Espaço reservado para a divulgação de informações e estudos sobre a sanfona de 8 baixos no Brasil. The brazilian eight basses button accordion blog. fole de 8 baixos, gaita-ponto de 8 baixos, acordeón diatónico, accordéon diatonique, diatonic accordion, acordeon diatônico etc.
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30 de abr. de 2012
22 de abr. de 2012
Luizinho Calixto - Escalas para sanfona de 8 baixos e músicas para aprender
Dando continuidade ao "Curso Introdutório de sanfona de oito baixos", Luizinho Calixto reuniu algumas escalas importantes e melodias em um novo trabalho voltado para o ensino do fole nordestino. É um trabalho indispensável a todos aqueles que desejam aprender o fole de oito baixos em afinação transportada e no estilo nordestino.
Neste volume, Luizinho reuniu algumas escalas e melodias em diferentes tonalidades. Assim, existe a digitação das escalas de dó maior, ré maior, mi maior, fá maior, sol maior, lá maior e si maior. Todas as escalas são abordas em duas oitavas, sendo dividas em "grave" e "médio" ou "grave" e "agudo", de acordo com a região de cada tonalidade. Devemos lembrar que Luizinho utiliza a combinação de tonalidades de fá e dó como referência. Porém, qualquer outra combinação de tonalidades no sistema transportado pode ser utilizada, pois Luizinho se utiliza de um sistema de tablatura, no qual os botões são numerados. Deste modo, basta seguir os números.
Entre as músicas escolhidas por Luizinho para integrar o volume, além de músicas que compõe o repertório tradicional do fole de oito baixos, estão algumas melodias conhecidas que figuram em parte considerável de manuais técnicos como "Parabéns para você" e "Asa Branca".
Destaques para as melodias de solos muito apreciados, tal como "Festa do Chitão" de Zé Calixto e De Matos, "Forró na Guanabara" de José Dandi e Adolfinho; "Pau de Arara" de Luiz Gonzaga e Guio de Morais; "Pau queimado" de Pedro Sertanejo; "Quadrilha brasileira" de Gerson Filho; "Roseira do Norte" de Pedro Sertanejo; "Xaxadinho das Alagoas" de Severino Januário", "Chorão" de Luiz Gonzaga e "Assum preto" de L.Gonzaga e Humberto Teixeira. Com um repertório desses debaixo do dedo, o sanfoneiro pode encarar um baile sem medo...
Enfim, neste novo volume intitulado "escalas para sanfona de 8 baixos e músicas para aprender", Luizinho Calixto oferece ao estudante do fole de oito baixos alguns ensinamentos que se complementam em relação ao primeiro volume, destinado unicamente aos acordes. Ou seja, estudando firme este método, o discípulo pode aprender as principais escalas maiores e algumas melodias indispensáveis no repertório dos forrós.
Para aqueles que pretendem comprar uma cópia do livro, basta entrar em contato com Luizinho através do e-mail: luizinhocalixto@hotmail.com
Folia de Reis da Mangueira
Ontem, pude participar do ensaio da folia-de-reis "Sagrada família da Mangueira" tendo a frente o mestre Hevalcy Ferreira da Silva.
Esta folia se originou no município de Laranjal, próximo à divisa entre Minas Gerais e Rio de Janeiro. Acompanhando o fluxo migratório das zonas rurais aos centros urbanos, a folia acabou sendo deslocada para o morro da Mangueira, no Rio de Janeiro. Qual não foi minha surpresa em conhecer uma folia de reis em plena atividade, reunindo diferentes faixas etárias entre seus componentes, em plena região metropolitana do Rio de Janeiro.
A sanfona de oito baixos sempre foi um instrumento fundamental nesta folia de reis, ao lado da viola, violão e, eventualmente, cavaquinho. Infelizmente, com o falecimento de Seu Tata, o posto da sanfona de oito baixos ficou em aberto, devido a escassez de praticantes deste instrumento no Rio de Janeiro, sobretudo instrumentistas identificados com o estilo mineiro do calango e da folia. Deste modo, o instrumento tem sido gradualmente substituido pelo acordeom de 120 baixos, não apenas na folia de reis da Mangueira, bem como em tantas outras.
A folia possui duas sanfonas construídas por Seu Tão, tradicional sanfoneiro e construtor de Laranjal. São instrumentos peculiares, realmente confeccionados artesanalmente. Jamais havia visto acordeões confeccionados por um construtor particular. São instrumentos coloridos, de intensa luminosidade de cores. As duas fileiras de botões são dispostas em andares diferentes, conforme ainda são construídos instrumentos italianos, como Serenelli e Castagnari.
Além da sanfona e das cordas dedilhadas e palhetadas, os instrumentos de percussão brilham nesta folia. Afinal, estamos na Mangueira, terra de Cartola e Dona Zica, um dos principais núcleos da cultura afro-brasileira na zona metropolitana do Rio de Janeiro. A percussão é extraída de instrumentos da escola de samba: repique, surdo, caixa. Curiosamente, não são utilizadas as tradicionais caixas-de-folia. Por vezes, durante o ensaio, sentia em meu corpo a vibração dos tambores ou das vozes. Lembrei de uma professora alemã que dizia que às vezes é necessário um curativo "banho de som". Banhei-me ao som da folia de reis da Mangueira, saindo de lá com o espírito renovado.
