14 de dez. de 2014

Desabafo

Mesmo diante de minha contribuição crítica para o acordeon no Brasil - sobretudo o acordeon diatônico, vulgarmente chamado de fole, gaita ponto ou sanfona de oito baixos, mediante as comemorações do nascimento de Luiz Gonzaga, institucionalizado como "Dia Nacional do Forró", fiquei decepcionado por não ter sido convidado para participar de nenhum evento neste final de ano. Que esteja aqui registrado meu desabafo. Tenho a consciência do valor concreto de minha atuação no processo de revalorização do fole, sobretudo no estilo nordestino, sobre o qual se concentrou minha pesquisa e atuação nos últimos anos. Hoje, observo o crescente redimensionamento deste instrumento, que estava esquecido e vilipendiado por circunstâncias várias. Enfim, não me estenderei por demais, apenas lamentarei a falta de gratidão e companheirismo que tenho observado. É com tristeza que fecho este ano de 2014,  sem ter a certeza de que perseverarei nesta luta, pois, talvez, a relevância de minha pesquisa tenha fechado um ciclo, e cabe a mim, procurar outro rumo por onde caminhará minha existência futura, sabendo, conscientemente, de tudo o que foi semeado. Que novos ventos tragam novos ares e a esperada renovação ao fole de oito baixos...

21 de out. de 2014

Arcênio dos 8 Baixos - Lembrando o Negrão dos 8 Baixos

O Fole Roncou: EDITORIAL - ESPAÇO PARA OS SANFONEIROS DE 8 BAIXOS...

EDITORIAL - ESPAÇO PARA OS SANFONEIROS DE 8 BAIXOS - PROGRAMA 09


Espaço para os sanfoneiros de 8 baixos
25 de maio de 2013
No
dia de hoje queremos dividir com vocês, caros ouvintes, a nossa preocupação com
a falta de espaço para os sanfoneiros de 8 Baixos apresentarem seus trabalhos.
Temos acompanhado de perto, nos últimos 10 anos, em função de nossa pesquisa
sobre o fole, a luta dos mestres e dos novos talentos para serem reconhecidos
no mercado musical, porque sua arte está acima dessa conjuntura que reflete
muito a política cultural dos governantes, e é essa política que define na
maioria das vezes em nossa terra quem tem espaço e visibilidade.
A
arte desse instrumento de memória oral esteve bem perto de se perder há alguns
poucos anos atrás. Graças à garra de Arlindo dos 8 Baixos se dedicando a tocar,
ensinar, consertar e afinar os foles; à Luizinho Calixto que, junto com a
primeira gestão do Memorial Luiz Gonzaga, do Pátio de São Pedro do Recife,
realizou as primeiras oficinas para repassar o conhecimento do instrumento de
forma mais sistematizada em um método pioneiro que ele próprio vem
desenvolvendo; à Heleno dos 8 Baixos, que junto com Valdir Santos e João Bento,
montaram a primeira escola permanente para o ensino de 8 baixos no bairro de Vassoural,
em Caruaru, para as crianças e jovens da comunidade, tendo um de seus alunos, o
Ivison, já realizado turnê na Europa;
À
Heleno Truvinca, que passou vinte anos esquecido no Rio de Janeiro, mas agora
retoma sua carreira como um dos poucos, talvez o único a tocar as duas
afinações para este instrumento, e mostrou esse saber que é nosso patrimônio
cultural em mais de 100 apresentações pelo país afora através do SESC no
projeto SONORA BRASIL; à coragem de Roberto Andrade, de realizar o 1º Encontro
de Sanfoneiros de 8 Baixos no Recife; à Marcos Veloso, que continua realizando
o Encontro de Sanfoneiros do Recife, este ano na sua 16ª edição, sempre
convidando e homenageando os tocadores de fole; aos mestres de Santa Cruz do
Capibaribe, a Terra dos 8 Baixos, que retomaram a autoestima pelo instrumento,
criando a Orquestra Sanfônica de 8 Baixos daquela cidade. E tantos outros
anônimos amantes do instrumento que se dedicam a colecionar e divulgar em
sites, ou através de outros meios, a produção fonográfica e a história desses
artistas, como o pesquisador carioca Leo Rugero, essas sementes brotaram, e
hoje, as crianças e jovens voltaram a se interessar pelo instrumento, como o
Trio OS  CAÇULAS DO 8 BAIXOS, de Caruaru,
que já faz shows pela cidade.
É
toda uma rede que permanece invisível para o grande mercado da música, e com
tristeza vemos a dificuldade de inserção desses artistas nas grades de
programação do São João das nossas cidades. Os cachês propostos para alguns
poucos mestres consultados é aviltante, depois de tantos anos de luta e
preservação de nossa identidade musical, enquanto alguns expoentes de uma
música sem tradição e lastro são aclamados e agraciados com cachês exorbitantes
e numerosas apresentações. Precisamos repensar certas exigências que são colocadas
para os artistas receberem pelo seu trabalho, como a comprovação de cachês
anteriores. Como os novos podem comprovar cachês? Como os veteranos podem ter
um cachê mais decente, se estão atrelados à média do que foi proposto em anos
anteriores? É uma política de congelamento de cachês para os menos influentes,
com a desculpa de visibilidade e espaço?
Deixamos
aqui nosso desconforto e indignação com o tratamento que vem sendo dado aos
nossos mestres e artistas do fole de 8 baixos.
Esperamos
que essa arte continue resistindo até que possa existir com o reconhecimento
que merece.



