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15 de dez. de 2012

Oficina de fole de oito baixos em Exu


14/12/2012 22h48 - Atualizado em 14/12/2012 22h51

Em Exu, oficina passa tradição da sanfona de oito baixos

Instrumento ficou famoso nas mãos de Januário, pai de Gonzagão.
Luizinho Calixto desenvolveu uma didática para facilitar o ensino.

Luna MarkmanDo G1 PE, em Exu
Luizinho Calixto criou didática para facilitar o ensino (Foto: Luna Markman/G1)Luizinho Calixto criou didática para facilitar a aprendizagem (Foto: Luna Markman/G1)
"Quem sabe tocar sanfona de oito baixos hoje está ficando velho, morrendo. É preciso renovar, buscar novos talentos, para a tradição não morrer". Essa é preocupação do sanfoneiro paraibano Luizinho Calixto, que há oito anos inicia crianças no instrumento, famoso nas mãos de Januário, pai de Luiz Gonzaga. O músico desenvolveu uma didática para facilitar o ensino, que carece de professores em todo o Nordeste. Nesta sexta-feira (14), alunos de uma oficina em Exu, no Sertão pernambucano, receberam o certificado de que aprederam os primeiros passos na "pé de bode".
A sanfona de oito baixos é dividida em baixo, fole e teclado com 21 teclas. Cada tecla faz um som diferente quando o fole abre e fecha, ou seja, são 42 sons ao todo. As teclas do baixo têm que ser tocadas na hora certa, em harmonia com as do teclado. "A sanfona de oito baixos veio da Europa com uma afinação diatônica. Quando chegou aqui no Nordeste, alguém transportou, não se sabe o porquê nem baseado em quê, a afinação para o dó-ré, que é única no mundo todo", explicou Luizinho Calixto.
Sanfoneiro mostra a tablatura (Foto: Luna Markman/G1)Sanfoneiro mostra a tablatura (Foto: Luna Markman/G1)
Esta falta de informação sobre a sanfona de oito baixos foi um desafio que o músico teve que vencer para poder elaborar a oficina de iniciação. "Diziam que só tocava quem tinha dom ou um parente na família para ensinar. Mas criei um sistema onde cada tecla é um número. Se a tecla está pintada de vermelho, é para fechar. De azul, para abrir. Assim, os meninos olham e pronto, já saem praticando sozinhos", disse. O método foi batizado de tablatura.
Foi assim que, em poucos dias, a estudante Ana Flávia Gomes, 15 anos, garante que aprendeu várias músicas na oficina. Ela já tocava violão. Adora música sertaneja. Gustavo Lima é o ídolo dela. "Mas eu gosto de forró também, e queria aprender sanfona de oito baixos. Achei fácil. O complicado só é saber a hora de apertar os botões do baixo. Hoje em dia, as meninas não se interessam por sanfona. Só querem ir para as festas namorar, dançar", falou.
Assim como Ana Flávia, a professora de biologia Ana Vartan, de 24 anos, é apaixonada pela cultura popular e, desde pequena, é fã da música de Luiz Gonzaga. Ela diz que sempre quis aprender a tocar sanfona de oito baixos, mas não tinha quem ensinasse. "Aqui, em Exu, não tem professor para essa sanfona, só para 80 ou 120 baixos, parece que falta esse interesse mesmo, do governo, do povo que tem moleza de participar de eventos assim. Ano passado perdi a oficina, mas dessa vez não marquei bobeira. E é bom que tenham crianças, que é a melhor fase de aprender", disse a jovem, que afirma não tirar o chapéu de couro da cabeça. "Uso a indumentária até na formatura", completou.
Marcos e Antônio adoram tocar sanfona e escutar Luiz Gonzaga (Foto: Luna Markman/G1)Marcos e Antônio adoram tocar sanfona e escutar Luiz
Gonzaga (Foto: Luna Markman/G1)
Criança não faltava nas aulas de Calixto. Os amigos Marcos Filho, 8 anos, e Antônio Santos, 11 anos, eram dos mais animados. Eles já participam do projeto Asa Branca, onde aprenderam a tocar sanfona de 80 baixos, em dois dias da semana. "Eu iria mais dias, gosto de forró, sei tocar "Asa Branca", "Sabiá". Meus amigos ouvem rock, Mamonas Assassinas, Michael Jackson. Eles riem que eu escuto Luiz Gonzaga, Gonzaguinha, Waldonys, mas eles que têm que rir dessas músicas deles", comentou Marcos.
Pedro Sampaio recebe o certificado da oficina (Foto: Luna Markman/G1)Pedro Sampaio recebe o certificado da oficina
(Foto: Luna Markman/G1)
O agricultor Pedro Sampaio, 56 anos, era o único adulto da turma, mas via com bons olhos o grupo ser formado por gente mais nova. "Eu aprendi sanfona de 80 baixos sozinho em casa, vendo meu pai tocando, que aprendeu com Januário, pai de Gonzaga, e me apaixonei. Só agora deu para aprender a de oito baixos, porque naquela época era muito difícil ter uma dessa. E acho lindo menino assim apaixonado também, pela sanfoninha e o som dela", disse.