Esta folia se originou no município de Laranjal, próximo à divisa entre Minas Gerais e Rio de Janeiro. Acompanhando o fluxo migratório das zonas rurais aos centros urbanos, a folia acabou sendo deslocada para o morro da Mangueira, no Rio de Janeiro. Qual não foi minha surpresa em conhecer uma folia de reis em plena atividade, reunindo diferentes faixas etárias entre seus componentes, em plena região metropolitana do Rio de Janeiro.
A sanfona de oito baixos sempre foi um instrumento fundamental nesta folia de reis, ao lado da viola, violão e, eventualmente, cavaquinho. Infelizmente, com o falecimento de Seu Tata, o posto da sanfona de oito baixos ficou em aberto, devido a escassez de praticantes deste instrumento no Rio de Janeiro, sobretudo instrumentistas identificados com o estilo mineiro do calango e da folia. Deste modo, o instrumento tem sido gradualmente substituido pelo acordeom de 120 baixos, não apenas na folia de reis da Mangueira, bem como em tantas outras.
A folia possui duas sanfonas construídas por Seu Tão, tradicional sanfoneiro e construtor de Laranjal. São instrumentos peculiares, realmente confeccionados artesanalmente. Jamais havia visto acordeões confeccionados por um construtor particular. São instrumentos coloridos, de intensa luminosidade de cores. As duas fileiras de botões são dispostas em andares diferentes, conforme ainda são construídos instrumentos italianos, como Serenelli e Castagnari.
Além da sanfona e das cordas dedilhadas e palhetadas, os instrumentos de percussão brilham nesta folia. Afinal, estamos na Mangueira, terra de Cartola e Dona Zica, um dos principais núcleos da cultura afro-brasileira na zona metropolitana do Rio de Janeiro. A percussão é extraída de instrumentos da escola de samba: repique, surdo, caixa. Curiosamente, não são utilizadas as tradicionais caixas-de-folia. Por vezes, durante o ensaio, sentia em meu corpo a vibração dos tambores ou das vozes. Lembrei de uma professora alemã que dizia que às vezes é necessário um curativo "banho de som". Banhei-me ao som da folia de reis da Mangueira, saindo de lá com o espírito renovado.
18 de abr. de 2012
Mestre Hevalcy - Folia de Reis da Mangueira
Meu amigo, o fotógrafo A.C Júnior, enviou via facebook esta foto do
mestre Hevalcy, responsável pela tradicional Folia de Reis do Morro da
Mangueira. Na foto, o mestre aparece com uma sanfona construída pelo Seu
Tão, sanfoneiro e artesão residente em Laranjal. Em breve, esta Folia
estará realizando uma festividade, reunindo diferentes reisados. Será
lindo, com certeza. Se Deus quiser, estarei lá também...Abaixo, o convite para o evento.
17 de abr. de 2012
12 de abr. de 2012
10 de abr. de 2012
Camara Cascudo observa os tocadores de fole texto de Leonardo Rugero Peres (Leo Rugero)
Neste momento, estou relendo o livro "Vaqueiros e Cantadores" de Câmara Cascudo. No capítulo destinado ao desafio, o autor enumera os instrumentos da cantoria nordestina. A certa altura, fala sobre a presença da sanfona entre cegos cantadores, afirmando que "apareceram cegos cantadores com harmônica (acordeão, sanfona, realejo, fole, com dez a dezesseis chaves). Mas a harmônica está fora de ser levada para um desafio" (2000, p.184). De fato, o desafio nordestino está intrinsecamente associado à viola. A partir de meados da década de 1950, a viola dinâmica lançada pela Del Vechio se tornou o instrumento principal da cantoria. A rabeca também aparece, embora cada vez mais rara enquanto instrumento de cantoria, estando mais presente em tradições como o Cavalo Marinho ou até mesmo como instrumento solista de forrós. O pandeiro se tornaria o principal instrumento do coco de desafio, mais associado `à zona da mata. Por fim, a sanfona se tornou o principal instrumento animador dos bailes, com um repertório eminentemente instrumental e, posteriormente, vocal, mas dificilmente relacionada ao ambiente dos desafios entre cantadores. Entre os sanfoneiros, o desafio não é poético nem verbal, é eminentemente sonoro. As pelejas entre tocadores de sanfona não são tão explícitas. Aparecem veladas, debaixo de estritos termos de cordialidade entre seus pares.
Interessante observar que Cascudo se refere às harmônicas de "dez a dezesseis chaves". Devemos lembrar que em modelos de acordeões novecentistas - sobretudo o chamado "acordeom romântico", os botões se assemelhavam à chaves, muitas vezes dispostos em uma única carreira, entre chaves maiores (notas brancas) e chaves menores (notas pretas). Tais modelos extinguiram-se, sendo substituídos pelas sanfonas de quatro a oito baixos com uma ou duas carreiras de botões para a mão direira (modelo vienense), que se tornaria o modelo emblemático utilizado por Januário e perpetuado histoticamente na tradição do fole de oito baixos nordestino.
Referência:
CASCUDO, Câmara. Vaqueiros e Cantadores - Folclore poético do sertão do Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco.Rio de Janeiro, Ediouro, 2000.