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27 de jul. de 2011

Pedro Sertanejo e Oswaldinho do Acordeon - Na TV Cultura


Outra preciosidade postada pelo Everaldo Santana: Pedro Sertanejo e Oswaldinho do Acordeon!

Pé Duro dos 8 Baixos no Quarta Parada


Video postado por Everaldo Santana no youtube. Para assistir a outros videos do canal de Everaldo Santana, clique em http://www.youtube.com/user/eversantana123

"Participa deste Vídeo, o "Valutério" grande Mestre afinador de Sanfonas de 8 Baixos; êle está tocando Triangulo. També participa o "Boi do Zabumba" que atualmente é o zabumbeiro do Lene dos 8 Baixos."

25 de jul. de 2011

Cirano Dias, Um mestre da pé de bode




20//07/11 - CIRANO DIAS (Mestre da pé-de-bode)

por Marcos Damasceno



CIRANO DIAS

(Mestre da pé-de-bode)



(Cirano Dias)

Tenho falado muito e escrito bastante sobre Dom Inocêncio-PI, minha terra natal. 
Nem sempre sou bem compreendido, muitas vezes até injustiçado. 
Mas o fato é que sou persistente, enfrentando as vozes correntes que defendem 
a ignorância e o atraso. Max Lener, pensador, disse:
 “A voz dos livros pode ser ouvida por muitos anos.”

O fato de sermos conhecidos nacionalmente como “A TERRA DOS SANFONEIROS” 
já me deixa satisfeito. O livro “Júlio Dias: memória de um grande homem”, 
uma biografia do primeiro sanfoneiro da minha terra, precursor dessa tradição 
já com idade centenária, e todas as gerações dessa história, deu uma dignidade 
a esse legado.

Um sacrifício de grande valia, pois saímos da fase da tradição oral, ter a
 história somente na boca das pessoas, sofrendo por vezes algumas distorções 
através de investidas de algumas pessoas, com versões nojentas e até injustas 
que não condizem com a verdade dos fatos. Até então, nossa história era 
mal contada. Tenho orgulho dessa parcela de contribuição dada. 
Um dia a compreensão será geral na mente dos nossos conterrâneos, 
alguns ainda encaretados pela cortina do atraso e da ignorância.

Mais uma vez faço constar aqui singelas palavras sobre minha terra e minha gente. 
Desta vez venho ainda mais entusiasmado, pois será falado aqui sobre um homem 
que abriu portas, que deu uma das maiores contribuições para o forró regional.
Refiro-me ao CIRANO DIAS, filho do extraordinário Júlio Dias. Ele foi um mestre 
na sanfona de 8 baixos. Um dos maiores da história brasileira. Tocava até chorinhos.

Primeiro vou fazer uma visitação à história nacional do instrumento. Também à história internacional. Leonardo Rugero Peres (Leo Rugero), estudioso de música, no seu artigo “Asanfona de oito baixos na música instrumental brasileira”, apresenta a história do instrumento:

- No Sul do Brasil é conhecida como “gaita-ponto”, “gaita de duas conversas” 
ou “cordeona de oito baixos”. Já no Nordeste, atende por “fole de oito baixos”, 
“concertina”, ou “pé-de-bode”. No Sudeste, sobretudo em Minas Gerais, 
é popularmente conhecida como “cabeça-de-égua”. Enfim, tantas denominações 
diferentes para um mesmo instrumento, o acordeom diatônico, que no Brasil é 
mais popularmente conhecido por sanfona.



- Na Europa, onde surgiu no século XIX, a sanfona de 8 baixos também atende 
por muitos nomes. Na Itália, é a “fisiarmônica diatônica”, popularmente conhecida 
como “Organetto”. No país Basco, “trikitixa”. Tanto na Inglaterra, como Irlanda 
e Escócia, é chamada de “melodeon”. Em Portugal, atende pelo nome de “concertina”. 
Mas entre tantos nomes que foi adquirindo com a sua inserção em vários países, 
a sanfona recebe seu nome de batismo: “Acordeom”. Em 1829, pelo construtor 
vienense Cyrill Demian.



- Este inventor teve a ideia de colocar uma gaita dentro de uma caixa, 
impulsionada por um fole, concretizando um longo estágio de aperfeiçoamento desta ideia. Mais tarde, em 1831, Isoard Mathieu, desenvolveria o instrumento. Seria o nascimento do “acordeom diatônico”, nome este pelo qual a sanfona ainda é conhecida em muitos países do mundo, como a França (accordeon diatonique), Alemanha (diatonische handharmonika) e Espanha (acordeon diatonico).



- A característica marcante da sanfona de 8 baixos é a bi-sonoridade: abrindo o fole, o botão corresponde a uma nota; fechando, à outra. Ou, como dizem os sulistas, a sanfona de oito baixos funciona pelo sistema chamado de “voz trocada” ou “gaita de duas conversas”. É isto que, basicamente, diferencia a sanfona em relação ao acordeom de teclado, onde cada tecla ou botão corresponde a uma única nota, independentemente do movimento do fole.



