4 de jan. de 2015

Léo Rugero - Calango do Irineu





Publicado em 4 de jan de 2015
Em
dezembro de 2012, Léo Rugero concedeu entrevista à jornalista Érica
Magni em sua residência no bairro de Santa Teresa, Rio de Janeiro. Na
ocasião, o músico e pesquisador falou sobre sua pesquisa pioneira em
torno do fole de oito baixos na região Nordeste, que engendrou uma
dissertação de mestrado, um documentário e um livro. No final da
entrevista, a fotógrafa Paula Giolito registrou uma breve performance de
Léo Rugero sobre um tema instrumental de Januário, pai de Luiz Gonzaga,
intitulado "Calango do Irineu".

Abaixo, transcrevemos o texto integral da matéria publicada em 06 de dezembro de 2012



06

dez

2012
Respeitem a sanfona de 8 baixos de Rugero!

Érica Magni (erica.magni@oglobo.com.br)

Mestre
em sanfona de oito baixos, o músico Leonardo Rugero, morador de Santa
Teresa, passou mais de quatro anos estudando a história e a prática do
instrumento para compor sua tese acadêmica pela UFRJ. Agora, com
material precioso reunido, está finalizando um filme de média-metragem e
também um livro, que será publicado no início de 2013.

O
trabalho de campo começou pelo Rio, mas Rugero teve de percorrer sete
cidades que formam a rota da difusão do instrumento até hoje, sendo uma
delas Exu, em Pernambuco, cidade do ilustríssimo Januário, pai do
sanfoneiro Luiz Gonzaga, o Rei do Baião.

- O filme reúne nomes de
famílias influentes na propagação da cultura sanfoneira, entre elas os
Calixtos e os Gonzagas, que fizeram história com a canção "Respeita
Januário", composta por Gonzagão, o percussor dos caminhos para a
produção de discos, e até mesmo de composições instrumentais, a partir
da década de 40. O mito gravou 627 músicas em 266 discos, todas com a
sonoridade regional da sanfona - diz ele.

Durante o tempo em que
ficou submerso nas pesquisas, Rugero pôde concluir que o acordeão esteve
ameaçado de extinção, principalmente por falta de interesse da nova
geração de músicos, que o julgaram defasado, após a invenção da
moderninha sanfona de 12 baixos, que ganhou a fama de ser mais completa.

-
Percorremos o Brasil adentro, não há incentivo para a prática da
sanfona de oito baixos, que ainda continua restrita às áreas rurais.
Pouco existe das grandes festas espontâneas de bailes. Fui convidado
para tocar numa festa da parte rica da família de Luiz Gonzaga em
Recife, ficaram maravilhados quando toquei músicas de Januário e Luiz
Gonzaga. Eles não as conheciam.

O livro, que também será
publicado com incentivo da Funarte, trará minuciosos detalhes sobre o
panorama atual da relação do brasileiro com o instrumento. Que, segundo
Rugero, é muito popular hoje no Sul do país, por conta do músico
porto-alegrense Renato Borghetti:

- De Norte a Sul, o ritmo
plural da sanfona de oito baixos se faz presente na história. Hoje, ela
começa a ganhar a atenção que merece e a contemplação das pessoas, quase
o que aconteceu com o choro. Está virando cult, e a tradição agradece.

Além
da pesquisa, que virá à tona com o livro e o filme "Com respeito aos
oito baixos", Rugero mantém um blog que reúne material multimidiático
sobre o tema: sanfonade8baixos.blogspot.com.br

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