com Bastinho Calixto. E João Calixto. Dona Luzia, a irmã mais velha, matriarca deste importante ramo da sanfona brasileira, a familia Calixto. Por fim, o museu fonográfico Luiz Gonzaga, dirigido pelo professor José Nobre.

Meu corpo retornou, mas a minha alma ainda está chegando, pois resolveu voltar a pé, para curtir melhor as reminiscências desta viagem.

29 de jul. de 2009

A bordo do navio


Sem dúvida, na região sul, é onde temos a melhor documentação sobre a trajetória da sanfona de 8 baixos no Brasil. Na foto acima, extraída do sitehttp://www.projetoimigrantes.com.br/int.php?dest=fotos&pagina=2, podemos conferir a hipótese que parece cada vez mais acertada, sobre a relação intínseca entre a migração italiana e a história do acordeom em nosso país.

Há três músicos presentes nesta imagem: um homem tocando um instrumento não identificado, uma mulher tocando um tamburello basco e outra, tocando um organetto (sanfona). Pela fotografia, não podemos precisar detalhes sobre o instrumento (número de baixos de mão esquerda ou carreiras de mão direita). A data da fotografia remonta ao ano de 1880, o que nos leva a crer que estes músicos estão entre as primeiras levas de imigrantes. De fato, no Rio Grande do Sul, se concentraram não apenas praticantes do instrumento, bem como artesãos, através dos quais se originou uma prática e construção de grande expressividade.
Restam as perguntas: - quem serão estes músicos, de que região da Itália provinham e que músicas eles tocavam?

23 de jul. de 2009

Orquestra Sanfonica no Globo Comunidade


A Orquestra sanfônica de 8 baixos, organizado por sanfoneiros do municipio de Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste de Pernambuco, é um dos principais indícios do refortalecimento da prática do fole de 8 baixos na região nordeste.
Agradecimentos à excelente postagem de Gilgeraldo.

14 de jul. de 2009

além - fronteiras

Durante a etapa inicial de minha pesquisa sobre a sanfona de 8 baixos e suas expressões no Brasil, minha primeira constatação foi a incomunicabilidade entre as três fronteiras geográficas que havia delimitado, isto é, as regiões sul, nordeste e sudeste/centro-oeste.
Estas não são apenas regiões geográficas, mas sobretudo, territórios imaginários carregadas de sentido identitário. Os movimentos migratórios nordeste-sudeste constituem um exemplo vivo deste processo.
Notei também, certo "etnocentrismo", que se torna em impecílio para que uns vejam aos outros, e do mesmo modo, uns vejam-se nos outros. "Trata-se de um jogo sutil de toma-lá-dá-cá, uma supervalorização de sua cultura, dentro de uma aparente anomia"(1992:33). Entre os sanfoneiros de cada região, tenho observado uma generalizada falta de interesse na música produzida pelo "outro", entendendo aqui o outro, como aquele que é oriundo de outra região.Em alguns casos, este desinteresse conduz à depreciaçao da arte alheia, não só por ser a arte do "outro", como por estar-se alheio à ela. Claro que falo em termos gerais, deixando escapar honrosas exceções.
Se, por um aspecto, este isolacionismo permitiu a construção de músicas com fronteiras tão nitidas quanto são as fronteiras geográficas, por outro lado, observo, em muitos momentos, uma tendência epigonal, (como a cobra que morde o próprio rabo), não permitindo o diálogo potencializado pela revolução digital e a fluidez que poderia se estabelecer no descentramento inter-regional, possibilitando novos lugares, não mais delimitados por uma identidade, mas por várias identidades.
Talvez esta reflexão seja possível (ou impossível) mediante o lugar em que ocupo neste diálogo. Um lugar do "sujeito pós-moderno", "não tendo uma idetidade fixa, essencial ou permanente"(2006:12), ocupando este lugar "itinerante"onde a identidade torna-se uma força móvel, menos biológica e mais histórica. Como estudioso da sanfona e sanfoneiro, minha natividade é itinerante: não sou gaúcho da fronteira, nem nordestino, quanto menos mineiro. Transito entre estas identidades que travam lutas acirradas entre si.
Meu olhar ( e minha escuta) transitam entre fronteiras, e como tal, proponho uma trégua, um entreouvir-se, como nova possibilidade estética. E retomo a pergunta formulada há quas três décadas atrás pelo compositor Tom Zé: - Com quantos quilos de medo se faz uma tradição?

Referências:

Hall, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro, DP & A Editora, 2006.
Settl, Klza. Questões reltivas à autoctonia nas culturas musicais indígenas da atualidade, consideradas no exemplo Mbyá-guarani. Revista Brasileira de música. Rio de Jneiro, 20:33-41, 1992-93.