Leo Rugero relata também a chegada do instrumento ao Brasil:



- A sanfona desembarcou em terras brasileiras pelas mãos dos imigrantes europeus, sobretudo italianos e alemães, em meados do século XIX. Segundo o maestro Tasso Bangel em seu livro “O estilo gaúcho na música brasileira” foi em 1875 que a gaita-ponto (sanfona) de 8 baixos foi introduzida no Sul do Brasil pelos então recém-chegados colonos italianos. Segundo outras fontes, a sanfona teria desembarcado um pouco antes, junto com os imigrantes alemães, que chegaram ao Sul a partir de 1845.



- A sanfona de 8 baixos, desde que desembarcou no Brasil, passou por grandes transformações, adquirindo ao longo do tempo, características próprias de afinação e técnicas peculiares de interpretação. Desenvolve-se em um repertório tipicamente brasileiro, ganhando estilos e recursos novos, sobretudo na região Sul, que lhe acolheu; nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, por onde se espalhou, e no Nordeste, onde adquiriu características peculiares de afinação e interpretação.

Ainda uma citação do mestre Oswaldinho do Acordeon:

- A verdadeira sanfona é aquele instrumento menor, de oito baixos, onde abrindo o fole é uma nota e fechando é outra, ensinada de pai para filho, conhecido no interior do Nordeste como pé-de-bode ou concertina, e no Sul como gaita-ponto.



A referência nacional da tradição nordestina da sanfona é Seu Januário, pai de Luiz Gonzaga. A música que deu notoriedade e dignidade ao instrumento de 8 baixos foi “Respeita Januário” (de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira), gravada em 1952. Inspiração na origem musical do forró, na pessoa do Seu Januário. Os irmãos do rei do Baião (Severino Januário, Zé Gonzaga e Chiquinha Gonzaga) são ilustres representantes da sanfona de 8 baixos.

Outros notáveis do instrumento:

- Gerson Filho;

- Zé Moreno;

- Mestre Aureliano (pai de Pedro Sertanejo);

- Pedro Sertanejo (pai de Oswaldinho);

- Manoel Mauricio;

Abdias;

- Geraldo Correia;

- Camarão;

- Zé Calixto;

- Luizinho (irmão de Zé Calixto);

- Zé Cupido;

- Antenogénes Silva;

- Tio Bilia;

- Hermeto Pascoal;

- Betinho;

- Baianinho dos Oito Baixos;

- Renato Borghetti;

- Dentre outros;



O pioneiro no instrumento na nossa região, em que se tem notícia, foi Júlio Dias. Do povoado Curral Novo, hoje sede de Dom Inocêncio-PI.





Citarei algumas lendas, antigos sanfoneiros do Distrito-Freguesia de São Raimundo Nonato:



- Manoel Bodeiro, do Distrito-Freguesia de São
Raimundo Nonato;



- Mané Vicente, da região de Canto do Buriti, atualmente do município de Canto do Buriti-PI. Foi quem ensinou
Pedro Macaquinho que ainda toca até hoje, sendo uma lenda naquela região;



- Aurino, do Distrito-Freguesia de São
Raimundo Nonato;



- Zé Laranjo, do Distrito-Freguesia de São
Raimundo Nonato;

Na tradição centenária da minha terra, quase a totalidade dos sanfoneiros tocaram e tocam o instrumento de 120 baixos. A arte de tocar a sanfona de 8 baixos sempre foi para poucos.Júlio Dias foi o pioneiro. Do tempo dele algumas referências:

- Paulo Velho, da família Oliveira;

- Major Tomazinho, fazendeiro e sanfoneiro;

- Luís do Paulo, filho de Paulo Velho, foi considerado um dos maiores tocadores de oito baixos do Piauí. Foi um astro;



- Pedro Ferreira, da localidade Moreira, pai dos sanfoneiros Joaõzinho e Adail;



- Mariano Querubine, da localidade Salgado;

- Catarino, da localidade Contador;

- Quido (Euclides), pai dos sanfoneiros Nilô, Beca, Iquido e Zome;

- Nilô, filha de Quido;

- Beca, filho de Quido;

- Iquido, filho de Quido;

- Zome (Tertulino), filho de Quido;

- Rafael, filho de Querubine;

- Cipriano, da localidade Boa Vista do Gabriel;

- Celerino, tocava 8 baixos e 120 baixos;

- Adão de Sousa, toca 8 baixos e 120 baixos;

- Renato do Lourenço, da localidade Barra do Anselmo;

- Clóvis Dias, toca 8 baixos e 120 baixos;

- Dentre outros;

O patriarca do forró regional, Júlio Dias, teve quatro filhos sanfoneiros: Vavá, Cirano, Rodolfo e Julinho. CIRANO DIAS se dedicou ao instrumento de 8 baixos, tornando-se uma lenda do forró brasileiro. Júlio Dias tem muitos netos, bisnetos e até trinetos sanfoneiros. É o caso de Jackson Dias, de 6 anos de idade. Ele é bisneto de Vavá Dias.



