Semana de grandes perdas para o acordeon brasileiro. Hoje, quem se
despede do plano terreno é Mangabinha. Ao lado de Voninho e Zé Cupido,
foi um dos mais representativos intérpretes profissionais do estilo
acordeonístico do Sudeste. Também teve um papel representativo como
cancionista no cenário da música sertaneja, através de sua atuação ao
lado do famoso trio Parada Dura. Seu contato com a música foi iniciado
através da sanfona de oito baixos. seu estilo no acordeon de 120 baixos
trazia muito da herança do "pé de bode"mineiro: as terças paralelas em
estilo "duetado". os trinados na cadência final das frases, a construção
diatônica das melodias, o uso dos acordes principais de tônica,
subdominante e dominante, as linhas de baixo inspiradas nos bordões de
sete cordas, enfim...os ritmos de calango, rancheira, rasqueado,
polca...estava tudo ali. Descanse em paz, Mangabinha, eterna influência
aos sanfoneiros deste Brasil. Obrigado pelo que nos deixou...Abaixo, o
link de um disco com Mangabinha tocando sanfona de oito baixos, trabalho
verdadeiramente raro que compartilhei neste blog há cerca de três anos
atrás.
Espaço reservado para a divulgação de informações e estudos sobre a sanfona de 8 baixos no Brasil. The brazilian eight basses button accordion blog. fole de 8 baixos, gaita-ponto de 8 baixos, acordeón diatónico, accordéon diatonique, diatonic accordion, acordeon diatônico etc.
23 de abr. de 2015
21 de abr. de 2015
Camarão (1940 - 2015)
Reginaldo Alves Ferreira, artisticamente conhecido como "Camarão" foi uma das maiores expressões do acordeon nordestino. Nascido em Brejo das Almas, Pernambuco, em 23 de junho de 1940, vindo a falecer hoje, 21 de abril de 2015, em Recife, onde residia com a esposa, no bairro de Areias.
Além de inventivo acordeonista, Camarão era compositor e professor, sendo um dos poucos mestres que conjugava o aprendizado de tradição oral com a escrita musical, era adepto do método do acordeonista carioca Alencar Terra, fato que só é conhecido por aqueles que com ele estudaram.
Tive a oportunidade de conhecer Camarão em 2009, quando visitei-o em sua residência. Deste primeiro encontro, guardo uma entrevista e algumas fotografias.
Embora tenha sido reconhecido fundamentalmente por sua contribuição como acordeonista e renovador do forró - a primeira "banda"de forró com formação diferenciada, foi um conceito empregado por Camarão nos bailes recifenses da década de 1970, Camarão também era um representante do fole de oito baixos, seu primeiro instrumento.
Seu álbum de estreia, em 1964, intitulado "Lá vai Braza", trazia a baila seu estilo único no fole de oito baixos. Até hoje este disco é uma referência a todos os instrumentistas de fole e se constituiria no único trabalho de Camarão como solista de oito baixos
Em meu livro "Com Respeito aos Oito Baixos"dediquei um subcapítulo ao mestre Camarão, baseado em um depoimento do próprio mestre sobre sua vida e com algumas fotografias que ele havia cedido para que fossem publicadas. Abaixo, transcrevo uma passagem do livro "Com Respeito aos Oito Baixos", que, infelizmente, por motivo de força maior, não chegou às mãos do mestre em tempo hábil.
Na tenra infância aprendeu a desvendar os segredos da sanfona com o pai, o sanfoneiro e afinador Antônio Neto, a quem acompanhava nos bailes do agreste pernambucano. Segundo Camarão, a afinação transportada era localmente denominada de si-bemol.
Alguns anos mais tarde, Camarão ingressaria na Rádio Jornal do Comércio de Caruaru como acordeonista de cento e vinte baixos. Assim como ocorre com outros instrumentistas, Camarão opta pela sanfona de teclado devido aos recursos harmônicos do instrumento. Até que um dia, surge a oportunidade para gravar um disco pela gravadora Rosenblit. No entanto, conforme ressalta o sanfoneiro, “só queriam oito baixos, era na época que estava naquela febre de Zé Calixto, Geraldo Correia, porque vendia muito. As fábricas não queriam acordeonistas, queriam sanfoneiros de oito baixos”.204
Segundo conta o próprio Camarão, ele adquiriu uma sanfona de oito baixos especialmente para a realização do disco. Com o auxílio de um cavaquinista, preparou os arranjos do repertório que havia sido composto especialmente para o disco em apenas duas semanas antes das gravações. A gravação foi realizada ao vivo, “em um único dia”. Como resultado desta empreitada, nasceu o emblemático disco “Lá vai brasa” pelo selo Mocambo.
O fato mais intrigante deste trabalho, segundo Camarão, se deve ao fato de que ele utilizou uma sanfona em um sistema de afinação desconhecido. Sendo assim, “as músicas foram feitas para aquele instrumento. Se eu fosse pegar em uma sanfona de oito baixos e tentar tocar aquelas músicas da maneira que eu compus, elas não sairiam”. Depois que o disco foi lançado, Camarão se desfez da sanfona de oito baixos, vindo a escolher o acordeon de cento e vinte baixos como seu instrumento de devoção.
Nas palavras de Camarão, “o oito baixos é um instrumento misterioso. Tem várias afinações e é muito difícil de encontrar”. Devido a qualidade intrínseca deste trabalho de estreia, Camarão deixou influente contribuição ao instrumento, admirado inclusive por colegas instrumentistas da estirpe de Zé Calixto e Arlindo dos 8 baixos.
Alguns anos mais tarde, Camarão ingressaria na Rádio Jornal do Comércio de Caruaru como acordeonista de cento e vinte baixos. Assim como ocorre com outros instrumentistas, Camarão opta pela sanfona de teclado devido aos recursos harmônicos do instrumento. Até que um dia, surge a oportunidade para gravar um disco pela gravadora Rosenblit. No entanto, conforme ressalta o sanfoneiro, “só queriam oito baixos, era na época que estava naquela febre de Zé Calixto, Geraldo Correia, porque vendia muito. As fábricas não queriam acordeonistas, queriam sanfoneiros de oito baixos”.204
Segundo conta o próprio Camarão, ele adquiriu uma sanfona de oito baixos especialmente para a realização do disco. Com o auxílio de um cavaquinista, preparou os arranjos do repertório que havia sido composto especialmente para o disco em apenas duas semanas antes das gravações. A gravação foi realizada ao vivo, “em um único dia”. Como resultado desta empreitada, nasceu o emblemático disco “Lá vai brasa” pelo selo Mocambo.
O fato mais intrigante deste trabalho, segundo Camarão, se deve ao fato de que ele utilizou uma sanfona em um sistema de afinação desconhecido. Sendo assim, “as músicas foram feitas para aquele instrumento. Se eu fosse pegar em uma sanfona de oito baixos e tentar tocar aquelas músicas da maneira que eu compus, elas não sairiam”. Depois que o disco foi lançado, Camarão se desfez da sanfona de oito baixos, vindo a escolher o acordeon de cento e vinte baixos como seu instrumento de devoção.
Nas palavras de Camarão, “o oito baixos é um instrumento misterioso. Tem várias afinações e é muito difícil de encontrar”. Devido a qualidade intrínseca deste trabalho de estreia, Camarão deixou influente contribuição ao instrumento, admirado inclusive por colegas instrumentistas da estirpe de Zé Calixto e Arlindo dos 8 baixos.
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