ABORDAGEM PRÁTICA NA GAITA PONTO


Daltro Vieira da Rosa, musico catarinense, leciona há cerca de dez anos a arte da gaita-ponto de 8 baixos. Lembrando que "gaita" é a denominação sulista para o instrumento que nas regiões sudeste, cantro-oeste e nordeste, é mais conhecida como sanfona.
Nesta pequena lição introdutória, Daltro ensina a escala de dó maior na afinação diatônica brasileira (afinação natural).

7 de jul. de 2009

Hermeto Pascoal toca no Showlivre.com/2004


A música interpretada por Hermeto Pascoal e Aline Morena neste vídeo, é "Garrote". Hermeto, teve a sanfona de 8 baixos como primeiro instrumento, embora ao longo de sua carreira tenha a utilizado raramente. A partir de "Festa dos Deuses"(Selo Radio MEC, 1999), é que Hermeto retoma a "pé-de-bode", que está entre as suas mais profundas raízes musicais.
A afinação utilizada por Hermeto, é a "natural", afinação diatônica típica do Rio Grande do Sul.É uma adaptação da afinação diatônica italiana. Em Alagoas, onde nasce Hermeto, é uma afinação muito difundida, a julgar por outros sanfoneiros alagoanos como Gerson Filho, Edgar dos 8 baixos e Robertinho dos 8 baixos.
No caso de Hermeto, é interessante notar o uso que faz do instrumento. Ainda que se apoie na técnica tradicional, Hermeto consegue, como sempre parece conseguir, sair pela tangente, encontrar uma brecha para algum lugar desconhecido, ou melhor, pouco conhecido. Aqui, parece que este "lugar" é o compasso de sete tempos, incomum na cultura musical brasileira de modo geral.

13 de jun. de 2009

Encontro de sanfoneiros de 8 baixos

1º Encontro de Sanfoneiro de Sanfona de 8 Baixos Os sanfoneiros Zé Calixto, Luizinho calixto, Rato Branco e Landinho Pé de Bode apresentam o melhor do forró pra não deixar ninguém parado. >> 20h, Gratuito, Largo Pedro Archanjo

Hoje ocorre mais um evento que marca a revalorização da sanfona de 8 baixos.Malogrado duas décadas em que o instrumento chegou ao limite de ser colocado como em vias de extinção, ressurge gradualmente o interesse na prática da sanfona de 8 baixos. Assim, criam-se novas possibilidades para os profissionais da sanfona na área de educação musical, transmitindo seus saberes, bem como, na área da prática, onde surgem novos espaços e projetos de formação de uma nova platéia e reintegração de uma platéia antiga, mas que andava carente de apresentações de sanfoneiros.
Este Encontro de sanfoneiros de 8 baixos, promovido pelo IPAC - Instituto de Patrimônio artistico e cultural da Bahia, é de suma importância, estando inserido neste contexto da revalorização. Estarão presentes, Zé Calixto e Luizinho Calixto, dois grandes mestres do fole de 8 baixos, oriundos de Lagoa Seca, Paraiba. Zé é um dos últimos remanescentes da "geração de ouro" dos 8 baixos, e soma 50 anos recém-completos de carreira profissional. Luzinho, seu irmão, inicialmente discipulo de Zé Calixto, tomou um rumo proprio, incorporando novas influ^encias como a Bossa-Nova.
Atrações inusitadas são Landinho pé-de-bode, que reside na histórica Canudos, e Rato Branco, um virtuose que andava sumido dos grandes palcos.
Parabéns à prefeitura da Bahia pelo valoroso acontecimento!

6 de jun. de 2009

Geraldo Correia

Geraldo Correa é um destacado sanfoneiro pernambucano. Iniciou sua carreira fonográfica no Rio de Janeiro, por intermédio de Jackson do Pandeiro, em 1964, pela gravadora Philips, que na ocasião investia em valores da sanfona como Zé Calixto. No entanto, sua carreira principia bem antes, nas feiras e cabarés de sua terra natal, Campina Grande. O depoimento acima é de grande importância, pois atualmente este músico octogenário vive distante dos palcos, sendo um dos ultimos remanescentes da "geração de ouro" dos 8 baixos.

23 de mai. de 2009

OS SANFONEIROS DE URUAÇU


Em meu primeiro ensaio dedicado à sanfona de 8 baixos, dado a escassez de artigos até então escritos sobre este instrumento, optei pelo perigoso formato 'macrocósmico', onde abarquei as regiões sul, (como ponto de origem e eclosão primeira da sanfona no Brasil), o sudeste, e o nordeste, onde o instrumento sempre me pareceu ter origem proporcionada mais por viajantes ingleses do que colonos italianos e alemães, embora esta teoria ainda não se sustente por provas.