Adão de Sousa é da minha terra, mas mora no Estado de São Paulo. Um estudioso e mestre na sanfona de 8 baixos, e um dos maiores conhecedores da história do instrumento no nosso país. Sempre recorro a ele quando quero saber de alguma informação. Confira algumas palavras proferidas por ele, sobre CIRANO DIAS:

- Júlio Dias foi um mestre, de quem tenho eterna admiração. E no quesito forró ele é respeitado. A história do forró regional se confunde com a história dele.



- A sanfona de oito baixos é difícil de executar. Precisa habilidade. O ensino é oral, quase não existem métodos como para sanfona-piano. O sanfoneiro tem
de gostar do instrumento. Júlio Dias e seus filhos sempre foram vocacionados para a sanfona.



- Cirano Dias foi meu amigo. Tocava muito. Numa sanfona, em afinação natural, conseguia tirar chorinhos. Além dos forrós. Não sei como. Ele foi um dos maiores no segmento.





Mestre Adão de Sousa prossegue:



– Não se aprende tocar 8 baixos na escola de música. Não existe escola para ela. Existem sim mestres, que preservam a tradição. O ensino passa de pai para filho. Quem entende desse histórico instrumento musical sabe o quanto é difícil tocar nele. A sanfona de 8 baixos é mais difícil do que as outras. Muito diferente. Tem suas particularidades. Requer certas habilidades para manuseá-la.

- A sanfona de 8 baixos é histórica. Faz parte do princípio da história do forró brasileiro. E historicamente esteve ligada às tradições festivas e culturais. Especificamente na região Nordeste, nos últimos 120 anos ela fez parte da vida do nosso povo.

- Quando Velho Jacó, avô do vaqueiro Raimundo Jacó, bronqueou Luiz Gonzaga (“Luiz, respeita Januário!”), quis chamar atenção para a tradição da sanfona de 8 baixos. Para a importância de se respeitar a tradição.

Mestre Adão de Sousa lamenta:

– A situação atual me preocupa. A sanfona de 8 baixos perdeu muito seu destaque e sua importância nos concertos musicais. E nas apresentações de festivais de forró. Nas festas, nos eventos enfim. Isso é preocupante. Independente de existir a sanfona de 120 baixos, é importante revigorar a sanfona de 8 baixos e preservar sua história. São poucos os sanfoneiros de hoje que querem tocar esse instrumento. E o pior: os poucos que tocam são pessoas já idosas. Implica dizer, que o futuro da sanfona de 8 baixos é incerto.

- Falta valorização do instrumento. Valorizar sua história. E divulgar isso. Ele tem importância histórica e precisa sempre ser valorizado. Na região Sul do país é onde a tradição da sanfona de 8 baixos continua forte e com vigor.

Alguns estudiosos falam sobre o ensino da sanfona brasileira, dentre deles, Leo Rugero. Afirmam que o aprendizado é transmitido de pai para filho. A tradição também. E que na maioria dos casos, os sanfoneiros tocam “de ouvido”, isto é, sem nenhuma instrução teórica ou educação musical formal.

A História confirma isso. É o caso de CIRANO DIAS. Ele aprendeu com seu pai Júlio Dias, pioneiro na arte de tocar a sanfona, na região de São Raimundo Nonato-PI. Dessa forma, confirmando a tradição, passou para os filhos. Dois dos seus filhos seguiram a tradição: Vagner e Menezes (de saudosa memória).

Vagner deu continuidade à tradição da sanfona de 8 baixos. Até hoje tem o instrumento que era do seu pai, que para ele tem enorme valor sentimental. E histórico.





Menezes já é falecido. Foi um dos notáveis sanfoneiros da nossa região. Com o surgimento da sanfona de 120 baixos, adotou esse novo instrumento. Com ele fez história em festas e eventos culturais na nossa terra, e no Estado de São Paulo.



Conhecido pela sua significativa contribuição musical e cultural, CIRANO DIAS foi muito atuante como sanfoneiro, engajado em consolidar o forró regional. As lembranças de Júlio Dias, seu pai, o acompanharam em toda sua trajetória musical. Sua motivação, primeiro, foi em função disso.

CIRANO DIAS, por iniciativa própria, quis sempre fazer companhia ao seu pai, dando orgulho ao mestre Júlio Dias. Fala-se que era perfeccionista. A cada apresentação boa, comemorava e perguntava: “Está bom, pai?” Deu continuidade também ao “Sarau do Curral Novo” (povoado). Criado por Júlio Dias. Ensinou muita gente a tocar sanfona. De certa forma, ele se comunicava melhor com os jovens da sua idade. Tanto que, quando alguém procurava Júlio Dias para aprender tocar sanfona, ele de imediato recomendava CIRANO DIAS.

Seu irmão Vavá Dias, também sanfoneiro, contou-me:

- Cirano dormia com a sanfona. Tocava toda hora, todo dia. E tocou a vida toda. Foi ele um dos responsáveis pela abertura de olhares para a diversidade da música na nossa terra. Estudava repertórios, que ouvia no rádio. Aprendia e ensinava aos outros sanfoneiros. Onde quer que ele fosse, se apresentava com sua sanfona de 8 baixos.

