14 de dez. de 2010

A Guerra do Paraguai e a sanfona de 8 baixos - Leo Rugero

Talvez o ponto mais polêmico de meu ensaio "a sanfona de 8 baixos na música instrumental" seja a afirmação do acordeonista Guilherme Maravilhas, de que a sanfona teria sido introduzida na região nordeste no final da Guerra do Paraguai. Houve até mesmo quem colocasse em dúvida a autoridade do acordeonista carioca devido a essa afirmação. No entanto, o parecer de nosso prezado amigo não é de modo algum leviano e está amparado por antigos estudiosos da matéria. Camara Cascudo, em seu Dicionário do Folclore Brasileiro, afirma que: "No norte do Brasil a sanfona apareceu ao redor da Guerra com o Paraguai, entre 1865 e 1870".(CASCUDO, 1954, p.561). Porém, Cascudo não apresenta nenhuma explicação de como teria ocorrido este influxo. Podemos supor que os combatentes nordestinos teriam adquirido exemplares do instrumento possivelmente com os "brummer", cerca de mil e oitocentos soldados germánicos contratados pelo governo brasileiro em 1851 na Guerra do Prata. Os "brummer", eram conhecidos por tocar sanfona, e muitos se estabeleceram no Rio Grande do Sul. em período anterior à Guerra do Paraguai, tendo se tornado músicos, tocando em festas e batizados.Não é de todo inverossímel esta teoria de aproximação entre brummers e soldados nordestinos. Há uma quantidade enorme de sanfonas alemãs na Região nordeste, sobretudo da fábrica Koch - que deixa de existir em 1928, absorvida pela Hohner, cuja origem ainda é incerta.
 Estas sanfonas marcaram a geração de Januário, pai de Luiz Gonzaga e Seu Dideus, pai de Zé Calixto... O fato é que ainda há muito o que descobrir sobre a história da sanfona na região nordeste, mas a teoria da Guerra do Paraguai merece apreço e ao menos até o momento, não deve ser descartada.
Leo Rugero

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