Quanto à região centro-oeste, sempre foi para mim, uma região distante geograficamente e culturalmente, e preferi, na ausência de dados concretos, não avançar neste territorio, o que aliás, penso eu, foi uma solução acertada, pois quanto maior o ângulo, menor relevo na mira do alvo, nas miudezas, nas singelezas...
Como sempre afirmo, sou fã confesso do youtube, e numa navegação fortuita pela rede, me deparei casualmente com uma dança de Goiás, chamada 'ismite'(possivel corruptela de 'Smith', no me de uma marca de revólver(!). Nesta dança, a sanfona de 8 baixos tem papel de grande relevo como mostra este video, postado por wander cleyson, na performance de sanfoneiro e pandeirista não identificados, em Uruaçu, no Estado de Goiás.

19 de mai. de 2009

Zé Calixto na TV Cultura


O poeta da sanfona Zé Calixto é o convidado do Ensaio desta quarta-feira
Sanfoneiro completa 50 anos de carreira, relembra histórias com Luiz Gonzaga e transforma o programa num autêntico arrasta-pé nordestino
Conhecido como o ‘Rei dos Oito Baixos’ - tipo de sanfona que se difere por ter apenas botões -, o instrumentista, sanfoneiro e compositor Zé Calixto é o convidado de Fernando Faro no Ensaio desta quarta-feira (20/5), às 22h10, na TV Cultura.Nascido em Campina Grande, na Paraíba, Calixto completa 50 anos de carreira neste ano e conta toda a sua trajetória artística no programa, desde quando saiu da Paraíba deixando seu casamento recente, para fazer uma gravação no Rio e Janeiro. Calixto explica que deixou sua mulher e depois de três meses voltou para buscá-la, mudando-se definitivamente para a cidade maravilhosa, em 1959. Naquele ano, o sanfoneiro gravou seu primeiro disco pela Philips.Acompanhado dos músicos Valter (7 cordas), Chris Mourão (pandeiro), Durval Pereira (Zabumba) e Zezito Pereira (triângulo), Zé Calixto transforma o Ensaio num verdadeiro “arrasta pé nordestino” com as canções Forró do Mengo, Tô aqui pra isso, Eu quero é sossego, Forró em Camaratuba, Pé-de-serra, Homenagem a Velha Guarda, Meu Pai Toca isso, Cuco/Delicado, Tudo Azul e Escadaria. Calixto lembra ainda das parcerias com grandes músicos e amigos como Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga.

Sobre dois recentes filmes


Recentemente, estrearam dois filmes, tendo a sanfona e sanfoneiros como foco principal. Não vi os dois filmes, portanto não falarei sobre eles, mas sim, sobre o modo como eles estão sendo trabalhados quanto as formas de divulgação.
Tanto em "Paraiba meu amor" do diretor franco-suiço Bernand Robert-Charrue, como em "O Milagre de Santa Luzia"do brasileiro Sergio Roizemblit, o fio condutor é semelhante. Um destacável insider que conduz as câmeras dos diretores através das paisagens, revelando ao público alguns tesouros. Em "Paraiba, meu amor", o insider é Chico Cesar, compositor paraibano. Em "O milagre de Santa Luzia", é Dominguinhos. Se o primeiro filme trata do forró tradicional, e de atores sociais representantes desta modalidade, no segundo o foco é mais amplo: simplesmente, o acordeom no Brasil (!).
Antes que eu veja os filmes, e verei o quanto antes, e desejo que todos vejam, o que eu quero sublinhar são alguns "cacoetes" do mercado, que desprezam solenemente a pesquisa musical, em prol de generalizações, e amplos paineis que tentam dar conta de uma diversidade talvez impalpável.
Em "Paraíba, meu amor", o cartaz promocional do filme exibe a seguinte frase: "Um filme sobre o forró, a musica do nordeste brasileiro". Destaco o artigo "a", por definir o sujeito em torno de uma modalidade. Assim, a vasta experiência sonora nordestina, que compreende fenômenos como a banda cabaçal, a cantoria, as excelências, os maracatus e porque não a mangue beat e a musica armorial, fica circunscrita a uma faixa estreita, tida como "a" legitima representação, e não "uma" legitima representação. Este modelo de generalização , é mais comum que imaginamos, e deu-se ainda na primeira metade do século XX em torno do samba, eleito como a"musica nacional", por excelência. O mais dramático no filme de Robert-Carrue, é o fato de ser dirigido ao mercado europeu, onde o "canibalismo cultural"(utilizando a expressão do antropólogo José Jorge de Carvalho), tende a remodelar a imagem de uma música "étnica" quando esta ingressa no mercado multinacional da "world music".
Em "O milagre de Santa Luzia", o amplo painel do acordeom no Brasil, objetiva um campo extremamente "macrocósmico", onde muitas omissões podem ser cometidas, mesmo entre os nomes mais relevantes. Assim, a sanfona de 8 baixos nordestina representada por Arlindo dos 8 baixos, mas aonde estão Luizinho Calixto, Heleno dos 8 baixos, Geraldo Corrêa ou Zé Calixto?
O perigo da generalização é tentar confinar em 100 minutos, uma história ampla. Fechar o foco, buscar o "microcosmico" no campo de pesquisa, delimitar o campo ao minimo necessário pode ser algo tácito, e estimulante. Pois normalmente, as historias das artes em geral, ainda são contadas por nomes de autores e suas obras.
Para concluir este comentário, deixo com a palavra o etnomusicologo Bruno Nettl, sobre as dificuldades do campo de pesquisa macrocósmico: "Devido a necessidade de uma organização engenhosa e um controle de infinidade de dados, poucos investigadores tem tratado com algum êxito de realizar a aproximação compreensiva 'macro'".