Logo CIRANO DIAS veria os filhos, também sanfoneiros, Vagner e Menezes, embrenharem-se por movimentos culturais e musicais. Dois bons sanfoneiros. Vagner está metido no forró até hoje. É uma paixão. Menezes é de saudosa memória. Eles seguiram a tradição do pai e do avô. E passaram a herança para os descendentes.

Sua motivação também era social, ultrapassando a seara familiar. Além da referência do seu pai, irmãos, sobrinhos, filhos enfim, sua alegria partia das experiências sociais, ao ver pessoas se interessando pela música, pela sanfona, pelo forró.

Ele sempre se preocupou com o futuro dessa história e assumiu responsabilidades. Diga-se de passagem, enfrentou verdadeiros desafios. Quando nossa terra, “A TERRA DOS SANFONEIROS”, ainda galgava os primeiros passos da sua história centenária. Ele acreditou heroicamente no sucesso dessa história, e contribuiu significativamente para a tradição, já centenária.CIRANO DIAS sentiu o sabor amargo do grande desafio de consolidar uma longa caminhada do forró.

Se seu mérito de sanfoneiro é notável, o de cidadão não é diferente. Na prática, ensinou-nos que o maior nível de engajamento para o ser humano deve ser a cidadania. Foi um militante das causas populares. Muito do seu trabalho está ligado ao aperfeiçoamento do forró, sem sofisticação. Pela sua influência de sanfoneiro deixou uma herança musical enorme, uma safra de extraordinários sanfoneiros. Estou muito contente de ver hoje seu nome ser lembrado.

Sanfoneiro. Ele já nasceu assim. Nasceu num período em que o forró estava aflorando. CIRANO DIAS viu o surgimento do forró. Sua infância em contato com seu pai Júlio Dias lhe deu grande aprendizagem musical.

Foi um sanfoneiro obstinado, enfrentando as barreiras do atraso regional. Por suas convicções, por crer em ideais, ele se destacou. Como mestre cultural provou que Cultura é simplesmente a manifestação da experiência das pessoas. A tradição, a história e a visão de um povo.

CIRANO DIAS é um personagem muito importante da nossa história. Se olharmos para nossa tradição centenária, veremos quão grande ele foi. Extraordinário. Entretanto, há a necessidade de uma condução dessa história. Cabe a nós a responsabilidade de preservar a memória dessa história, e buscar sempre sua propagação.

Ficamos tão orgulhosos desse combatente conterrâneo. Ele fez muita coisa acontecer na nossa terra. Ficamos orgulhosos pelo fato de CIRANO DIAS ser da “TERRA DOS SANFONEIROS”. Mestre de tantas experiências vividas, histórias para contar e heranças musicais.

CIRANO DIAS não morreu. Ele é imortal. Está por toda parte; está nas apresentações musicais e culturais; está nas salas de rebocos; está nos concertos musicais; está na nossa memória, no nosso dia a dia, nas nossas vidas; está, principalmente, está na nossa “veia”, por onde passa o “sangue” do forró.



Marcos Oliveira Damasceno

Escritor, doutorando em Filosofia Política

Dom Inocêncio-PI, 20 de junho de 2011

MSN: marcosdamasceno23@yahoo.com.br

24 de jul. de 2011

Pé de Bode

Klévisson Viana

Pé-de-bode
















FonteDicionário do NordesteFred Navarro, Estação Liberdade, 2004.

ZÉ DO BUMBO - VILA PELADA DE CARUARU - TOCANDO 8 BAIXOS - AFINADO POR ELE



Enviado por Joselobojanuario em 20/07/2011
ESTE FOLE DE 8 BAIXOS, TEVE SORTE, JÁ FOI VENDIDO PARA MIGUEL JANUÁRIO DA COSTA, UM HOMEM QUE TOCA DOS 8 AOS 120 BAIXOS, RESIDENTE NO SÍTIO PÔÇO - VALENÇA DE CARIRIAÇÚ-CEARÁ.
E COM MORADIA AQUI NA CIDADE JUAZEIRO DO NORTE - CEARÁ.

23 de jul. de 2011

Pé Duro dos 8 Baixos - No forró do Teo dos 8 Baixos



Video enviado por Everaldo Santana. Participação do Pé Duro dos 8 Baixos na Confraternização de Sanfoneiros organizada pelo Teo dos 8 Baixos, na cidade de Osasco SP.