Anselmo
Alves e Lêda Dias

19 de out. de 2014

'Los Gauchos de Roldán' Share Down-Home Dance Music Tradition From Rural...

Pampeana (Milonga) Walter Roldan y Jose Curbelo and Friends

Mario Mascarenhas e sua sanfona de 8 baixos

Quem diria...navegando pela Internet, encontrei uma fotografia do filme "O canto da Saudade"de Humberto Mauro, lançado em 1952. O protagonista era ninguém menos do que Mario Mascarenhas, célebre acordeonista, que ficou conhecido para a posteridade por sua intensa atividade como professor de acordeon na década de 1950.. Deixou vasta bibliografia, que inclui desde um famoso método até antologias de músicas populares e transcrições para acordeon de obras originalmente compostas para piano. A curiosidade na foto é a de Mascarenhas tocando uma sanfona de oito baixos Hohner. Acima, a atriz e protagonista do filme, a atriz Claudia Montenegro.

Segue a sinopse do filme:

"Coronel Januário candidata-se a prefeito da cidade. Maria Fausta, afilhada do coronel, é cortejada por Galdino, acordeonista da região, mas namora João do Carmo às escondidas do pai. Durante a campanha eleitoral, a moça desaparece. Após intensas buscas, Galdino a localiza, junto com seu namorado, em um esconderijo arrumado pelos padrinhos. O casal retorna e o coronel promove o casamento. Durante a festa, percebe a ausência de Galdino, que havia partido. Segundo a lenda da região, em certos dias, quem passa perto do canavial pode ouvi-lo tocando, triste, a sanfona, saudoso do amor da cabocla." (ALNS/DFB)



13 de set. de 2014

Pé duro dos 8 Baixos - No Forró do Pedro Sertanejo



Enviado em 05/11/2011
Mais um Vídeo extraído do Acervo do Tico dos 8 Baixos.
Pé Duro dos 8 Baixos também fez parte da Equipe de Sanfoneiros de 8 Baixos do do Pedro Sertanejo.
Neste
vídeo ele está sendo acompanhado pelo João dos 8 Baixos, que aparece
tocando zabumba. O João dos 8 Baixos é irmão do Raimundo dos 8 Baixos
que também fez parte desta equipe.

Pinho dos 8 Baixos - No Forró do Pedro Sertanejo



Publicado em 30/08/2014 no youtube por Everaldo Santana
Pedro Sertanejo mantinha no seu
famoso “Forró da Catumbí” nas décadas de 70 e 80 uma equipe de
Sanfoneiros de 8 Baixos, e só cabra bom no Pé de Bode. Pinho dos 8
Baixos e seu irmão Pé Duro dos 8 Baixos também fizeram parte desta
equipe. Também fizeram parte deste equipe o Quinka dos 8 Baixos,
Raimundo dos 8 Baixos, Diva dos 8 Baixos entre outros. Nesta época o
Forró da Catumbí era o Top e por lá passaram muitos forrozeiros que
fizeram sucessos nesta época cito Zé Gonzaga, Dominguinhos, Ary Lobo,
Messias Holanda, entre outros. O Pinho dos 8 Baixos que tocou no Forró
do Pedro Sertanejo era irmão do Pé Duro e já é também falecido;
atualmente existe outro Pinho dos 8 Baixos no Estado da Bahia que
continua tocando nos forrós desta região.
Todas as informações
referentes ao Forró da Catumbí que costumo colocar nas postagens dos
vídeos, me foram passada pelo meu amigo Castanheiro; cantor, compositor e
percussionista que trabalhou com o Pedro Sertanejo por mais de 20 anos.