Referências:

Nettl, Bruno. Reflexiones sobre el siglo XX. Revista Transcultural de música n.7, 2003.

13 de mai. de 2009

joão torquato


João Torquato (sanfona de oito baixos) e pandeirista não identificado. Roda de Calango, bairro Alto Taquara, Petropolis, Rio de Janeiro.

O calango e a sanfona de 8 baixos em Petrópolis



O calango e a sanfona de 8 baixos em Petropolis

Escrito por Léo Rugero em 2009

Hoje, 13 de maio, dia "oficial" da Abolição da escravatura, já não é mais o dia de comemorações de afro-descendentes, tendo sido escolhido, por razões óbvias,  o dia de Zumbi dos Palmares, legitimado historicamente como líder de movimentos emancipatorios (quilombos).

No entanto, para mim, o dia 13 de maio será sempre uma data importante, que marca o falecimento de um mestre e amigo,  João Torquato, que realizou sua passagem no ano de 2006. Portanto, é sempre um dia  que me traz a doce  lembrança deste saudoso amigo e sanfoneiro.
Meu primeiro encontro com João foi também o meu primeiro contato com a sanfona de 8 baixos, instrumento que, até então, eu desconhecia.Corria o ano de 1999, quando, por intermédio de João, pude assistir, no Bairro Alto Taquara, em Petropolis, a uma roda de calango. A partir desta noite, outros encontros musicais surgiriam, e acima disso, uma sólida amizade, que se refletiria em visitas semanais, devido a proximidade de nossa vizinhança.


João Torquato nasceu no Sitio Taquara em 20 de Outubro de 1947. Oriundo de uma familia de migrantes mineiros, herdou os saberes musicais de seu pai. Ainda menino, ganha de presente uma sanfona Hohner, instrumento que lhe acompanhou por toda a vida. Casando-se, foi pai de quatro filhos, três mulheres e um homem. Trabalhou em todo o tipo de oficios, desde caseiro à motorista. Segundo contava, nos anos 70 teve certa atividade profissional como músico, tocando em bailes.
A formação musical de João passava, indubitavelmente, por tradições musicais ligadas aos descendentes de escravos do Estado de Minas Gerais. Em consequência da maçiça migração de mineiros ao município de Petropolis, no Estado do Rio de Janeiro, para o trabalho braçal em residências de veraneio de familias abastadas. O bairro Taquara é um dos lugares onde houve, no passado, um dos maiores fluxos neste sentido. Práticas musicais tradicionais foram mantidas até meados dos anos 90, quando, por uma convergência de causas socioeconômicas conduziriam estas práticas musicais à extinção. Os bailes de calango seriam substituidos, com o advento da luz elétrica em locais até então isolados, como o bairro Alto Taquara, por musica reproduzida mecanicamente, ou pela televisão. Novas influências musicais decorrentes da musica massiva, também remodelam o gosto musical, sobretudo entre os jovens, seduzidos por novas influências midiáticas da musica afro-brasileira como o pagode e o funk. Também por volta desta época, as igrejas evangélicas, com certa profilaxia, inibem através da ação pastoral algumas práticas musicais tradicionais, frequentemente associadas ao paganismo, entre as quais, o calango, a umbanda e a folia de reis. No entanto, entre as práticas musicais que transcorrem atualmente no interior de templos evangelicos no Bairro Alto Taquara, pudemos observar um hibridismo entre o hinário evangélico tradicional, e ritmos do calango, umbanda e da folia de reis, demonstrando de alguma forma, uma linha de continuidade, seja na maneira de cantar, no uso de palmeado, e também em alguns instrumentos de percussão. Conforme observa Bruno Nettl, em processos onde há "mudança musical", "devemos procurar os elementos que mantém a unidade ao longo do tempo". Ainda que muitos jovens do Alto Taquara provavelmente não conheçam ou mesmo nunca tenham ouvido falar a respeito do calango ou da folia de reis, residuos destas musicas estão presentes em suas novas práticas, ainda que estas sejam muito distintas das praticas de seus pais ou avós. "Tenho a impressão de que quanto mais radicais forem as mudanças em um estilo musical, mais significativos são esses fatores, às vezes obscuros, que garantem a continuidade"(Nettl, 2006, 28).
No calango, a instrumentação básica é composta de sanfona de 8 baixos, como instrumento solista e acompanhador, e pandeiro. A estes podem ser acrescidos outros instrumentos, como viola de dez cordas, violão e outros instrumentos de percussão, dependendo dos recursos de cada comunidade.A improvisação é um elemento importante na música do calango, seja em sua forma cantada ( o calango de desafio), onde dois cantores se alternam em quadras rimadas e improvisadas, como no calango instrumental, solado em sanfona de 8 baixos. Os calangos ocorriam na forma de bailes organizados pelas comunidades nos finais de semana, ou de forma espontânea, no encontro fortuito de "calangueiros" (praticantes do calango) no final dos dias, em fundos de quintal ou na porta das "biroscas".


