Há exatos dois anos atrás, criei este blog, no intuito de preencher uma lacuna, constituindo um espaço de informações sobre o fole de oito baixos. Sendo minha pesquisa acadêmica voltada à expressão nordestina deste pequeno acordeão de botões, é notório que durante este tempo, houve maior concentração ao redor dos representantes do instrumento no estilo nordestino. Porém, também houve a tentativa de contemplar a gaita - ponto sulista, e a sanfona no contexto do calango mineiro. Neste país de referidas dimensões territoriais, isto não é tarefa das mais fáceis...
No último semestre, houve aumento considerável de procura por este blog, o que culminou nos últimos três meses, com estatística diária que ultrapassa nossas modestas espectativas iniciais. Isso forçou - me a estar mais atento a este espaço, rastreando matérias e buscando trazer novidades diárias. Temos recebido e - mails de amigos dos mais diferentes pontos do país. Comentários, sugestões, considerações, críticas. Isso tem sido interessante, e demonstra, que, de fato, há uma rede expressiva de pessoas que compartilham entre si algum tipo de envolvimento com a sanfona de oito baixos. Através deste espaço, tenho feito novas amizades com músicos, colecionadores, produtores ou, simplesmente cultuadores deste instrumento. Acredito, ingenuamente, que "a união faz a força" e também, que, "uma andorinha só não faz verão". E aí entra o papel decisivo dos colaboradores deste blog, pessoas como João Bento, José Lobo e Everaldo Santana, que somam suas experiências e informações pessoais com as nossas, ajudando em muito nosso trabalho, e fazendo com que não estejamos solitários nesta empreitada.
Minha relação com este instrumento começou há quatro anos atrás. Na ocasião, verifiquei que não havia informações técnicas sobre a sanfona de oito baixos brasileira em circulação na internet, e as referências literárias eram, em sua maioria, em língua estrangeira. Porém, encontrei abundante quantidade de sites especializados no instrumento, situados na Itália, Espanha, França, Uruguai, entre outros países. Não havia praticamente nenhuma referência sobre o estilo brasileiro, nossos intérpretes e repertórios. Este panorama praticamente desértico de informações e a pouca visibilidade da prática brasileira no cenário internacional, foi o que me conduziu a iniciar minha pesquisa sobre este instrumento.
Neste ínterim, ocorreram duas situações que propiciaram que este caminho fosse traçado. A primeira, foi o convite do consultor Fernando Ximenes, para que eu escrevesse um ensaio sobre o instrumento para a enciclopédia on - line "Músicos do Brasil". Tive um ano para fazer o levantamento de fontes e dados e escrever o que constituiu o primeiro levantamento sobre a prática profissional de sanfona de oito baixos no Brasil. Este trabalho, do qual tenho muito orgulho, tem sido muito plagiado na Internet, o que obrigou - me a entrar em contato com vários sites para que fosse creditada a referência, havendo até o caso extremo de um escritor que, tomando por empréstimo quinze parágrafos do referido ensaio, sequer citava a fonte na qual havia recolhido o texto. Porém, graças à denúncia de Fernando Ximenes e de Samuel Araújo, conseguimos reaver a autoria. A segunda coisa importante foi conhecer Zé Calixto, por intermédio de Zé do Gato, acordeonista e consertador de sanfonas da Feira de São Cristovão.
Zé Calixto foi fundamental para que eu pudesse ter a chave de acesso ao estilo nordestino da sanfona de oito baixos e também, conhecer uma expressiva rede de pesquisadores e músicos. Tornamo - nos grandes amigos e começei, então, a aprender a tocar a sanfona em "afinação transportada", tendo, como mestre, um representante privilegiado, sendo Calixto, uma referência histórica deste instrumento. Isto possibilitou que pudesse, no ano de 2008, empreender uma pesquisa mais aprofundada sobre a sanfona de oito baixos na região nordeste, através da pós - graduação da UFRJ - Universidade Federal do RIo de Janeiro, na área de Etnomusicologia, que neste momento, encontra - se em sua fase final.
Se falavamos em "extinção" desta prática em 2007, não é isso o que se observa hoje, tal a quantidade de praticantes do instrumento que tem se revelado em cada canto deste país. Também observamos nossa contribuição, ao lado do trabalho de outros pesquisadores, como Lêda Dias e Sulamita Vieira, possibilitando maior visibilidade a esta prática sonora, que encontra na tradição gaúcha e no estilo nordestino, vertentes peculiares diante do panorama internacional do instrumento.
É isso, vamos em frente!
Léo
ResponderExcluirsó para dizer como tem sido importante o trabalho que você vem fazendo. Me congratulo e me irmano nessa luta.
Grande abraço
É bom saber que este Blog vem crescendo, pois é mais um veículo para divulgar nossa cultura.
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