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29 de jan. de 2016

Texto – Com respeito aos oito baixos

Leo Rugero e Ze Calixto p
*Texto enviado pelo Léo Rugero
A sanfona de oito baixos é um dos instrumentos matriciais do forró, sendo o instrumento que marca a infância de Luiz Gonzaga e a fundamentação do estilo da sanfona nordestina.
De acordo com o musicologo paraibano Batista Siqueira, a sanfona de oito baixos teria substituído a viola de arame, se tornando o principal instrumento solista nos bailes rurais da região Nordeste na virada do Séc.XX.
Nesta região, este pequeno acordeon de origem vienense, composto por vinte e um botões para a mão direita e oito botões para a mão esquerda, seria mais conhecido como “harmônica de oito baixos”, “fole de oito baixos”, “pé de bode”, “concertina” ou, simplesmente, “ fole”.
 Luiz Gonzaga, descrevendo os talentos de seu pai, Januário, descreve que ele “tinha duas habilidades, pegava no bacamarte e tocava sanfona, para divertir a cabroeira nos dias de sábado e domingo”. Conseqüentemente, também foi o primeiro instrumento do rei do baião. Em 1920, quando contava com apenas oito anos de idade, Gonzaga adquiriu sua primeira sanfona, um fole de oito baixos da marca alemã Koch. Portanto, embora este instrumento tenha se difundido por toda a região Nordeste, foi mais precisamente na Fazenda Caiçara, no sopé da Serra do Araripe, em Pernambuco, que o fole de oito baixos entraria definitivamente para a história da música nordestina.
O velho Januário, não era apenas um afamado sanfoneiro, também sendo reconhecido como um requisitado afinador de sanfonas. Então, durante sua infância e adolescência, o menino Gonzaga cresceu entre os pequenos foles de oito baixos e seus intrincados sistemas de botões. Luiz Gonzaga descreve em suas memórias que se “aproveitava das velhas harmônicas” que seu pai consertava, e, aos poucos, já era capaz de tocar “qualquer marca, qualquer tipo, fosse simples, si bemol ou semitonada”.
Naquela época, no Nordeste, ainda não haviam se difundido os modernos acordeões com teclados de piano para a mão direita e 120 baixos para a mão esquerda, que se tornariam o instrumento principal do forró pé de serra, sobretudo a partir da consagração fonográfica e radiofônica de Luiz Gonzaga, anos mais tarde, no final da década de 1940.
“Si bemol” ou “transportada” é a designação popular para a afinação específica que se consagraria como a maneira nordestina de afinar as sanfonas de oito baixos. Até hoje, a origem deste sistema é algo que se perde na noite dos tempos. Examinando sanfonas remanescentes da época de Januário, foi possível constatar que esta afinação já estava presente na região Nordeste ainda nas primeiras décadas do séc.XX, como atesta a história oral relatada por Luiz Gonzaga.
O repertório tradicional da sanfona de oito baixos da região Nordeste se constituiria basicamente de música predominantemente instrumental relacionada às danças praticadas nos bailes rurais nos albores do séc.XX. Parte considerável destas danças eram de origem européia, tal como a scottish – que se transformaria em xote, e a quadrilha – que se tornaria o arrasta-pé. Porém, também surgiriam danças de possível origem autóctone, como o xaxado e o baião – este último, presenciado por Euclides da Cunha em seu relato sobre a Guerra de Canudos, no final do séc.XIX. O poeta e jornalista Bráulio Tavares reforça esta perspectiva, ressaltando que os “forrós sertanejos eram animados quase sempre por música instrumental.(…) Além dos temas instrumentais, também surgia um grande número de canções folclóricas, que estavam na memória de todos, e eram cantadas em conjunto”.
Para muitos, o repertório de sanfona de oito baixos corresponde ao que há de mais antigo e tradicional no baile nordestino. Provavelmente, esta crença reforça a impressão de que a sanfona de oito baixos esteja constantemente associada ao passado rural e arcaico, ainda que se considere que tenha substituído instrumentos predecessores como a viola, o pife e a rabeca.
Em 2012, por intermédio do Prêmio Centenário de Luiz Gonzaga da FUNARTE, pude realizar um sonho, que foi a filmagem de um documentário de media metragem sobre a sanfona de oito baixos na região Nordeste. A idéia deste filme era refazer o percurso de minha pesquisa de campo que havia permeado a dissertação de mestrado intitulada “Com Respeito aos Oito Baixos”, realizada na Escola de Música da UFRJ, entre 2009 e 2011.
Através do incentivo da FUNARTE, pude, ao lado de dois cinegrafistas – Débora Setenta e Marcílio Costa, um assistente de câmera – André Fontes e um motorista – Silvério Candido, retornar à Paraíba, Ceará e Pernambuco, em alguns dos principais cenários por onde a sanfona de oito baixos continua a ser tocada e reinventada, através das mãos de hábeis tocadores. No filme, se destacam as participações de Joquinha Gonzaga, representando a dinastia da família Gonzaga; de Nego do Mestre, sábio conhecer do passado musical da região Nordeste; de Zé Calixto, Luizinho Calixto, Geraldo Correia e Arulindo dos Oito Baixos, importantes sanfoneiros reconhecidos por suas atividades profissionais como grandes solistas deste difícil instrumento; de jovens tocadores como Antonio da Mutuca e Ivison Santos, prova viva de que o “roncado” dos oito baixos ainda ressoam forte no solo nordestino.
Para mim, o maior trunfo deste projeto foi ter sido realizado o lançamento oficial deste documentário na Praça da Matriz, em Exu, cidade natal de Luiz Gonzaga, no dia 12 de junho de 2013, graças a Lello Santana, Marlla Teixeira e Helenilda Moreira, então secretária de Cultura do município de Exu. Foi como retornar ao solo sagrado, “de onde veio o baião” e levar a história ao caminho de volta para o cenário de onde surgiu aquele ser iluminado chamado Luiz Gonzaga do Nascimento, que, caso não tivesse existido, provavelmente, não estaríamos dançando, cantando, tocando, escrevendo e falando sobre forró, tal como fazemos hoje em dia no Brasil.
Assim, “Com Respeito aos Oito Baixos” é uma viagem ao âmago, ao cerne que sustenta e fundamenta os primórdios da sanfona na região Nordeste.