7 de set. de 2014

Encontro com os Oito Baixos no Rio de Janeiro

No dia 06 de agosto de 2014, ocorreu o 1o Encontro com os Oito Baixos, idealizado por Mirele Maravilhas, Guilherme Maravilhas e Léo Rugero. O evento foi realizado no auditório do Parque das Ruínas, no Rio de Janeiro, e contou com as participações de Guilherme Maravilhas(Mará), a jovem acordeonista francesa Milèna Pastorelli, Léo Rugero e o mestre Zé Calixto. Entre os músicos convidados para o acompanhamento, estava o violonista Valter 7 cordas, epígono da velha-guarda do choro, além das participações especiais de Lars Hockerberg, Pacato e outros.
Com casa cheia, o evento foi uma boa demonstração das possibilidades da sanfona de oito baixos no estilo nordestino para o público carioca.

 On August 6, 2014, occurred the first "Meeting with the Eight Basses", designed by Mirele Maravilhas, Mará e Leo Rugero. The event was held in the auditorium of the Ruins Park, in Rio de Janeiro, and had the participation of Mará, a young French accordionist called Milena Pastorelli, the musician and researcher Léo Rugero and Calixto, recognized as a master.
With a completely crowded
theatre , the event was a good demonstration of the possibilities of the diatonic eight basses button accordion in the Brazilian Northeastern style.


Seguem abaixo algumas fotos do evento clicadas por Milena Sá:



 Valter 7 cordas, Guilherme Mará e Zé Calixto











Léo Rugero

30 de jul. de 2014

Rio Araripe no programa Mano a Mano com a Poesia

"Mano a Mano com a Poesia" é o nome do prograqma de auditório apresentado por Mano Melo e Cristina Bittencourt na rádio Roquete Pinto FM. O programa é exibido mensalmente, sendo gravado ao vivo no espaço cultural Midrash no Leblon.
Sendo um dos poetas mais criativos e atios de sua geração, Mano Melo também é um exímio ator e declamador de poesia, o que torna seu programa fascinante. Além disso, a presença da Banda de Programa, grupo musical liderado pela violinista Claudia Barcelos, confere um colorido especial ao programa.
Na última segunda-feira, o grupo Rio Araripe foi convidado a participar.O grupo se apresentou com Léo Rugero (sanfona de oito baixos e voz), Rodrigo Sebastian (baixo elétrico), Anderson Sabadine (triiángulo e percuteria) e Cacá Pitrez (zabumba).
A apresentação foi contagiante, tendo o grupo e a plateia pouco numerosa embora seleta, estabelecido uma comunicação mágica, com o público cantarolando as melodias em voz alta, batendo palmas e até mesmo dançando.
Para nós, integrantes do grupo Rio Araripe, esta foi uma experiência fascinante e muito enriquecedora. Abaixo, algumas fotos registradas por Claudia Barcelos.









4 de jul. de 2014

Concertina - um dos nomes da sanfona de oito baixos - texto de Léo Rugero

Hoje, de passagem pela Associação Brasileira da Literatura de Cordel, em Santa Teresa, Rio de Janeiro, sentei para conversar com Gonçalo Ferreira da Silva, presidente e acadêmico da cadeira 01. Figura simpática, Gonçalo esbanja conhecimento e generosidade em transmitir seus conhecimentos sobre a literatura popular. Falando sobre a sanfona de oito baixos, Gonçalo se recordou do termo "Concertina". Segundo ele, era este o termo adotado entre os praticantes cearenses na primeira metade dos séc.XX. Esta observação suscitou a lembrança de uma décima por ele escrita para a antologia  "Louvando Luiz Gonzaga", onde a referência ao termo "concertina" é empregado. Abaixo, transcrevo os belos versos de Gonçalo Ferreira da Silva:

Da humilde Concertina
Ao pomposo acordeom
Gonzaga mostrou o dom
Para canção nordestina
O baião foi sua doutrina
O Nordeste seu cenário
E agora com Januário
na residência celeste
Esta cantando o Nordeste
Lembrando seu centenário