João Torquato era um sanfoneiro completo neste gênero musical, dominando tanto os padrões de acompanhamento, como temas instrumentais.
Atualmente, os calangueiros em Petropolis se situam dispersos, e decorrente deste fato, raramente há encontros entre eles, ainda que informalmente.A faixa etária dos calangueiros mais jovens está entre os 50 e 60 anos, o que denota a dissolução desta prática entre as novas gerações.


Referências:
Nettl, Bruno. O estudo comparativo da mudança musical: Estudos de caso de quatro culturas. Revista ANTROPOLOGICAS, ano 10, volume 17(1): 11-34 (2006)
Peres, Leonardo Rugero. Anotações de campo.1999 - 2009.

5 de mai. de 2009

zé do oito baixos.wmv


05/05/2009
Sanfona de 8 baixos - um instrumento em extinção?
A cada dia que passa, me parece menos verossímil a afirmação de que a sanfona de 8 baixos esteja em extinção. De um lado temos velhos mestres da primeira geração fonográfica do instrumento em plena atividade, como Zé Calixto e Geraldo Corrêa. Uma geração intermediária de mestres como Arlindo dos 8 baixos, sexagenário que vai se afirmando cada vez mais como representante deste instrumento. Alguns mais jovens como Luizinho Calixto e Heleno dos 8 baixos, trazendo inovações ao estilo nordestino, seja incorporando novas influências, seja criando novas técnicas ou ainda legitimando novos repertórios. Faltam novos valores, da juventude, isto sim. Mas o ingresso de Arlindo e Luizinho na área da educação musicacal parece algo muito promissor na formação de novos interpretes para este difícil instrumento.
E há ainda, aqueles sanfoneiros à margem das edições fonográficas, e das casas profissionais de forró, mas nem por isso, menos dotados em sua técnica e arte. Como este Zé do Oito Baixos, que ainda agora tive oportunidade de ouvir, graças a uma postagem de Rianlokura, que parece ser um devoto dos 8 baixos. Ouçam, e surpreendam-se com esta novidade, pois há ainda mestres intocados, longe dos refletores...http://www.youtube.com/watch?v=fYEDDk1cpN0

Sanfona de 8 baixos - um instrumento em extinção?

A cada dia que passa, me parece menos verossímil a afirmação de que a sanfona de 8 baixos esteja em extinção. De um lado temos velhos mestres da primeira geração fonográfica do instrumento em plena atividade, como Zé Calixto e Geraldo Corrêa. Uma geração intermediária de mestres como Arlindo dos 8 baixos, sexagenário que vai se afirmando cada vez mais como representante deste instrumento. Alguns mais jovens como Luizinho Calixto e Heleno dos 8 baixos, trazendo inovações ao estilo nordestino, seja incorporando novas influências, seja criando novas técnicas ou ainda legitimando novos repertórios. Faltam novos valores, da juventude, isto sim. Mas o ingresso de Arlindo e Luizinho na área da educação musicacal parece algo muito promissor na formação de novos interpretes para este difícil instrumento.
E há ainda, aqueles sanfoneiros à margem das edições fonográficas, e das casas profissionais de forró, mas nem por isso, menos dotados em sua técnica e arte. Como este Zé do Oito Baixos, que ainda agora tive oportunidade de ouvir, graças a uma postagem de Rianlokura, que parece ser um devoto dos 8 baixos. Ouçam, e surpreendam-se com esta novidade, pois há ainda mestres intocados, longe dos refletores...http://www.youtube.com/watch?v=fYEDDk1cpN0

4 de mai. de 2009

Parabéns Arlindo


Arlindo dos 8 baixos, recém sexagenário em 19 de Abril último, recebeu um grande presente de aniversário. Por intermédio da Fundação do patrimônio artistico de Pernambuco (Fundarpe), Arlindo receberá uma verba anual de R$ 114 mil reais para manter a sua casa, já tradicional, o forró do Arlindo.