22 de jul. de 2011

Adolfinho wmv


Olá amigos,

Mais uma raridade apresentada por Everaldo Santana: um video de uma performance do lendário sanfoneiro Adolfinho!
Adolfinho foi um grande sanfoneiro paraibano radicado na região sudeste. Seu primeiro disco foi gravado provavelmente em 1961 pela gravadora Chantecler, em São Paulo. Foi atuante no forró do Pedro Sertanejo durante o início da década de 1970. Posteriormente, radicou-se no Rio de Janeiro, na Favela de Ramos, onde viveu até quando veio a falecer, no inicio dos anos 1990. Segundo Zé Calixto, o saudoso Adolfinho, além de destacado instrumentista, também era um bom afinador de sanfonas. Gravou diversos discos, através de diferentes selos fonográficos e atuou em praticamente todos os forrós do Rio de Janeiro e da grande São Paulo.
Segundo Everaldo, este video foi presente recebido de Tico dos Oito Baixos. É uma sessão informal, onde Adolfinho aparece tocando sem acompanhamento instrumental.
Nossos agradecimentos ao Everaldo Santana e Tico dos Oito Baixos por disponibilizarem este video.
Quem tiver mais informações a respeito de Adolfinho, por favor, nos envie, para que possamos escrever um texto mais completo e caprichado a respeito deste músico ímpar.

20 de jul. de 2011

Ivison ensaiando na periferia de Caruaru.m4v



Assim como Antônio da Mutuca, o caruaruense Ivison é outra revelação da sanfona de oito baixos na região Nordeste. 
Ivison Silva Santos nasceu em Caruaru, no bairro Petrópolis, em 1990. Iniciou seus estudos musicais no PIM - Projeto de Iniciação Musical Jacinto Silva, tendo como professor, o multiinstrumentista Valdir Santos, através de instrumentos de percussão. Consequentemente,  foi como percussionista que iniciou suas atividades profissionais no grupo de Valdir Santos.
Em 2010, começou a estudar com Heleno dos Oito Baixos na Escola de Sanfona de Caruaru, destacando-se, devido a natural habilidade com a qual tem se desenvolvido no instrumento. Neste vídeo, postado por João Bento no youtube, temos  uma palhinha de Ivison, tocando um tema de Heleno dos Oito Baixos chamado "Sertão".

17 de jul. de 2011

Renato Borguetti

Indubitavelmente, o gaúcho Renato Borguetti, o "Borguettinho" é uma das maiores expressões do fole nacional. Tendo começado seus estudos musicais na gaita-ponto de oito baixos, posteriormente, adotou instrumentos com duas carreiras e meia de botões e uma quantidade maior de baixos e acordes para a mão esquerda. A carreira extra contém as notas alteradas - sustenidos e bemois, que permitem ao músico a utilização de passagens cromáticas e determinadas escalas e acordes que a afinação natural em duas carreiras não possui.
A formação musical de Renato Borguetti está diretamente relacionada ao florescimento dos Centros de Tradições Gaúchas, pólos de efervescência da valorização da cultura tradicional, a partir da perspectiva fundamentada pelos pesquisadores Paixão Cortes e Barbosa Lessa. Aos dez anos, já iniciava na arte da gaita-ponto, tendo herdado a influência das danças gaúchas recolhidas e organizadas por Lessa e Cortes.
Em 1984, gravou o primeiro disco, intitulado simplesmente "Gaita- Ponto". Este trabalho, contrariando as estatísticas negativas que envolvem a produção fonográfica de música instrumental brasileira, foi vencedor de um disco de ouro, vendendo cem mil cópias.
Mais uma valiosa contribuição de Everaldo Santana, "O melhor de Renato Borguetti" é uma coletânea lançada em 1990, reunindo a primeira fase da carreira deste artista, que corresponde aos discos lançados na década de 1980, editados através de diferentes selos fonográficos. Como explica Everaldo, este disco faz parte da coleção de Tico dos Oito Baixos, outro colecionador da fonografia de acordeom diatônico brasileiro.
Atualmente, Renato Borguetti é um artista que participa de festivais internacionais de acordeom, tendo sido aclamado pelo público e pela crítica, com sua fusão entre a música tradicional gaúcha com a música instrumental brasileira e world music. Informações sobre este artista em sua página oficial:
http://www.renatoborghetti.com.br/






 http://www.4shared.com/file/o2GXTqbb/1990_-_Renato_Borghetti_-_O_me.html

16 de jul. de 2011

  • Sotaques do Fole toca em Marialva

  • André Simões
 
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O grupo Sotaques do Fole, que trabalha com a música regional gaúcha, apresenta-se
 hoje em Marialva como parte da programação do projeto Sonora Brasil, 
promovido pelo Sesc. O show começa às 20h, na Casa de Cultura 
Hélio Depieri (Rua Formosa, 1215).
Divulgação
Sotaques do fole: tradição gaúcha
O conjunto é formado pelos músicos Gilberto Monteiro (gaita-ponto), Eduardo Cantero (violão) e Fernando Gorrie (percussão). Monteiro, 52, notabilizou-se como um dos mais importantes músicos do Rio Grande do Sul, já tendo se apresentado nos Estados Unidos e diversos países da Europa e da América Latina ao longo de mais de 30 anos de carreira. Ele é o autor do tema "Milonga Para as Missões", que abre os shows da dupla Victor e Leo.
"Não há nada mais universal do que o regional", diz Monteiro em entrevista para O Diário, prometendo na apresentação de hoje um repertório composto por vaneras e vanerões, chamamés, chamarritas, contrapassos, xotes, bugios, milongas e rancheiras. "Buscamos reviver a formação de nossa música, que está esquecida pelas rádios", afirma.
No show de hoje em Marialva, Monteiro executará composições próprias e temas de antigos compositores da tradição gaúcha, muitos dos quais nunca foram gravados e agora recebem a homenagem do músico.
Mesmo sendo reconhecido como um dos maiores virtuoses em seu instrumento, Monteiro tem uma postura modesta, atribuindo a habilidade à prática. "Se pegar a técnica, estudar e se exercitar, não é difícil não. Meu instrumento é diatônico [todas as notas pertencem a uma determinada tonalidade], até que é de simples execução", diz.
A gaita-ponto, também conhecida como gaita de duas conversas ou acordeona de oito baixos, funciona pelo sistema chamado de "voz trocada", pois cada botão produz dois sons distintos, dependendo da direção do movimento do fole. Mais informações sobre o show podem ser obtidas pelo telefone (44) 3232-8354.

