16 de mar. de 2011

Adeus, Chiquinha Gonzaga (1927 - 2011)


Francisca Januário (1927 - 2011) ficou para a posteridade com o nome artístico de Chiquinha Gonzaga. Homônima da maestrina carioca, Chiquinha Gonzaga era a irmã caçula de Luiz Gonzaga.  Nascida no municipio de Exu, no sertão pernambucano, começou a se interessar pela sanfona de 8 baixos ainda menina, observando os dedos mágicos de seu pai, Januário. Porém, tocar fole de oito baixos, era visto como "coisa de homem", e Dona Santanna não olhava com bons olhos a admiração de Chiquinha pelo instrumento. Na letra do belíssimo forró autobiográfico "Minha Infância"(Chiquinha Gonzaga - Casemiro Vereda), está presente o relato de Chiquinha a respeito do desafio de uma mulher se tornar sanfoneira. 
"Este forró, meu benzinho, traz recordação
de minha infância no Exu do meu sertão.
Meu pai tocava sanfona de oito baixos
também eu queria tocar, mamãe dizia que não,
agora eu toco e tenho fama no sertão"
Seu primeiro trabalho profissional foi ao lado de seu pai e de seus irmãos, quando foi criado o grupo "Os Sete Gonzagas", constituído por Januário e seus filhos. O grupo atuou com grande sucesso no ano de 1952, realizando apresentações inesquecíveis nas rádios Tamoio, Tupi e Nacional.. Porém, logo em seguida, Chiquinha se casou, afastando - se dos palcos. 
Os Sete Gonzagas

Em 1955, a RCA - Victor gravaria dois discos de 78 rotações, com "Januário, seus filhos e seus oito baixos". Entre as músicas gravadas, estavam "P`ronde tu vái, Lui?", parceria de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, onde os irmãos, Chiquinha e Luiz, cantavam num delicioso dueto em forma de chamada e resposta:
" - P`ronde tu vai, Luí?
- Eu vou pra casa dela.
- Fazer o que, luí?
- Eu vou carregar ela."

Apenas em 1973, por insistência do irmão Severino Januário, retornaria aos palcos. E consequentemente, começava a gravar seus primeiros trabalhos autorais, nos discos "Penerô Xerem", selo RS, com data de lançamento desconhecida, e o excelente disco "Chiquinha Gonzaga e Severino Januário", lançado pela gravadora Nordeste, em 1978.
Em 2002, à convite de Gilberto Gil, voltou a gravar, sentido - se reestimulada com os elogios do compositor baiano, que lhe disse: "Você foi a primeira mulher que tocou com ′isso' debaixo do braço, vai ter que tocar". O apoio do então Ministro da Cultura resultou na gravação do CD "P`ronde tu vai, Luiz?", e, em certo sentido, permitiu a redescoberta de Chiquinha.
Seu último trabalho gravado foi a produção independente "8 e 80", lançado em 2006, 

Fica a saudade daqueles que admiravam esta artista, que, ao lado de seus irmãos, Luiz Gonzaga, Zé Gonzaga e Severino Januário, e de seu pai, Januário, constituiu o núcleo fundamental na consolidação da música popular nordestina, em especial, na vertente que se expressa pelos instrumentos da família dos foles, dos 8 aos 120 baixos... 

Adeus, Chiquinha Gonzaga.

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