A importância do Forró do Arlindo não se restringe ao fato de ser uma casa mantenedora do forró pé-de-serra. Também deve sua importância por ter sido idealizada por um sanfoneiro, o mestre Arlindo, que inicialmente, de forma espontânea, queria apenas reinvindicar um espaço à uma modalidade de forró que estava fora dos grandes espaços de representação da midia. Desde então, dez anos se passaram, e o Forró do Arlindo se torna uma atração indispensável a quem estiver de passagem por Recife. Não podemos esquecer que a sanfona de 8 baixos na região Nordeste esteve desde sempre indissociável do forró pé-de-serra, outrora escola de grandes músicos que despontaram desta região como Hermeto Pascoal e Dominguinhos, e a continuidade desta tradição quiçá, poderá revivificar a bela arte da sanfona de 8 baixos nordestina.


Forró de Arlindo dos 8 BaixosRua Hildebrando de Vasconcelos, 2900, Dois Unidos – Recife/PE

14 de abr. de 2009

Sanfona de 8 baixos na web - Leonardo Rugero Peres

Fazendo um balanço atual da presença da sanfona de 8 baixos na internet, podemos constatar que o interesse por este instrumento é crescente. Senão vejamos.
Websites
Ainda são raros os sites. Destaco o site de luizinho calixto http://www.luizinhocalixto.com.br/ Neste site, pode-se encontrar dados biográficos, fotografias e novidades sobre este talentoso artista.
No site musicosdobrasil.com.br, na seção "ensaios", se encontra disponível para download o meu ensaio "A sanfona de 8 baixos na música instrumental".http://ensaios.musicodobrasil.com.br/leorugero-asanfonadeoitobaixos.pdf
blogs
Há uma quantidade expressiva de blogs na internet. Além do já clássico forró em vinil, a cada dia que passa surgem novos blogs dedicados sobretudo à postagem de antigos discos de vinil, mas também contendo postagens sobre informações gerais, tendo eventualmente destaque a sanfona de 8 baixos. A grande questão ética que se coloca neste momento é evitar a disponibilização de CDs em catálogo para download, pois isso inibe as vendagens de artistas que normalmente trabalham com tiragens limitadas. como o caso do próprio Luizinho Calixto. Um concenso ético entre os blogs seria a postagem de vinis ou CDs esgotados, fora de catálogo.
http://oxentenordeste.blogspot.com/

http://raizesdonordeste.blogspot.com/

http://acervoorigens.blogspot.com/

Ainda entre os blogs, vale conferir o blog do etnomusicólogo John Murphy, que escreveu em 2006 o livro Music in Brazil, editado pela Oxford, New York. Neste livro, há um breve capitulo dedicado à sanfona de 8 baixos da região nordeste, tendo como principal musico focado, Arlindo dos 8 baixos.
http://web3.unt.edu/murphy/brazil/?q=blog/1&page=4

youtube

No youtube, embora ainda discreta, a filmografia disponível sobre sanfona de 8 baixos já se faz notável. Algumas dicas para pesquisa:

Arlindo dos 8 baixos
http://www.youtube.com/watch?v=qh0B1Y7ipo8&feature=rec-HM-fresh+div

Heleno dos 8 baixos
http://www.youtube.com/watch?v=XtzvgY4At8A&feature=related

Hermeto Pascoal
http://www.youtube.com/watch?v=jxh6gbohJLs

Luizinho Calixto (com Zé Calixto & Abdias)
http://www.youtube.com/watch?v=rIsvJn7Zqsw

Bem, estas são apenas algumas sugestões. O interessante no Youtube é que o sistema de palavras-chave, consegue estabelecer links entre videos relacionados, o que facilita a pesquisa.

Concluindo, podemos constatar que não cessam de expandir os acervos da internet, possibilitando desde o leigo curioso ao aficcionado, passando pelo pesquisador, prósperas pesquisas. No entanto, uma dúvida ainda se coloca. Como trabalhar em parceria com os próprias artistas?

11 de abr. de 2009

Com quantos nomes se faz uma sanfona? - Leo Rugero


Com quantos nomes se faz uma sanfona?