10 de jul. de 2011

Antônio da Mutuca e Pedro Manú



Em novembro de 2007, quando conheci o sanfoneiro paraibano Zé Calixto, ele me advertiu que “a desvantagem grande do músico hoje se dedicar à sanfoninha de oito baixos , é porque ela está em extinção. Praticamente eu não conheço nem cinco criaturas humanas aprendendo sanfona de oito baixos”. Porém, por volta desta mesma época, começou a se despertar o interesse pelo instrumento. O jornalista Anselmo Alves e a historiadora Lêda Dias foram responsáveis por algumas descobertas, entre as quais, o jovem Antônio da Mutuca, no Sertão Pernambucano. O surgimento da Orquestra Sanfônica de Oito Baixos, localizada no município de Santa Cruz do Capibaribe foi outra revelação, e, embora não trouxesse jovens instrumentistas, revelava uma determinada região onde a prática deste instrumento não havia sido vencida pelo tempo. As oficinas de sanfona de oito baixos ministradas por Luizinho Calixto, sem esquecermos o papel desempenhado por Arlindo dos Oito Baixos alguns anos antes, foram sementes lançadas no solo árido do agreste, que, em se tratando de sanfoneiros, é uma terra onde “tudo que se planta dá”...
Em 2009, a criação da Escola de Sanfona de Oito Baixos de Caruaru foi uma iniciativa importante do publicitário João Bento. A Escola, tendo como professor o sanfoneiro Heleno dos Oito Baixos, já revela alguns de seus frutos, como o jovem Ivison, e a implantação de um curso formal de um instrumento caracterizado pela transmissão oral se revela um desafio aos educadores. Algo não muito diferente do que ocorreu com o Choro no Rio de Janeiro, que já não é mais aprendido nas rodas e nos botequins e sim, em cursos de formação como a “Escola Portátil de Choro” abrigada pela UNI-RIO.
Enfim, o panorama atual da prática da sanfona de oito baixos não é mais aquele cenário desértico de 2007. O próprio Zé Calixto, em um de nosso encontros mais recentes, revelava seu otimismo em relação a sanfona de oito baixos, com o surgimento de jovens intérpretes e melhores perspectivas profissionais, decorrente do interesse do qual se cercava novamente o instrumento.
Dia 09 de junho de 2011, o destino de meu trajeto com a equipe do Globo Repórter foi o município de Salgueiro, no alto sertão pernambucano, mais precisamente no Sitio da Mutuca, para conhecermos Seu Pedro Manú e seu filho, Antônio da Mutuca.
O Sitio da Mutuca é localizado a cerca de dez minutos do centro de Salgueiro. Entre a cidade e o sitio, a estrada é de terra. Dos dois lados, o cenário sertanejo abriga cactus, mandacarus, e toda a variedade da vegetação da catinga. Mesmo em pleno inverno, o clima era quente e o céu de um azul celeste e límpido. Pela estrada, é notável a quantidade de motocicletas que substituem gradualmente o lombo dos jumentos e os carros de bois tanto na locomoção como no trabalho.
Enfim, chegamos por volta de meio-dia e pleno sol a pino. O sitio da Mutuca guarda uma paisagem que é cinematográfica, e, de tão real, torna-se irreal, na medida em que não acreditamos que ainda existam recantos como este. A cerca de madeira, e o pequeno caminho entre a cerca e a o centro do terreno, onde, de um lado temos uma casa de taipa fechada, e à esquerda, a casa mais moderna, de cor azulada, onde mora a família Mutuca. 





