Esta notícia me deixou um bocado triste... Outro dia desses eu falei com Arlindo por telefone. Ele estava bem. Mas fico feliz sabendo de sua melhora, convocando toda a comunidade da sanfona de oito baixos a orar pela reabilitação do mestre Arlindo.
São João pode ficar sem a sanfona de Arlindo dos Oito Baixos
Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR
24/05/2012 | 11h36 | Forró
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24/05/2012 | 11h36 | Forró
Blenda Souto Maior/DP/D.A Press/Arquivo
Confira Arlindo dos Oito Baixos tocando `Buliçoso` na sanfona de oito baixos. Imagens: Carolina Santos/DP/D.A Press
O São João deste ano não vai contar com a maestria da sanfona de Arlindo dos Oito Baixos. É a primeira vez, em mais de 50 anos de carreira, que ele não vai participar dos festejos juninos. O músico de 71 anos está com a saúde debilitada, internado desde o dia 12 de março no Insituto Materno Infantil de Pernambuco - Imip. Hipertenso e diabético há mais de 40 anos, doença que já o deixou cego, Arlindos dos Oito Baixos foi internado por conta de uma unha encravada, que infeccionou. Por conta da diabetes, a infecção foi tão grave que os médicos tiveram que amputar parte da perna esquerda de Arlindo, abaixo do joelho.
Seguindo recomendação dos médicos, Arlindo está sem receber visitas, para evitar o risco de novas infecções. Apesar do estado delicado, a sensação é de que o pior já passou. “Estou melhor. A perna ainda está cicatrizando, mas estou me sentindo bem. O médico diz que devo ter alta até o próximo sábado”, diz o sanfoneiro, por telefone. “Quero sair daqui logo. Tudo em hospital é ruim. Para dormir é ruim, para comer é ruim. Agora tem esse isolamento, ninguém pode me visitar”, diz Arlindo, que recebe no hospital apenas os familiares e já sabe o que fazer quando voltar para casa. “Tô com uma saudade danada do fole!”, conta. “Mas não vou conseguir tocar logo, vou ter que esperar uns dias”, completa.
Arlindos dos Oito Baixos está sendo acompanhado no Imip pela esposa, dona Odete, e pela filha Érica, além de dois dos seus três filhos homens, Raminho da Zabumba e Adilson. Com a saída do hospital, os custos para a família devem aumentar bastante. “Arlindo vive do trabalho dele, se ele está sem tocar, ele não tem dinheiro. Nesses últimos meses, está vivendo do pouco que tinha guardado”, diz o produtor Roberto Andrade, que cuida da carreira do músico há 13 anos. “Por enquanto, está tudo bem, mas não sabemos como vai ser depois”, reforça Érica Macedo, filha de Arlindo.
A cadeira de rodas que o músico vai usar quando deixar o hospital foi doada por um deputado. “Os shows de junho foram cancelados e o único cachê que Arlindo tem para receber é R$700 de uma apresentação que seria feita na abertura das comemorações dos cem anos da Assembleia Legislativa de Pernambuco. Ele já estava internado na data do show, mas a Alepe disse que ia pagar o cachê mesmo assim, para ajudá-lo. Esse dinheiro já está reservado para pagar uma cuidadora quando ele voltar para casa”, conta Roberto. “Arlindo precisa de ajuda”, diz o produtor, que bateu na porta da Fundarpe essa semana para pedir ajuda, e ainda aguarda uma resposta.
De renda fixa, Arlindo só conta com o dinheiro dos direitos autorais de suas músicas, que chega trimestralmente, em cheques que raramente passam dos R$200. Para conseguir dinheiro para Arlindo se manter até ter condições de voltar a a trabalhar - além de tocar, ele é um exímio afinador de sanfonas e também dá aulas - está sendo organizado para o dia nove de junho um grande arraial no Forró de Arlindo, que funciona na casa do músico no bairro de Dois Unidos.
Seguindo recomendação dos médicos, Arlindo está sem receber visitas, para evitar o risco de novas infecções. Apesar do estado delicado, a sensação é de que o pior já passou. “Estou melhor. A perna ainda está cicatrizando, mas estou me sentindo bem. O médico diz que devo ter alta até o próximo sábado”, diz o sanfoneiro, por telefone. “Quero sair daqui logo. Tudo em hospital é ruim. Para dormir é ruim, para comer é ruim. Agora tem esse isolamento, ninguém pode me visitar”, diz Arlindo, que recebe no hospital apenas os familiares e já sabe o que fazer quando voltar para casa. “Tô com uma saudade danada do fole!”, conta. “Mas não vou conseguir tocar logo, vou ter que esperar uns dias”, completa.
Arlindos dos Oito Baixos está sendo acompanhado no Imip pela esposa, dona Odete, e pela filha Érica, além de dois dos seus três filhos homens, Raminho da Zabumba e Adilson. Com a saída do hospital, os custos para a família devem aumentar bastante. “Arlindo vive do trabalho dele, se ele está sem tocar, ele não tem dinheiro. Nesses últimos meses, está vivendo do pouco que tinha guardado”, diz o produtor Roberto Andrade, que cuida da carreira do músico há 13 anos. “Por enquanto, está tudo bem, mas não sabemos como vai ser depois”, reforça Érica Macedo, filha de Arlindo.