Leonardo Rugero Peres

No Brasil, a sanfona de 8 baixos nunca foi chamada pelo nome original do instrumento: acordeon diatônico de 8 baixos, ao contrário de países americanos de colonização espanhola onde a sanfona também foi muito difundida, como a Colômbia e Republica Dominicana. Isto se deve ao fato que os espanhóis, desde cedo, se referem aos pequenos acordeões compostos unicamente de botões, como acordeon diatònico. Tal nominação também foi adotada em outros paises como a França (acordeon diatonique) e Alemanha (diatonische handharmonika). A diferença do termo alemão está em considerar a sanfona, uma harmônica (gaita) manuseada com os dedos (manual). Provavelmente esta definição está relacionada a própria origem do instrumento, tal como foi concebido pelo seu inventor, Cyrill Demian, ou seja, uma espécie de harmônica (gaita) inserida em uma caixa.
Entre nós, a sanfona de 8 baixos também não recebeu seu batismo pela descrição técnica do instrumento: acordeon de botões de 8 baixos, tal como ocorreu em países como a Inglaterra e Estados Unidos (eight basses button accordion).
Ao contrário, num processo que poderíamos chamar de "camaleônico”, este instrumento foi recebendo diferentes nomes nas diferentes áreas em que era inserido. Normalmente, os nomes eram apelidos criados pelas populações locais, o que constata o fato que este instrumento teve maior acolhida no Brasil entre as populações de baixa renda, sobretudo nas comunidades rurais e periferia urbana.
Entre estes "apelidos", a palavra sanfona se tornou a mais usual entre todas, pois foi adotada pela indústria fonográfica no eixo Rio - São Paulo, no final dos anos 50, quando são gravados os primeiros fonogramas de sanfoneiros de origem nordestina como Gerson Filho, Zé Calixto e Severino Januário. Em depoimento, Zé Calixto atesta que desconhecia a palavra sanfona em sua terra natal, Campina Grande - PB, onde o termo corrente para designar o instrumento era fole de 8 baixos. Assim, este instrumento passa a ser chamado metonimicamente por uma característica especifica do fole, que é o fato de ser sanfonado.
No sul do Brasil, até os dias de hoje a expressão gaita-ponto é reconhecidamente a mais utilizada para nomear o acordeon de botões, enquanto gaita-piano ou gaita-pianada, quando se refere aos acordeons de teclado. Mas, entre o povo, surgem alcunhas curiosas. Gaita de duas conversas é uma delas. Esta alcunha se refere ao fato que as sanfonas de 8 baixos são bissonoras, isto é, um mesmo botão ao abrir o fole produz uma nota (uma conversa), enquanto que ao fechar o fole, emite outra nota (outra conversa).
Entre os portugueses, sempre houve uma tendência a nomear um instrumento pertencente à determinada família, por outro instrumento, de outra família. Exemplo muito difundido são os termos viola e violão, para designar respectivamente, as guitarras de cinco e seis ordens, criando assim uma verdadeira confusão onomástica na língua portuguesa, onde temos a palavra viola designando tanto a viola-de-arco, pertencente à família das violas, bem como a viola "caipira" pertencente à família das guitarras. Do mesmo modo, a palavra concertina se consagrou como a maneira mais usual de denominação do acordeon diatônico em Portugal.
Em algumas localidades do Brasil, Concertina também é de uso corrente, o que se confirma pelo nome artístico de alguns instrumentistas como Manoel da Concertina. Talvez esta verificação tenha levado o etnomusicologo Thiago de Oliveira Pinto a aceitar este termo, inclusive, adotando-o em seus escritos sobre o forró. No entanto, em termos estritos, a concertina se trata de outro instrumento aerófono com características distintas de nossa sanfona, mais próximo ao bandoneon. Por sua vez, para confundir as coisas ainda mais um pouco, a palavra sanfona, em Portugal remete a outro instrumento, muito distinto de nossa sanfona, e pertencente à família das vielas-de-roda.
Algumas expressões de origem popular são muito curiosas. "Pé-de-bode" é uma delas, usada indistintamente nas regiões sul e sudeste. Um dos raros estudiosos do instrumento, John Murphy, faz uma interessante observação sobre esta alcunha, que conforme explica o autor "relembra os dias quando o instrumento tinha somente dois baixos; A analogia parece relacionada com as patas de bode serem divididas em duas partes"(2006,p104). Ainda hoje, sanfonas de dois baixos são utilizadas na Itália, sobretudo na interpretação de Tarantellas.
Testa-de-ferro é outro apelido curioso, comum, sobretudo no sul de Minas Gerais, e parece indicar os antigos modelos de sanfonas de 8 baixos (vide foto), que não eram abauladas na frente ou nas extremidades. Estes modelos também são conhecidos por caixotinhos.
Também curiosos são os apelidos botuada ou botoadeira, devido ao instrumento ser construído sem teclado, unicamente com botões.
Afinal, como chamar este instrumento que se esconde atrás de tantas denominações? Sanfona, estatisticamente é a expressão mais utilizada nas regiões sul e sudeste. No entanto, para os sulistas, trata-se de uma gaita-ponto e ponto final. Abaixo, uma lista com alguns dos nomes mais comumente utilizados para a sanfona de 8 baixos:

acordeona de 8 baixos

botuada

botuadeira
cabeça de égua
caixotinho
concertina
cordeona de 8 baixos
fole-de-8 baixos
gaita-ponto
gaita de colher
gaita de duas conversas
harmônica
harmônio
pé de bode
pé de orelha
pescoço de cabra
realejo
testa de ferro
verduleira



referências:

livros:Murphy, John. Music in Brazil. New York: Oxford, 2006.
Oliveira, Ernesto Veiga de Instrumentos populares portugueses.

