29 de mai. de 2012

Intervalo de folia de reis



Publicado em 29/05/2012 por leorugero

Este vídeo foi gravado durante o Encontro de Folias de Reis promovido pela Folia de Reis Sagrada Família da Mangueira, ocorrido no dia 26 de maio de 2012.
O encontro ocorreu na quadra da Mangueira localizada na Candelária. Como explica o músico e pesquisador Daniel Bitter,* a Candelária é "uma das sub-regiões do Complexo da Mangueira" que concentra grande contingente de migrantes de Minas Gerais.
A Folia Sagrada Família tem suas origens históricas em Laranjal, município localizado na mesorregião da Zona da mata mineira. Acompanhando o deslocamento migratório, esta Folia adquiriu novas influências, adequando-se a padrões estético-culturais do novo ambiente em que se fixam seus descendentes. Atualmente coordenada pelo mestre Hevalcy Ferreira da Silva, a Folia de Reis Sagrada Família é um dos grupos da área metropolitana do Rio de Janeiro em plena atividade.
Neste Encontro de Folias de Reis, estiveram presentes outros grupos, não apenas da área metropolitana, bem como da Baixada Fluminense e da Região dos Lagos.
Estas festas revelam uma expressiva rede social composta por todas as faixas etárias. Cada grupo é normalmente formado por relações de parentesco e vizinhança.
A sanfona tem um papel importante na instrumentação das folias de reis do Rio de Janeiro. É o instrumento responsável pelos solos instrumentais e acompanhamento melódico e harmônico dos estribilhos instrumentais e das toadas cantadas. Também é o instrumento solista das marchas instrumentais e/ ou cantadas que acompanham a marcha dos foliões. Por fim, a sanfona também é responsável para pontuar as chulas, que acompanham a coreografia dos palhaços. Embora os acordeões diatônicos de oito ou doze baixos sejam os instrumentos utilizados tradicionalmente, devido a uma série de fatores, o acordeom-piano de 80 ou 120 baixos tem sido incorporado gradualmente. A princípio, isso tem ocorrido pela raridade de praticantes do acordeom diatônico, o que justifica, inclusive, a colaboração de pessoas externas à folia, a exemplo do meu caso pessoal. Porém, pelo que tenho observado, isso se deve não apenas a menor quantidade de praticantes do acordeom diatônico. A alta intensidade das folias fluminenses - o que se deve à incorporação de instrumentos de percussão das bandas marciais (tal como ocorreu anteriormente no samba), exige instrumentos melódicos de maior intensidade. Neste caso, os acordeões piano normalmente em quartas de voz costumam superar os acordeões diatônicos em segundas ou terças de voz.
Nos intervalos entre a chegada dos grupos, ocorre o divertimento dos praticantes, no qual os sanfoneiros e alguns percussionistas se reúnem para tocar um repertório de forrós, calangos ou modas caipiras.
Neste vídeo, o "esquenta", no qual toquei ao lado de Neguinho (Repique) e Meia-Lua (triângulo), sobre um ritmo de partido-alto com o tema improvisado na hora.



* Referência bibliográfica: Bitter, Daniel. A BANDEIRA E A MÁSCARA - A circulação de objetos rituais nas folias de reis. Rio de Janeiro, 7 Letras, 2008.

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