A cadeira de rodas que o músico vai usar quando deixar o hospital foi doada por um deputado. “Os shows de junho foram cancelados e o único cachê que Arlindo tem para receber é R$700 de uma apresentação que seria feita na abertura das comemorações dos cem anos da Assembleia Legislativa de Pernambuco. Ele já estava internado na data do show, mas a Alepe disse que ia pagar o cachê mesmo assim, para ajudá-lo. Esse dinheiro já está reservado para pagar uma cuidadora quando ele voltar para casa”, conta Roberto. “Arlindo precisa de ajuda”, diz o produtor, que bateu na porta da Fundarpe essa semana para pedir ajuda, e ainda aguarda uma resposta.
De renda fixa, Arlindo só conta com o dinheiro dos direitos autorais de suas músicas, que chega trimestralmente, em cheques que raramente passam dos R$200. Para conseguir dinheiro para Arlindo se manter até ter condições de voltar a a trabalhar - além de tocar, ele é um exímio afinador de sanfonas e também dá aulas - está sendo organizado para o dia nove de junho um grande arraial no Forró de Arlindo, que funciona na casa do músico no bairro de Dois Unidos.
“Conseguimos um pequeno apoio da Prefeitura do Recife, que se comprometeu a pagar os músicos da banda base. Vamos chamar os amigos de Arlindo para cantar”, adianta Roberto. A última festa no Forró de Arlindo foi no dia quatro de março, quando Dominguinhos pediu para ir cantar lá, para ajudar o amigo. Naquele dia, uma semana antes de se internar, o sanfoneiro se sentiu mal e não tocou. A torcida agora é para que Arlindo esteja bem para participar da sua próxima festa.
Saiba mais//
Nascido em Sirinhaém, Arlindo morou até a adolescência no Engenho Trapiche. Saiu da cana-de-açucar para cortar cabelos no Cabo de Santo Agostinho. Foi lá que começou a tocar sanfona em bailes, instrumento que aprendeu vendo o pai tocar os Oito Baixos.
Desde 2007, o produtor Roberto Andrade tentou por três vezes incluir, sem sucesso, Arlindo dos Oito Baixos na lista dos Patrimônios Vivos da Fundarpe, que concede uma verba vitalícia de R$750 para pessoas físicas. Apenas três títulos são concedidos por ano.
Foi em um show no Parque de Exposição do Cordeiro que Arlindo conheceu Luiz Gonzaga. Passou 22 anos tocando com o Rei do Baião. “Ele que me fez voltar aos oito baixos. Disse que já tinha sanfoneiro demais, mas ninguém tocava oito baixos. Gravei e na hora de assinar os créditos ele pediu para trocar Arlindo do Acordeom por Arlindo dos Oito Baixos”, lembrou, em entrevista ao Diario no ano passado.
Estão nos planos do produtor de Arlindo o lançamento ainda neste ano de uma coletânea ao vivo, em CD e DVD, para marcar os 50 anos de carreira do sanfoneiro, completados no ano passado.
Nascido em Sirinhaém, Arlindo morou até a adolescência no Engenho Trapiche. Saiu da cana-de-açucar para cortar cabelos no Cabo de Santo Agostinho. Foi lá que começou a tocar sanfona em bailes, instrumento que aprendeu vendo o pai tocar os Oito Baixos.
Desde 2007, o produtor Roberto Andrade tentou por três vezes incluir, sem sucesso, Arlindo dos Oito Baixos na lista dos Patrimônios Vivos da Fundarpe, que concede uma verba vitalícia de R$750 para pessoas físicas. Apenas três títulos são concedidos por ano.
Foi em um show no Parque de Exposição do Cordeiro que Arlindo conheceu Luiz Gonzaga. Passou 22 anos tocando com o Rei do Baião. “Ele que me fez voltar aos oito baixos. Disse que já tinha sanfoneiro demais, mas ninguém tocava oito baixos. Gravei e na hora de assinar os créditos ele pediu para trocar Arlindo do Acordeom por Arlindo dos Oito Baixos”, lembrou, em entrevista ao Diario no ano passado.
Estão nos planos do produtor de Arlindo o lançamento ainda neste ano de uma coletânea ao vivo, em CD e DVD, para marcar os 50 anos de carreira do sanfoneiro, completados no ano passado.
Por Carolina Santos, do Diario de Pernambuco
É, Brasil! R$ 350.000,00 para Michel Teló (que também toca oito baixos!), e R$ 700,00 para mestre Arlindo. Isso é justo?
ResponderExcluirNeolineralismo na música deu nisso...mercado em crise para 97% dos artistas, enquanto alguns poucos como a Paula Fernandes, vendem em torno de um milhão e quinhentos mil exemplares...precarização total de um lado, pequenas ilhas auto-sustentáveis do outro...
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