25 de jun. de 2012

mestre Hevalcy improvisando numa sanfona de 8 baixos

Hermeto Pascoal - A vida é um show part 13



Parabéns Hermeto! 76 anos de muita luz, inspiração e muito som!!!

24 de jun. de 2012

Relançamentos de uma lenda do forró


Relançamentos de uma lenda do forró

Dois discos de um dos maiores tocadores de oito baixos

Publicado em 24/06/2012, às 06h00

José Teles



Ela abre num tom e fecha em outro, se o tocador não pegar o macete se enrola todo. Tem muito tocador de fole que começa a beber e acaba se complicando. O pior é que não há manual ensinando. Para mim é um instrumento em extinção, porque pouca gente está aprendendo o oito baixos. Eu estou velho para ensinar. Luizinho é que está com ideia de criar uma escola de oito baixos”. A afirmação é do paraibano Zé Calixto, 72 anos. O “Luizinho” a quem ele se refere é o seu irmão e também tocador de oito baixos Luizinho Calixto.
A família Calixto quase toda é de músicos. A história de Zé Calixto é idêntica a de tantos do seus contemporâneos. O pai, seu Dideu, foi músico: “No começo tocava triângulo nos sambas, depois aprendeu sanfona”. Calixto  é considerado um dos maiores tocadores de oito baixos vivo. Porém, embora seja um artista popular, é “cult”, admirado por uma minoria que possui seus discos, quase todos fora de catálogo.
Zé Calixto é uma das provas do descaso de que é alvo o forró. Com exceção de Luiz Gonzaga, cuja obra foi praticamente toda lançada em CD (e voltará a ser lançada em setembro, pela Sony Music), a imensa maioria da discografia do forró encontra-se fora de catálogo, incluindo aí os festejados Jackson do Pandeiro, Marinês e até o
próprio Dominguinhos. A pequena gravadora carioca Discobertas, que vem resgatando o catálogo da extinta Tapecar, trouxe de volta, em CD, dois discos de Zé Calixto, gravados naquela gravadora. Baile em sua
casa (1976) e Num fole de oito baixos (1977).
A Tapecar mantinha um catálogo razoável de forró, com nomes como Bastinho Calixto, Luiz Calixto, Trio Mossoró, Severino Januário (irmão de Luiz Gonzaga) e João Gonçalves, este último grande responsável pela moda do forró de duplo sentido, que começou engraçado e depois perdeu as estribeiras com Zenilton, Assisão e outros menos votados. No caso de Zé Calixto é o mais puro forró possível. São arrasta-pés daqueles que se tocavam em salas de reboco, de fazer poeira levantar. 
O Baile em sua casa tem repertório dividido entre os Calixto, marchinhas de roda, samba de latada, esta a única faixa cantada do disco, voz de Oseás Lopes (mais conhecido como o brega
Carlos André). Num fole de oito baixos, segue a mesma linha de forró para dançar. Estes discos na época eram comprados para animar quadrilhas, e noites juninas numa época cada vez mais distante. Zé Calixto, com maestria, acompanhado de um regional passeia pelo vocabulário do forró, indo de arrasta-pés, a xaxados,, chorinhos, marchinhas de roda.
A maioria estilos que não têm apelo para uma geração que cresceu obedecendo às palavras de ordem das bandas de fuleiragem, que por sua vez, apreenderam o cacoete dos grupos de axé. Dois lançamento que são uma gota d’água num oceano de milhares de discos de forró há anos fora de catálogo.

23 de jun. de 2012

Luizinho Calixto toca choro ao som da sanfona na Praça Rio Branco


PARAÍBA
Sexta-Feira, 22 de Junho de 2012 09h54
Luizinho Calixto toca choro ao som da sanfona na Praça Rio Branco
Fonte: Secom/JP
Texto:
Considerado um dos melhores tocadores da sanfona de oito baixos do Brasil, o campinense Luizinho Calixto, radicado no Ceará, é a atração do ‘Sabadinho Bom’ deste final de semana.
 A apresentação começa a partir das 12h, neste sábado (23), na Praça Rio Branco.
 A realização do evento, que leva o repertório de choro ao Centro da Cidade,
é da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope).

Luizinho Calixto nasceu em Campina Grande (PB), em 1956. É irmão do
também músico Zé Calixto, ambos de uma família formada por instrumentistas
da sanfona de oito baixos. Caçula, iniciou os estudos do instrumento aos 10 anos.

Ao longo do tempo, alguns ritmos que ainda não tinham sido executados
por sanfoneiros de oito baixos passaram a ganhar espaço nas mãos de Luizinho Calixto.
Esse é o caso do tango, bolero, valsa, bossa nova, além do xote, forró, frevo,
samba, baião, marchinhas juninas e o chorinho, sendo este último o foco principal
no repertório do ‘Sabadinho Bom’ deste final de semana.

Carreira - Durante sua carreira, Luizinho Calixto já gravou 11 álbuns, entre vinil
e CDs. Ele ultrapassou as fronteiras brasileiras e mostrou sua arte também
em países como Portugal, Espanha, França e Argentina. O músico e compositor
tem sucessos gravados por Beto Barbosa, Dominguinhos, Zé Calixto,
 Bastinho Calixto, Magno e outros artistas conhecidos nacionalmente.

Quando morou no Rio de Janeiro, na década de 70, gravou seu primeiro disco
intitulado ‘Vamos Dançar Forró’. Foi também nessa época que teve a
oportunidade de tocar com Sivuca, Dominguinhos, Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga.