30 de jun. de 2014

Sanfona de Oito Baixos - Mapas de afinação natural

Muito legal esta página com os mapas do acordeon diatônico em duas fileiras de botões na afinação natural em Sol/só, dó/fá ou lá/ré e a formação dos principais acordes. Clique abaixo para acessar a página

http://leandron.github.io/accordion-map/index.html


24 de jun. de 2014

Aulas de Sanfona de Oito Baixos - Estilo Nordestino

Muitas pessoas visitam nosso blog em busca de informações sobre aulas de sanfona de oito baixos. Não são muitos os professores deste instrumento e não há nenhuma relação destes mestres na Internet. Atualmente, há dois pólos especializados no ensino de sanfona de oito baixos em estilo nordestino, a Escola de Sanfona de Oito Baixos deCaruaru  e o pólo de ensino de sanfona de oito baixos em Campina Grande.

 Então, segue aqui um primeiro esforço de listar os sanfoneiros e o contato de email, por motivo de segurança e privacidade. Vale citar que nesta lista estão apenas os sanfoneiros que se dedicam ao estilo nordestino em afinação transportada, considerando que tanto o sanfoneiro Truvinca, em Recife, como Léo Rugero, no Rio de Janeiro, utilizam as duas afinações mais conhecidas, a transportada (nordestina) e natural (gaúcha).

Nordeste:

Campina Grande, Paraíba -Luizinho Calixto - luizinhocalixto@hotmail.com
Caruaru - Heleno dos Oito Baixos - contatos com sua filha, Lenilda Veríssimo - leniverissimo@hotmail.com
Ivison Santos - pode ser localizado no facebook https://www.facebook.com/ivisonsantossilva.santos?fref=ts
Crato - Guilherme Maravilhas (Mará) - guilherme.maravilhas@gmail.com
Recife - Truvinca - não dispõe de contato por email, não sabemos como localizá-lo atualmente.

Sudeste:

Guarulhos, São Paulo - Heleno dos oito baixos - contatos com sua filha, Lenilda Veríssimo - leniverissimo@hotmail.com
Embu das Artes, São Paulo - Lene dos Oito Baixos
Rio de Janeiro - Léo Rugero - leorugero@gmail.com



Bem, podem existir outros sanfoneiros de oito baixos desenvolvendo atividade de ensino do instrumento no estilo nordestino, mas, por hora, desconhecemos. Excelentes instrumentistas como Zé Calixto, por exemplo, não ensinam, a não ser para seus discípulos e amigos diretos. Portanto, caso alguém saiba de algum sanfoneiro especializado na afinação transportada em atividade profissional na área educacional, entre em contato conosco.

21 de jun. de 2014

Em defesa da memória de Arlindo dos Oito Baixos


Em defesa da memória de Arlindo dos Oito BaixosFamiliares, amigos e músicos tentam manter viva a tradição dos oito baixos em Pernambuco

AD Luna - Diarios Associados
Publicação: 20/06/2014 16:00 Atualização: 20/06/2014 18:59
Foto: Julio Jacobina/DP/D.A Press
Foto: Julio Jacobina/DP/D.A Press
Em outubro do ano passado, a voz e a sanfona de Arlindo dos Oito Baixos silenciaram. Nascido em 1942, na cidade de Sirinhaém, Mata Sul de Pernambuco, o músico era um dos grandes mestres desse instrumento de difícil execução. Oito meses depois da partida dele, familiares, amigos e músicos tentam manter viva a tradição dos oito baixos em Pernambuco.
Um dos grandes sonhos de Arlindo era fazer o maior número de discípulos musicais possível. Ele costumava dar aulas particulares em sua casa, no Bairro de Dois Unidos, e queria ver crianças e jovens da sua comunidade tocando.

Arlindo transformou o quintal de sua casa em espaço para apresentações. No Forró de Arlindo, que funciona no quintal de sua casa, ele costumava tocar para e com os amigos e fazer o povo se divertir ao som da sua arte. Além das festas, que neste mês ocorrem semanalmente, a família do cantor e sanfoneiro deseja abrigar uma escola e um memorial no espaço.

Na parte educacional, a ideia é oferecer cursos de zabumba, triângulo, canto, dança e, claro, de sanfona. Quanto ao museu, Raminho da Zabumba, filho do sanfoneiro, conta que a família está reunindo e catalogando materiais relacionados à memória de Arlindo dos Oito Baixos. "Tem muita gente que liga pedindo pra conhecer o local, até em dias de semana”, expõe.