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12 de dez. de 2012

Oficina quer despertar nos jovens interesse pela sanfona de oito baixos


Oficina quer despertar nos jovens interesse pela sanfona de oito baixos

Allan Walbert - Portal EBC12.12.2012 - 21h03 | Atualizado em 12.12.2012 - 21h10
Exu, cidade natal de Luiz Gonzaga (Allan Walbert)
Dos vários eventos que tomam a cidade pernambucana de Exu para a celebração do centenário de Luiz Gonzaga, as oficinas de formação cultural estão entre os mais procurados pelos jovens. No Colégio Bárbara de Alencar, as tradicionais salas de aula transformam-se em espaços de aprendizagem sobre Gonzagão, Lampião e cultura nordestina. A oficina de oito baixos é uma das atrações.
Até o dia 14 deste mês, uma turma formada por cerca de dez jovens passa as tardes aprendendo a tocar o instrumento que ficou popular nas mãos do rei do baião. O sanfoneiro Luizinho Calixto, professor da oficina e amigo do Velho Lua, diz que ação tem um aspecto histórico e social importante. Ao mesmo tempo em que se fortalece nas crianças e adolescentes o gosto pela cultural local, cria-se um trabalho importante para que a sanfona de oito baixos, tocada principalmente por pessoas de mais idade, não entre em extinção.
No vídeo abaixo, o professor comenta a importância da oficina de oito baixos em Exu. Ao final da explicação, assista a uma palhinha da estudante Ana Flávia, de apenas 15 anos e que em cinco dias já consegue tirar uns acordes da canção “Asa Branca” na sanfona.
Tida no meio musical como um dos mais difíceis instrumentos para tocar, pela facilidade de se tirar tons variados e consequente complexidade em se fazer uma melodia mais harmônica, a sanfona de oito baixos tem características próprias que a diferem até mesmo de outros instrumentos de foles. Confira a explicação.
  • Direitos autorais: Creative Commons - CC BY 3.0

10 de dez. de 2012

Baianinho da Sanfona


Recentemente, o amigo Everaldo Santana descobriu a verdadeira história de Baianinho dos oito baixos, sanfoneiro baiano radicado em São Paulo. Como seu nome também foi utilizado como pseudônimo de outros sanfoneiros, não sabíamos se, de fato, teria existido este personagem. Segue abaixo o e-mail de Everaldo descrevendo detalhadamente quem foi Edivaldo Ferreira da Silva, o "baianinho dos oito baixos".



Estive ontem na casa do tico dos 8 Baixos e peguei alguns discos para copiar. Entre eles está o disco do verdadeiro Baianinho da Sanfona que era seu amigo. este  disco pertence ao Castanheiro que fazia percussão no Forró do Pedro Sertanejo.