Há uma velocidade no mundo televisivo que atropela um pouco a naturalidade de uma aproximação normal. Deste modo, o contato inicial com os dois sanfoneiros foi rápido, pois havia muito a ser gravado naquela tarde. De repente, a varanda da casa tornou-se um “set” de filmagens. A pedido do jornalista José Raimundo, peguei minha sanfona que estava guardada no carro. O mesmo fizeram Seu Pedro e Antônio, pai e filho, duas gerações da sanfona de oito baixos.
Seu Pedro Manú tem uma velha sanfona Höhner que lhe acompanha desde sua mocidade. Ainda que sofrido, é um instrumento que guarda aquela história que só os instrumentos antigos possuem. Ali está a própria trajetória de Seu Manuel, com suas mãos calosas da labuta diária no roçado, e das madrugadas claras na varanda onde se ecoa a música de sua sanfona a música que nasceu ali, o baião que vem “debaixo do barro do chão”. Como ele explica, “ Eu só pegava de noite, quando eu chegava em casa. Trabalhava na roça, por aí, ganhando um troquinho para ajudar meu pai. Quando era de madrugadinha, antes de eu ir para o serviço, eu pegava ela e ficava ali pelejando(...)até que desenvolvi um pouco”.
Já o filho Antônio, segundo as palavras do pai, “teve mais oportunidade”. Desde menino, observando atentamente a performance de seu pai, foi descobrindo os intrincados caminhos do fole de oito baixos. Aos poucos, começou a desenvolver-se no instrumento, ao contrario da maior parte dos sanfoneiros de sua idade – Pedro está com 25 anos, que optaram pelo acordeom de 120 baixos. Em 2009, foi descoberto pelo jornalista Anselmo Alves, que presenteou-lhe com um instrumento em melhor estado: uma sanfona Hering Beija-Flor. No mesmo ano, teve contato com Luizinho Calixto, com quem aprendeu algumas técnicas e absorveu a influência do repertório deste sanfoneiro. Atualmente, segundo me disse, Pedro dedica –se quatro horas diárias a prática da sanfona de oito baixos. Sua destreza e habilidade evidenciam isso...
Tivemos a oportunidade de tocarmos juntos, eu e Mutuca. Como praticamos repertórios diferentes, achamos um denominador comum na música “Chorão” de Luiz Gonzaga. Ainda assim, nossas leituras da melodia desta música eram um pouco distintas, mas foi possível encontrar um caminho a ser traçado. Mutuca possui uma técnica invejável e também é dono de uma bela voz. Consegue realizar acompanhamentos no oito baixos, que é um instrumento difícil para esta finalidade, além dos solos instrumentais, que caracterizam a prática deste instrumento. Enfim, é esplêndido conhecer um jovem instrumentista, empunhando corajosamente um instrumento do qual, apesar de sua importância na cultura nordestina, seus representantes ainda lutam pela legitimação desta herança musical.

 Leo Rugero, Petrópolis, 09 de julho de 2011

9 de jul. de 2011

Sanfoneiros fictícios - Zé Mamede - Forró do Rato Molhado vol.2

Dando prosseguimento a série de postagens sobre sanfoneiros fictícios, hoje reservamos lugar a outro nome de fantasia que foi utilizado por produtores em gravações de diferentes sanfoneiros: Zé Mamede.
O primeiro disco de Zé Mamede que conheci foi o "Forró do Rato Molhado", lançado pela Copacabana em 1981. Lembro ter mostrado este disco ao Zé Calixto, que identificou a sanfona da capa, e afirmou que se tratava de um disco de Adolfinho. Decerto, há várias músicas do saudoso sanfoneiro paraibano neste disco. Para Zé Calixto, Mamede nunca existiu, tendo sido apenas um dos tantos nomes criados pelos produtores fonográficos. 



Em agosto de 2009, tive a oportunidade de entrevistar  Geraldo Correia. Na ocasião, o músico paraibano afirmou que também havia gravado  com o pseudônimo de Zé Mamede.
Recentemente, foi postado no Forró em Vinil, um disco chamado "Arrasta-pé no sertão". Na verdade, é uma reedição de "Forró sem briga vol. 1" do Baianinho da Sanfona, que, por sua vez, provavelmente é um pseudônimo do Gerson Filho.

Everaldo Santana, em sua garimpagem musical, descobriu esta outra raridade: "Forró do Rato Molhado vol.2". O verdadeiro intérprete deste disco é uma incógnita. Porém, há uma pista que pode nos ajudar a descobrir quem é o verdadeiro sanfoneiro. Há três musicas de Luis Sergio, que foi um sanfoneiro pernambucano, natural de Garanhuns. Ele viveu no Rio de Janeiro, onde atuou nos forrós das décadas de 1970 e 80. A única história que conheço a seu respeito, é a de que ele trabalhava com o sogro, que tinha uma loja de secos e molhados em Garanhuns. Pelo que se sabe, a família não queria que ele se tornasse um músico profissional. Vindo ao Rio de Janeiro, assumiu sua vocação e se profissionalizou como sanfoneiro. Porém, ainda que fosse um bom instrumentista, não conquistou contratos fonográficos vantajosos, e,mesmo que tenha gravado vários discos, seu nome aparecia de forma discreta nos créditos de contracapa ou no selo dos discos e sua identidade visual nunca foi revelada ao público, a exemplo do que se pode constatar nas capas dos Lps "Forró Gostoso é assim", "Na fazenda do Coroné" e "Forró do Zé do Baile".