Internet


Peres, Leonardo Rugero.
A sanfona de 8 baixos e a musica instrumental, In Musicos do Brasil: Uma enciclopédia. Petrobrás,2008.

CDs:
Azevedo, Téo. In “Zé Calixto - 40 anos de forró”. Montes Claros: Pequizeiro,1999.
Pinto, Thiago de Oliveira. In: Pé de Serra forró band. Berlim: Wergo, 1992

8 de abr. de 2009

Zé Calixto e Zé Ramos

Dia 09, quinta-feira, o poeta da sanfona, Zé Calixto, realizará uma apresentação ao lado do cantor e compositor Zé Ramos. Os dois músicos já trabalham colaborativamente há alguns anos. Inclusive, já realizaram um CD juntos intitulado "ao vivo - vol.1". No repertório da dupla, se alternam músicas instrumentais e cantadas. Vale a pena conferir!
Abaixo, mais detalhes sobre o evento.
RIO ROOTS 2009 - DE 8 A 12 DE ABRILQUARTA 08/04 - TRIO SANHACO, TRIO CARUA, TRIO XIQUE XIQUE, 3X4, TRIO CABACEIRAS, MARIANA MELLO, DONA FLOR, FAMILIA VIRGULINO. - QUINTA 09/04 - GERALDO JUNIOR, ESTACAO LUNAR, TRIO JUREMA, TRIO LUA CHEIA, TRIO SO FORRO, ZE CALIXTO E ZE RAMOS, TRIO CANDIEIRO, TRIO POTIGUA, FUBA DE TAPEROA - SEXTA 10/04 - FORRO DE PONTA, PISAMANEIRO, RAIZES DO SERTAO, TRIO ALVORADA, TRIO JUAZEIRO, TRIO XAMEGO, TRIO ARACA, TRIO NORTISTA - SABADO 11/04 - FORROBODO, TRIO RAPACUIA, TRIO REMELEXO, PARAXAXAR, OS CABRAS, FILHOS DO NORDESTE, TRIO LAMPIAO, MESTRE ZINHOKATURA GARDEN - BARRA DE GUARATIBA - ESTRADA BURLE MAX 1245. Pegar a KOMBI ROOTS no Recreio Shopping. Infos.: (21) 8305-5847 ou arzeventos.com/rioroots

7 de abr. de 2009

Folia de Reis - Mato Dentro - S B do Suaçuí


Os instrumentos são: sanfona de oito baixos, viola caipira, violão, cavaquinho e a percussão (caixa e tambor); O cortejo percorre as cercanias, até que eles param em frente a uma casa, e começam a cantar uma canção ancestral: - Ô de casa/Ô de fora, Maria vai ver quem é/são os cantadô de reis/são os cantadô de reis/ quem mandou foi São José.O dono da casa, acolhe a folia e seus foliões ofertando-lhes comida e bebida.
As folias-de-reis são uma antiga tradição. Os três reis magos que visitam o menino Jesus. Eles carregam ouro, incenso e mirra.E a história chega até os dias de hoje.
Todo ano, no calendário cristão, o dia 6 de Janeiro é o Dia de Reis.Com sua bandeira, seus trajes tipicos,seus instrumentos, cantando em terças e sextas paralelas, e lembrando o Menino Jesus e os três reis magos.Como a bela folia de reis de Mato Dentro - Minas Gerais. Nonô de Ciliaco toca a sanfona de oito baixos e entoa os cânticos, acompanhado por seus foliões.E, em meio a estes sons encantados, sentimos o coração de uma cultura que ainda bate fortemente.
The instruments: eight basses button accordion, viola (10 strings guitar), six strings guitar, cavaquinho and percussion (caixa - snare drum, and pandeiro - frame drum); The procession travel across the outskirsts until they stop in front of a house, and start to sing and old song: - Ô de casa. (Anabody's home?); Someone answer: - Ô de fora.Maria vai ver quem é ( Maria, go out see who are). And Maria says: São os cantadô de reis ( Are the King's singers), and comment: - quem mandô foi São José (Who order was Saint Joseph).The owner's home welcomw the folia ans the foliões, offering drink and food.
The folia-de-reis (companies of kings) are an old tradition.The three kings, who seek the infant Jesus. They take gold, incense and myrrh.And the history take us up to present day.
Every year, on the King's day (6 January), the foliões, with the ensign, with his special clothes, with his instruments, walk and sing in thirds and sixths intervals, and remembering the Infant Jesus and the three kings.Like the Compain of Kings from Mato Dentro, state of Minas Gerais.Nonô de Ciliaco plays the button accordion and sings with his foliões. And we hear that encanted sounds and fell the heart of a culture.


Leo Rugero
sobre um video postado no youtube por Flaviano Trindade
Postado por Leo Rugero às 00:20 0 comentários