Baianinho da Sanfona

Baianinho da Sanfona (Edivaldo Ferreira da Silva) nasceu na cidade de Irecê no estado da Bahia. Na década 70 veio para São Paulo para tocar no Salão do Pedro Sertanejo. Nessa época o Pedro Sertanejo mantinha efetivamente no famoso Forró da Catumbi uma equipe efetiva com os melhores Sanfoneiro de 8 Baixos da região.
Baianinho da sanfona era conhecido no Estado da Bahia como “Carqueijo dos 8 Baixos” ; ganhou este apelido porque gostava muito de uma “Cachaça” caseira feita com uma Erva chamada  Carqueijo. Baianinho da Sanfona faleceu na cidade de São Paulo.

Estas informações foram fornecidas pelo “Castanheiro” e o “Tico dos 8 Baixos” que tocaram junto com ele. 

6 de dez. de 2012

Com Respeito aos oito baixos!!!

Olá amigos,

segue abaixo a matéria de Erica Magni publicada no jornal O GLOBO de hoje, versando sobre o filme e livro "COM RESPEITO AOS OITO BAIXOS", ambos financiados com o apoio da FUNARTE, a serem lançados em 2013.

Respeitem a sanfona de 8 baixos de Rugero!

Músico e historiador lança filme e livro sobre o instrumento mais querido e tocado por Luiz Gonzaga



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Mestre em sanfona de oito baixos, o músico Leonardo Rugero, morador de Santa Teresa, passou mais de quatro anos estudando a história e a prática do instrumento para compor sua tese acadêmica pela UFRJ. Agora, com material precioso reunido, está finalizando um filme de média-metragem e também um livro, que será publicado no início de 2013.
O trabalho de campo começou pelo Rio, mas Rugero teve de percorrer sete cidades que formam a rota da difusão do instrumento até hoje, sendo uma delas Exu, em Pernambuco, cidade do ilustríssimo Januário, pai do sanfoneiro Luiz Gonzaga, o Rei do Baião.
— O filme reúne nomes de famílias influentes na propagação da cultura sanfoneira, entre elas os Calixtos e os Gonzagas, que fizeram história com a canção “Respeita Januário”, composta por Gonzagão, o percussor dos caminhos para a produção de discos, e até mesmo de composições instrumentais, a partir da década de 40. O mito gravou 627 músicas em 266 discos, todas com a sonoridade regional da sanfona — diz ele.
Durante o tempo em que ficou submerso nas pesquisas, Rugero pôde concluir que o acordeão esteve ameaçado de extinção, principalmente por falta de interesse da nova geração de músicos, que o julgaram defasado, após a invenção da moderninha sanfona de 12 baixos, que ganhou a fama de ser mais completa.
— Percorremos o Brasil adentro, não há incentivo para a prática da sanfona de oito baixos, que ainda continua restrita às áreas rurais. Pouco existe das grandes festas espontâneas de bailes. Fui convidado para tocar numa festa da parte rica da família de Luiz Gonzaga em Recife, ficaram maravilhados quando toquei músicas de Januário e Luiz Gonzaga. Eles não as conheciam.
O livro, que também será publicado com incentivo da Funarte, trará minuciosos detalhes sobre o panorama atual da relação do brasileiro com o instrumento. Que, segundo Rugero, é muito popular hoje no Sul do país, por conta do músico porto-alegrense Renato Borghetti:
— De Norte a Sul, o ritmo plural da sanfona de oito baixos se faz presente na história. Hoje, ela começa a ganhar a atenção que merece e a contemplação das pessoas, quase o que aconteceu com o choro. Está virando cult, e a tradição agradece.
Além da pesquisa, que virá à tona com o livro e o filme “Com respeito aos oito baixos”, Rugero mantém um blog que reúne material multimidiático sobre o tema:sanfonade8baixos.blogspot.com

http://oglobo.globo.com/zona-sul/respeitem-sanfona-de-8-baixos-de-rugero-6940510