Segundo Raminho, seu pai tentou fazer parceria com governos municipal e estadual para ampliar o trabalho, mas não obteve sucesso. Outra dificuldade para levar o ensino do instrumento amado por Arlindo é dificuldade em tocar o instrumento. “Muitos desistiam de tocar a sanfona de oito baixos e mudavam para a de 120, que é mais fácil”, expõe.

Em família
O sanfoneiro, cantor e compositor Aécio dos Oito Baixos, 56 anos, tem marcado presença no Forró de Arlindo, durante os domingos à tarde. Ele é irmão do mestre criador da festa e tenta levar à frente a tradição dos oito foles. “Quando peguei na sanfona, pela primeira vez, tinha 12 anos. Mas meu pai não deixou”, relembra.

O irmão Arlindo bem que tentou incentivá-lo nessa época, doando-lhe uma sanfona de oito foles. “Eu achava bonito ele tocar. Meu pai não queria, dizia pra eu estudar e acabou vendendo o instrumento”, lamenta Aécio, que mora em Ponte dos Carvalhos, distrito de Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife.
Aécio se aquietou por uns tempos. Depois que seu progenitor partiu, se voltou novamente para a sanfona. “Faz uns 15 anos. Já tava casado. Isso atrapalhava um pouco porque você tem outra vida e não pode se dedicar totalmente”, conta.

No entanto, com persistência e ajuda do irmão, ele foi evoluindo e hoje se diverte e diverte os outros tocando com uma banda que montou para lhe acompanhar. Possui três CDs, sendo que o último, Eu e tu, foi feito em parceria com Arlindo dos Oito Baixos.

O dinheiro dos shows, porém, é pouco. A maior parte do seus sustento vem do trabalho como protético.  Aécio é casado há 31 anos, tem dois filhos e um neto.

entrevista//Lêda Dias
A pesquisadora e cantora foi uma das privilegiadas alunas de Arlindo dos Oito Baixos. Ela define como “riquíssima” a experiência de aprendizado que teve com o artista. “Não foi uma experiência de aprendizado comum. Envolveu uma vivência como os antigos faziam, de aprendiz e mestre de ofício, de tradição oral, como ainda ocorre o aprendizado do fole de 8 baixos em geral”.
Foto: Breno Laprovitera/Divulgação
Foto: Breno Laprovitera/Divulgação


De que forma a herança artística de Arlindo tem sido perpetuada?Através de suas gravações e dos seus intérpretes. Mas precisamos reforçar essa memória musical, porque parece que o instrumento está novamente entrando numa fase de esquecimento. Há algum tempo temíamos que o fole de 8 baixos fosse completamente esquecido. O próprio Arlindo fez esse apelo, para que não deixássemos o fole morrer. Depois, houve um interesse crescente sobre a sanfona de 8 baixos, e muitos sanfoneiros se animaram, colocaram o fole no peito, e muitos começaram a pesquisar e produzir conteúdo sobre o pé-de-bode. Hoje vejo muitos sanfoneiros se queixando que não tem mais palco. Quantos vemos tocando no São João? No próprio palco que tem o nome de Arlindo, em sua homenagem, quantos vão tocar? Se não houver um empenho de preservação de um instrumento tão importante, o que garantirá a sua continuidade?

Quem seriam os principais continuadores da tradição da sanfona de oito baixos em Pernambuco e no Nordeste?Em Pernambuco temos Baixinho dos 8 Baixos em Vicência, que não vive só da música, mas também trabalha como mestre de obras. Em Salgueiro temos Antônio da Mutuca, que também vive da roça. Alguns estão tentando ensinar aos mais jovens. Nego do Mestre em Salgueiro e o próprio Baixinho em Vicência. Em Campina Grande tem Luizinho Calixto ensinado. Mas é preciso que formemos novos públicos, novos instrumentistas.

19 de jun. de 2014

Em memória de Negrão dos Oito Baixos


Sempre admirei o trabalho de Negrão dos Oito Baixos, desde que tomei conhecimento de seu trabalho. Instrumentista inventivo, aprecio particularmente a primeira fase de sua carreira, com ênfase mais instrumental. Sua destreza é lembrada por Zé Calixto, que afirmou por vezes que ele foi o principal sanfoneiro de oito baixos vindo da Bahia, ao lado do filho mais afamado deste estado, Pedro Sertanejo. Enock Lima me disse que Gonzagão gostava muito de seu dedilhado e parece que o rei do baião sabia das coisas. Infelizmente, sei pouco a respeito deste mestre do instrumento, e fico feliz que a matéria abaixo referencie o documentário "Com Respeito aos Oito Baixos". Se Negrão dos Oito Baixos foi lembrado é porque jamais haveria de ser esquecido. Onde quer que estejas, será semmpre fonte de inspiração aos sanfoneiros de oito baixos de hoje, ontem e sempre. Segura o fole Negão, que ele é seu.

