11 de nov. de 2011

Nesta manhã, retornei de uma breve ida à Vitória. Fui ao Congresso da ABEM (Associação Brasileira de Educação Musical) no intuito de proferir uma pequena conferência de um artigo intitulado "O Dom e o Desafio - Um Estudo sobre o aprendizado tradicional da sanfona de oito baixos na região Nordeste". Também foi uma oportunidade valiosa para assistir ao trabalho de outros conferencistas, rever amigos e estabelecer novos contatos. De quebra, pude assistir a aula de encerramento do curso do professor Samuel Araújo, sempre trazendo questões enriquecedoras e pertinentes. Entre os momentos marcantes desta viagem tão fugaz, o inesquecível diálogo com o percussionista sul-africano Meki Nzewi, verdadeira aula de sabedoria africana através da música.
No que tange à sanfona, a experiência marcante desta viagem foi conhecer um artesão residente no bairro Soteco, em Vilha Velha, por nome de Antônio. Ele tem uma pequena loja, misto de antiquário e atelier, onde vende móveis e instrumentos antigos, além de trabalhar no conserto e venda de acordeões. Figura espirituosa e apaixonado pelos instrumentos de fole, revela-se um dinâmico artesão, que de forma auto-didata, através da observação de vídeos e textos na Internet, tem solidificado seus conhecimentos acerca dos acordeões. 
Começamos a conversar sobre sanfona de oito baixos, e ele resolveu me mostrar uma planta de afinação que havia lhe ajudado muito. Foi então que mostrou-me uma planta da afinação natural confeccionada e publicada em meu artigo "A sanfona de 8 baixos e a música instrumental". Ele ficou surpreso quando me apresentei, o que tornou nosso encontro emocionante. É um estímulo observar a influência e o alcance de nosso trabalho em lugares inimaginados. E, assim, aumentar a rede de sustentação da prática da sanfona de oito baixos.
O bairro Soteco é formado basicamente por descendentes de italianos radicados em Vitória, Espírito Santo. Também corresponde à área de maior contingente de acordeonistas na capital capixaba. O tipo de instrumento de fole preferido é a concertina, tornando a tradição dos instrumentos de fole bastante particularizada neste estado. Em minha viagem, também tive a oportunidade de conhecer Izaías Meneguini, destacado artesão e instrumentista local.



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