Mais recentemente, Luizinho participou de um encontro internacional de sanfoneiros,
promovido pela Associação de Sanfoneiros do Brasil, em Jaú (SP),
onde se apresentou na companhia do acordeonista italiano Mirco Pattarini.
Além da sanfona de oito baixos, o músico também toca um pouco de acordeom
de 120 baixos, violão, cavaquinho, zabumba, pandeiro, triangulo, agogô e reco-reco.

16 de jun. de 2012

Los Gauchos de Roldán



A região limítrofe entre o Brasil com Argentina e Uruguai, comunga de determinados elementos culturais que perpassam os limites impostos pelas divisas territoriais ou pela língua da colonização. Deste modo, influências se entrecruzam e a identidade "gaúcha" ultrapassa uma linha divisória, sendo o retrato do colono dos frios pampas e sua música, onde a gaita ponto (ou acordeon diatônico) tem um papel crucial na representatividade dos repertórios tradicionais que descrevem alguns contornos da cultura deste lugar, se interpenetram e resultam em códigos e referências culturais que se corporificam em melodias e harmonias, gestos da expressão artística gaúcha. Assim, observo a música de Walter Róldan tão próxima de um Gilberto Monteiro ou de um Renato Borguetti, que a noção divisória se estende além de seus domínios territoriais

11 de jun. de 2012

Sanfona de oito baixos viva!

Por uma sanfona de oito baixos livre...sem fronteiras, em afinação transportada, natural ou o que seja, mineira, nordestina ou gaúcha, sem pátria, universal, transcendente, léguas adiante de nossa vã compreensão...acima de tudo, viva, presente, existente. Meu desejo não é o museu, o bazar de relíquias, não! O que desejo é a língua corrente, o existente, a transmutação.

7 de jun. de 2012

Folia de Reis Estrela D'Alva do Oriente (texto de Leo Rugero)



Há alguns anos atrás, ganhei de presente a coleção de discos compactos produzidos pela FUNARTE  e pelo Ministério de Educação e Cultura, através da Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro. Entre a remessa de discos, houve um, em especial, que me despertou a atenção. Se tratava de um compacto de Folia de Reis, gravado na área metropolitana do Rio de Janeiro, gravada em 1971. A começar pela capa, fiquei surpreso com as violas meia-regra e sem ressalto empunhada pelos dois foliões a frente da folia (mestre e contra-mestre), pois, na época (meados da década de 2000) eu estava envolvido com a pesquisa sobre a viola no estado do Rio de Janeiro - o que parecia, à primeira instância, um instrumento à léguas distante da prática musical neste estado. A presença daqueles foliões em plena cidade do Rio de Janeiro me parecia, naquele momento, em uma imagem de um passado distante e irrecuperável. Foi necessário que se passassem alguns anos para que viesse a conhecer mestre Hevalcy da Folia de Reis Sagrada Família da Manguera e, conseqüentemente, viesse a vislumbrar a intrincada rede social que circunda as Folias de Reis fluminenses. 
Embora não apareça na capa, a sanfona de oito baixos desempenhava um papel relevante nesta folia de reis, assim como nas folias de reis do estado do Rio de Janeiro em geral. Como tal, é o instrumento mais destacado desta gravação, secundado por violas, violões e percussões.
Na "Toada de Abertura", temos o estribilho (seção instrumental) alternado com a toada propriamente dita, que são as estrofes cantadas. Os estribilhos são solados pelo sanfoneiro, que utiliza uma sanfona não-identificada em mi bemol/lá bemol. Nesta época, era comum, segundo me explicou mestre Hevalcy, que as folias utilizassem sanfonas propriamente construídas para a folia de reis, a exemplo dos instrumentos confeccionados por Seo Tão de Laranjal. Os textos das toadas são inspirados em versículos bíblicos e podem atingir até mesmo quarenta estrofes. Já a "Chula" corresponde aos versos declamados pelos palhaços, entre as seções instrumentais soladas por sanfona - momento em que o palhaço exibe seus dotes acrobáticos. Cada estrofe declamada, portanto, se alterna com um trecho instrumental de sanfona e percussão. No caso desta gravação, temos o emblemático palhaço "Gigante", que foi um palhaço cultuado das folias de reis do rio de janeiro.  A figura controversa dos palhaços de folia é uma alusão aos soldados de Herodes, arrependidos da função de descobrir os recém-nascidos sob ordem real de varrer do território de Jerusalem aquele que seria o Messias.
"Folia de Reis" constitui hoje um documento histórico, não apenas por retratar o processo de adaptação das folias de reis no contexto migratório dos centros urbanos, bem como por registrar uma folia que não existe mais, a Folia de Reis Estrela D'Alva do Oriente, de mestre Geraldo Teodoro, então localizada no bairro da Penha, zona norte do Rio de Janeiro. A gravação foi realizada no estúdio da Rádio Mauá. Sendo uma cerimônia processional que ocorre num tempo e espaço definido, a adaptação de uma folia de reis ao registro fonográfico não é uma tarefa simples, sendo a folia uma corporificação do próprio trajeto dos três reis magos do Oriente que se dirigem a Belém para conhecer o menino Jesus, através das jornadas às casas dos devotos que invadem o silêncio das madrugadas e irrompem com a algazarra dos palhaços nos albores da aurora...