                                                                                                                                  Léo Rugero
  

Água Fria – Comunidade onde nasceu e viveu Negão dos Oito Baixos quer mais apoio

maio 10, 2014 em Sem categoria
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A equipe do Girando Pela Bahia, visitou a Fazenda Jacaré, em Água Fria, distante 20 km da sede do município, as margens da principal estrada de acesso ao distrito de Pataíba, onde nasceu André Araújo, mais conhecido por Negão dos Oito Baixos, um dos inúmeros instrumentistas brasileiros à espera do merecido reconhecimento póstumo pelo conjunto de sua obra como destacado instrumentista, cantor e compositor. Negão morreu a dezenove anos vítima de câncer.
O GB encontrou o ex-vereador Jacó Cardoso da Silva (PMDB), hoje membro da Igreja Batista Lírio dos Vales, cantor gospel, gravou dois CDs evangélicos, mas não esquece do período que trabalhou fazendo a segunda voz no grupo de forró liderado pelo cunhado sanfoneiro, Negão dos Oito Baixos. Além de Jacó, Laudelino e Clemente, irmãos de Negão, também integrava o grupo.   
IMG-20140509-WA0010Jacó (foto) contou que o Negão ganhou muito dinheiro e naquele tempo trazia dentro de “sacolas”, pois não tinha risco de assalto. Ele lamenta apenas a falta de respeito das gravadoras que não pagavam o que é justo para o Negão e lembrou que foram gravados em São Paulo 21 LPs. Negão não deixou filhos.
Muito amigo de Luiz Gonzaga, Jacó disse que uma das últimas viagem que fez ao lado do Negão fora do estado, foi em 1989, foi a cidade de Juazeiro do Norte, para participar do velório e enterro do rei do Baião. Ele se emocionou ao falar sobre o enterro acompanhados por mais de 50 mil pessoas e cantou o estrofe de uma das músicas do Rei: “Minha vida é andar por esse país pra ver se um dia descanso feliz Guardando as recordações das terras onde passei. Andando pelos sertões e dos amigos que lá deixei”.
Negão morreu ao cinquenta anos e o último show foi realizado durante uma festa de Vaqueiros no Parque Manelito Argolo, em Entre Rios. Ao sentir mal, foi para São Paulo e depois voltou para Salvador, onde morreu.
Músicas conhecidas gravada pela gravadora Beverly, como selo AMC, no ritmo arrasta-pés “Quero me casar” e “Noite de São João”, contando com a participação especial da dupla caipira Mestiça e Zulmara, fizeram muito sucesso e Jacó disse que foi um disco muito bem produzido, com um instrumental afiado composto por violão, cavaquinho, afoxé, agogô, triângulo e zabumba.
 O Negão foi lembrado no documentário ” respeito aos Oito Baixos”, um documentário do músico e pesquisador Léo Rugero, realizado através do Prêmio Centenário de Luiz Gonzaga 2012. O filme narra a trajetória da sanfona de oito baixos na música nordestina, contando com o depoimento de sanfoneiros e pesquisadores como Zé Calixto, Luizinho Calixto, Geraldo Correia, Anselmo Alves e Lêda Dias  e foi filmado nos estados de Pernambuco, Paraíba e Rio de Janeiro, consiste em um belo documento sonoro e visual da música nordestina. Para adquirir um exemplar do DVD, entre em contato conosco.
André Araújo, mais conhecido como “Negrão dos Oito Baixos” foi um sanfoneiro baiano que atuou principalmente em São Paulo, aonde desenvolveu intensa carreira profissional desde o início da década de 1970 até o final dos anos 80, quando veio a falecer.
IMG-20140509-WA0015A comunidade onde viveu o Negão – Líderes das comunidades ao entorno a Fazenda da Jacaré, estiveram reunidos com o vereador Wagner Carneiro Ribeiro (PP), discutindo os problemas que envolve a região, ou seja, as comunidades de Bate e Não Escuta e Nova, que sofrem com a falta d’água, e estrada. Wagner destacou a força econômica da região, principalmente na questão da agricultura familiar e falta estrada de qualidade para escoamento dos seus produtos.
Redação: Girando pela Bahia