"Forró do Rato Molhado vol.2" com Zé Mamede e sua gente esquentada foi lançado em 1982 pela Beverly. No repertório, adaptações de sucessos da música nordestina como "Eu só quero um xodó" de Dominguinhos e Anastácia, "Baião da Serra Grande" do gaitista Fred Williams e "Chora Viola" da dupla Venâncio e Corumba.Um disco vigoroso, e a sanfona em alguns momentos parece um acordeom de 120 baixos devido a sonoridade encorpada. 
Agradecemos a Everaldo Santana por compartilhar conosco este item de seu acervo






8 de jul. de 2011

Orquestra Sanfônica

Governador Eduardo Campos recebe artistas no Palácio Campo das Princesas

Os artistas que participaram dos festejos juninos 2011 estiveram nesta terça 05 de julho, um encontro com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos e o secretário de Cultura, Fernando Duarte. 

Em destaque os demonstrativos do sucesso do projeto do Governo do Estado junto a Secretaria de Cultura e Fundarpe na forma de trabalho em união com as cidades e aos artistas.

Mais de 30 cidades participaram do calendário junino, cerca de 320 grupos e artistas e um montante de mais de 5 milhões de reais foram investidos nas festas juninas de Pernambuco. Dinheiro empregado com a responsabilidade de promover a cultura nordestina e a cidadania.

Estavam presentes artistas de varias regiões do estado e de várias linguagens culturais, que escutaram do governador o compromisso de continuar com esta política cultural por todo seu mandato e de Fernando Duarte o agradecimento aos artistas por abraçarem esta causa que poderá projetar ainda mais o estado de Pernambuco em seu patamar cultural, primeiramente preparando os pernambucanos para se conhecerem melhor através de suas manifestações culturais, e os artistas em se prepararem para níveis mais altos, levando consigo o nome do Estado.

Após a apresentação de uma Orquestra Sanfônica formada por crianças e veteranos do acordeom e por Fogoió e Biu dos 8 baixos ao som de "No meu pé de serra" do velho Gonzagão, o governador se aventurou a pegar uma sanfona para sentir o peso de levar a cultura nordestina para o mundo.



Gil Geraldo

Produtor da Orquestra Sanfônica de 8 Baixos.

Sanfoneiros fictícios: Baianinho da Sanfona

Texto: Leo Rugero

Colaboração de Everaldo Santana









No dia 27 de abril, postamos o disco "Sucessos de Luiz Gonzaga com Raimundo Mauricio e sua sanfona de 8 baixos". Conforme testemunho de Zé Calixto, Raimundo Maurício jamais existiu, tendo sido apenas um nome fictício criado pela gravadora. Assim como Zé Ranulfo de Serra Talhada, nome de fantasia que encobre a identificação do verdadeiro intérprete, Zé Henrique.
Uma das razões que as gravadoras utilizavam nomes fictícios se deve ao tipo de contrato que se estabelecia com o sanfoneiro, que recebia o cachê, ficando a gravadora isenta de retribuir os direitos conexos de venda de discos. Porém, nem sempre, isso ocorria por este motivo. As vezes, o mesmo sanfoneiro aparecia em gravações de dois selos fonográficos distintos. No entanto, tendo contrato de exclusividade com um determinado selo, não poderia aparecer em um disco de outra companhia. Foi o caso de Gerson Filho, que acompanhou a esposa, a cantora Clemilda, no disco "Forró sem briga", editado pela Discobrás, em 1965. Na ocasião, Gerson Filho mantinha contrato de exclusividade com a gravadora RCA-Victor, o que lhe impediria de ter seu nome publicado no disco da esposa. Deste modo, a solução foi criar um nome fictício: Betinho, nome de um sanfoneiro que provavelmente não existiu...
O problema é que muitos destes nomes ganharam vida própria, tornando-se "lendas" vivas da sanfona. É o caso de "Baianinho da Sanfona". Quando comecei a me interessar pela sanfona de 8 baixos da região Nordeste, perguntava a vários sanfoneiros se acaso conheciam o Baianinho da Sanfona. Ninguém sabia responder se ele havia mesmo existido.
Hoje, com a colaboração do colecionador Everaldo Santana, publicamos o disco "Forró sem briga vol.2" de 1978, editado pela gravadora Copacabana, e atribuído a Baianinho da Sanfona. Segundo Everaldo, "quem toca é o Gerson Filho, pois é quse impossível alguém imitá-lo tão bem". De fato, é perceptível o estilo do sanfoneiro alagoano neste belíssimo álbum, onde quase todos os gêneros do forró são contemplados. Forró, quadrilha, baião, xaxado, xote e mazurca. Até o samba matuto não ficou de fora. Temas inspirados, embora pouco conhecidos, e a sanfona é acompanhada por um regional de primeira, do qual destaca-se  o excelente violão de sete cordas, que, além das baixarias, divide-se com a sanfona no solo de alguns temas. Aparentemente, a afinação utilizada pelo sanfoneiro é a natural em dó e fá, que era utilizada por Gerson Filho nesta época, o que aponta para a hipótese de que Baianinho da Sanfona seja o nome do sanfoneiro alagoano. Porém, resta a dúvida...o que vocês acham?


http://www.4shared.com/file/0hGUWC7b/1978_-_Baianinho_da_Sanfona_-_.html