22 de mar. de 2012

Sonora Brasil - Sotaques do fole

Neste ano, prossegue o projeto Sonora Brasil, uma iniciativa do SESC  Nacional, de imensa importância para a música brasileira. Através do projeto, são realizadas apresentações de eminentes representantes de diferentes temas, escolhidos bienalmente. No biênio 2011/2012, temos os projetos "Sagrados Mistérios: vozes do Brasil", dedicado a diferentes expressões  e "Sotaques do fole", como indica o título, uma pequena representação da vasta expressão dos acordeões no Brasil.
Como explica o texto de apresentação do projeto, "ˆSotaques do fole apresenta o acordeão em suas variantes regionais ligadas a tradição oral", estabelecendo um contraponto com a escassa produção de música de concerto dedicada ao instrumento. Deste modo, foram escolhidos Gilberto Monteiro, Truvinca, Dino Rocha e o duo Tagliaferri/Kramer. Como parte do projeto, foi elaborado um livro com a apresentação do projeto, um excelente artigo escrito por Leda Dias e as descrições dos artistas envolvidos.

gaita-ponto

Em toda a região Sul, o termo "gaita" se consagrou como designação mais utilizada para os acordeões. Gaita-ponto é o termo correntemente utilizado para o acordeom diatônico e cromático de botões. Gaita-pianada é o acordeom piano.
Gilberto Monteiro é uma das expressões de maior destaque da gaita-ponto no Rio Grande do Sul. Para este projeto, preparou um repertório específico, baseado nas danças tradicionais que envolvem o baile gaúcho.

fole de oito baixos

Certa vez, conversava com Zé Calixto, quando ele me disse que no seu tempo de infância, o pequeno acordeom diatônico era conhecido como "fole de oito baixos" ou, simplesmente, "fole". No Rio de Janeiro, cidade que sediou as intensas produções fonográficas voltadas ao mercado nordestino à partir da década de 1950, o fole virou "sanfona".
 Heleno Pereira dos Santos, apelidado por Zé Calixto de "Truvinca" (sinônimo de cachaça), é um sanfoneiro pernambucano, que como ele mesmo já me disse, representa o estilo "pé duro" dos sanfoneiros do sertão pernambucano, sobretudo da microregião que envolve a bacia hidrográfica do Pajeú. Entre as centenas de músicos nordestinos emigrados, atuou profissionalmente no famoso "forró  66" e gravou um LP na virada da década de 1980. Trabalhou como porteiro em Copacabana, e tendo recentemente se aposentado, retomou suas atividades profissionais de sanfoneiro, o que, aliás, nunca deixou completamente.

Dino Rocha e o chamamé

Dino Rocha, "o rei do chamamé" é um destacado acordeonista matogrossense, que absorveu os ecos da música da região cisplatina em seu estilo, representando a adaptação local para o Chamamé correntino.
O acordeom e a música de câmara

Por fim, o duo formado por Toninho Ferraguti e Bebê Kramer preparou especificamente para o evento, um programa com uma perspectiva de levantamento de uma produção acadêmica para o acordeom piano.


Este ano, o "Sotaques do fole" percorrerá as unidades do SESC nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Aos amigos destas regiões, fiquem atentos a programação, quem sabe, um destes artistas possa estar aportando por vossa cidade...

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