27 de jan. de 2016

BAU DOS 8 BAIXOS

Bau dos oito baixos era o nome artístico de Sebastião Moraes(1939 - 2002), representativo sanfoneiro caruaruense.
Seu maior êxito fonográfico foi a música virtuosística "Botão Variado", brilhantemente gravada por Abdias em 1975.
Era conhecido por sua performance espalhafatosa, que incluía números circenses, onde realizava toda sorte de evoluções coreográficas com o fole de oito baixos. Este raríssimo vídeo registra este aspecto de suas performances.


Forró no Asfalto 1986 Gerson Filho e Lourinho do Acordeon.

Clemilda e Gerson Filho regressariam ao Nordeste no final da década de 1970, fixando-se em Aracajú, Sergipe. Desde então, comandariam um programa televisivo chamado "Forró no Asfalto". Nesta edição, de 1986, temos Gerson Filho, indubitavelmente, o maior divulgador da sanfona de oito baixos em afinação natural. Uma lenda do forró que se encontra esquecida.


23 de jan. de 2016

Hermeto Pascoal - Agreste (1978)

Nos compassos iniciais desta sublime suíte orquestral de Hermeto, podemos ouvir seu pai, o Pai Pascoal, tocando seu fole de oito baixos. Poucos segundos que valem a raridade do registro.


22 de jan. de 2016

A HARMÔNICA

O músico e pesquisador Antônio Anselmo tem resgatado uma das vertentes menos difundidas do acordeon diatônico no Brasil, o estilo que se difundiu no estado do Acre. Vale a pena observar este registro!

Os 8 Baixos do Leo Rugero




Em 2013, tive a oportunidade de participar do festival Rootstock, em São Paulo. Na ocasião, realizei o lançamento de meu documentário "Com Respeito aos Oito Baixos",. Além da exibição do filme, houve uma pequena apresentação, que contou com as inesperadas participações especiais de Lene dos Oito Baixos, entre outros músicos do mundo do forró. Na ocasião, Everaldo estava lá, não apenas documentou o evento como postou no youtube, através de seu canal "fole de 8 baixos", um dos maiores canais de vídeos da rede.



Publicado em 25 de nov de 2013

Leo Rugero é Cineasta e Músico; há mais de 5 anos que ele está envolvido com projetos em prol da Sanfona de 8 Baixos. Primeiro escreveu um livro e agora fez um filme "Com Respeito aos 8 Baixos" onde narra toda a trajetória da Sanfona de 8 Baixos, passando por Januário pai do Luiz Gonzaga, João de Deus pai do Zé Calixto, e todos os Sanfoneiro da Família Calixto. O filme tem as participações de membros da Família Gonzaga, família Calixto, Abdias, Geraldo Correia, Antonio da Mutuca e vários outros Sanfoneiros. O filme foi rodado nos Estados de Pernambuco, Paraíba e Rio de Janeiro. O Leo já apresentou o Filme no Nordeste, Rio de Janeiro e veio a São Paulo para apresentar o Filme durante o Festival Rootstok.
Estive com o Leo Rugero no festival Rootstok e senti que temos algo em comum: gostamos demais da Sanfoninha de 8 Baixos. Ele começou tocando 8 Baixos com afinação Natural no estilo "Gaita Ponto" usado no Sul do Brasil. Como ele narra no seu Filme, depois que conheceu Zé Calixto sua vida mudou e passou a gostar mais ainda do Fole de 8 Baixos. Comprou outra Sanfona e deu para Arlindo dos 8 Baixos fazer o transporte de afinação no estilo nordestino, a mesma afinação usada pela grande maioria dos tocadores de 8 Baixos inclusive o próprio Arlindo, Zé Calixto, Geraldo Correia e muitos outros. Atualmente o Leo toca em duas afinações diferentes da Sanfona de 8 Baixos e ministra aulas deste instrumento; ele esta envolvido em um projeto da Secretaria da Cultura do Rio de Janeiro.
Após sua apresentação no Rootstok o Leo saiu do palco tocando junto com o Lene dos 8 Baixos numa passeata pelo Parque até o Auditório onde seria exibido o seu Filme.

O Filme "Com Respeito aos 8 Baixos" é um presente aos simpatizantes do "Pé de Bode"; o Leo me presenteou com um exemplar do filme, e ao vê-lo novamente em casa me emocionei novamente; é um belíssimo trabalho. Parabéns ao Leo e toda sua equipe de produção.