21 de abr. de 2011

Zé Ranulfo de Serra Talhada por Leo Rugero

aviso importante: Prezados amigos, ao compartilhar as informações contidas neste site, sobretudo no que se refere às matérias assinadas, por favor, adicionem as referências: título, autor e a fonte, que é o nome do site: www.sanfonade8baixos.com
Tenho encontrado citações e referências extraídas deste blog, omitindo completamente a autoria e a origem. Até programa de rádio on-line já citou textos publicados e assinados pelo autor do blog. Não vamos esquecer que a Internet é uma rede, e para que esta rede funcione adequadamente, é necessário o trabalho colaborativo de todos nós. Eu mesmo, frequentemente compartilho alguma matéria, e sempre publico o nome do autor e a fonte de onde foi tirado... 
Mas, deixo de lado meu desabafo, e vamos ao disco desta semana, que é a parte mais saborosa desta prosa.

Não é difícil encontrar na discografia de sanfona de oito baixos, o "nome de fantasia". Normalmente, isso ocorria como parte do contrato: em troca de um bom cachê, o instrumentista concedia sua parte de arrecadação. Deste modo, a gravadora ou produtor fonográfico se isentava de repassar a parte que caberia ao solista. Como isso foi um expediente comum na produção fonográfica, sobretudo nas décadas de 1970 e 1980, não são raros nem isolados os casos deste tipo.Como este "Zé Ranulfo de Serra Talhada". Se existe ou existiu um sanfoneiro com este nome, não sabemos. Neste caso é apenas o nome de fantasia para o sanfoneiro Zé Henrique dos oito baixos. Natural de Pirá, Bahia, e radicado em São Paulo, Zé Henrique gravou este disco no Rio de Janeiro, pela gravadora Somil, com produção de William Luna.


Um detalhe comum às capas destes discos de sanfoneiros inexistentes, é a ausância de uma fotografia que identifique o sanfoneiro, Neste caso, o chapéu de couro dependurado na árvore, é um símbolo que substituiu a imagem do músico. O maior problema nestes fonogramas é a dificuldade em identificar o verdadeiro músico por trás do pseudônimo. A maior parte do público vai achar que se trata de um disco de Zé Ranulfo, no entanto, não é...
Foram muitos estes nomes de fantasia. Baianinho da Sanfona, Zé Mamede, Tunico e seus pirados, Betinho, Elsa Maria - "a princesinha dos oito baixos", e por aí vai! 
Musicalmente, este trabalho reflete uma tendência na geração de sanfoneiros que surge por volta de meados da década de 1970, que é a regravação de músicas do repertório de sanfona de oito baixos, que se tornam êxitos fonográficos ou radiofônicos, tornando-se parte do "repertório obrigatório" do instrumento. É o caso de "Quadrilha brasileira" de Gerson Filho, "Enxugue o rato" de Luis Moreno e "Roseira do Norte" de Pedro Sertanejo e Zé Gonzaga. Os xotes "Panela Velha" e "Mate o véio", se tornaram muito difundidos na programacão radiofônica, recebem aqui adaptações instrumentais. E também há espaço para o trabalho autoral de Zé Henrique, em "Forró no Zé Lagoa" e "Canto do galo".
Instrumentista seguro, demonstra  técnica e agilidade em seus trabalhos de estúdio. O acompanhamento é realizado por um regional, formado por violão de sete cordas, um pouco usual banjo no lugar do cavaquinho e a massa sonora percussiva de agogô, triângulo e zabumba.
Zé Henrique, ainda que de forma discreta, manteve seu trabalho como solista, tendo, inclusive, gravado um CD em 2008. Em São Paulo, é conhecido como afinador de sanfonas, tendo realizado o "transporte", isto é, a afinação nordestina, para outros sanfoneiros destacados como Zé Honório e Tranquilo dos oito baixos.
Leo Rugero

2 comentários:

  1. Leo,
    eu tenho alguns destes discos de Sanfoneiros fictícios; confirmei a inesistência dos mesmos perguntando a alguns do sanfoneiros que conheço e todos disseram que não os conheciam.

    Everaldo Santana

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  2. Olá Everaldo,
    pois é, lembro que o primeiro nome que despertou minha curiosidade foi "Baianinho da Sanfona", fiquei procurando por este músico até descobrir que era um nome fictício de Gerson Filho. Porém, há um nome que ainda me deixa em dúvida: Zé Mamede. Pois, segundo Zé do Gato, havia um Mamede que tocava no Rio de Janeiro na década de 1970. Porém, os discos que eu conheço com este nome, foram gravados por outros sanfoneiros...fiquei curioso também a respeito destes discos dos quais você falou.

    Leo Rugero

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